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Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 18.12.2021

Tempo de Leitura: 4 min

Família Portofino,

A percepção de grande parte do mercado de que o governo, leia-se Executivo Federal e Congresso, não mais demonstrará total comprometimento com a redução dos gastos públicos, precificou a piora da qualidade de crédito da nossa dívida. Aumentou o prêmio de risco exigido pelos investidores, e segue o jogo. Promulgada a PEC dos Precatórios e finalmente virada essa página, nossos mercados voltaram a se correlacionar com mercados internacionais que hoje digerem dois principais temas: a política monetária dos países desenvolvidos e a variante Ômicron. A despeito da constatação da maior transmissibilidade e das dúvidas que ainda persistem quanto à hospitalização e óbitos potenciais provocados pela nova cepa, os principais bancos centrais passaram a reconhecer a maior persistência da inflação. A adjetivação de transitoriedade não mais aparece nos seus discursos.

A inflação corrente, em níveis muito superiores às suas médias históricas, é um problema que a maioria das principais economias do mundo está tendo que lidar. Por exemplo, a inflação ao consumidor de 12 meses nos Estados Unidos encontra-se hoje em incríveis 6%. Com o número divulgado em novembro, a inflação americana ao produtor dos últimos 12 meses, comparável a uma das componentes do nosso IGP-M, foi a mais alta em quase 40 anos. Os bancos centrais inglês, americano, japonês e europeu já explicitaram suas estratégias de retirada de estímulos e aumento de juros. O Brasil já vive este processo desde março deste ano com o início do ciclo de aumento da SELIC.

Para os mercados, a condução cuidadosa desse processo de normalização da política monetária, principalmente nos Estados Unidos, é fundamental para a continuidade de um ambiente mais positivo para todos os ativos de risco. A taxa básica de juros americanas baliza a precificação de todos outros ativos financeiros no mundo. A determinação, tanto do nível quanto da velocidade, em que os aumentos serão implementados, definirão o comportamento dos mercados nos próximos meses. Apesar de continuarmos positivos com o cenário externo, essa é hoje a nossa maior preocupação.

Aqui dentro, as eleições começam a aquecer seus motores. Definidos os principais pré-candidatos, já começamos a ver as primeiras movimentações. De forma ainda tímida, observamos as primeiras conversas no sentido de se fazer alianças e balões de ensaio para se testar a aceitação de possíveis candidatos à vice-presidência. Para colocarmos em perspectiva o quão longo será esse caminho, pelo calendário eleitoral, os partidos têm até o início de agosto de 2022 para deliberar sobre as coligações e escolha dos candidatos a presidente e vice-presidente, senadores, governador e vice, deputado federal, estadual e distrital.

Novas pesquisas foram divulgadas mostrando um crescente favoritismo ao ex-presidente Lula, mas essas, pouco afetaram os mercados. Por que? O mercado tende a simplificar suas análises. A recente alteração das regras fiscais fez com que a dobradinha Bolsonaro-Guedes perdesse a alcunha de garantidores da responsabilidade fiscal. A predileção da Faria Lima se dará por aquele que maximizar a perspectiva de crescimento sustentado por reformas estruturantes e responsabilidade com os gastos públicos, simples assim. Isso se dará paulatinamente através dos discursos, mas principalmente com o anúncio das respectivas equipes econômicas.

O governador de São Paulo, João Dória, já oficializou a presença do ex-ministro Henrique Meirelles, que o acompanha em todos os eventos e encontros com o mercado financeiro. A ironia que reforça nossa descrença quanto à antecipada predileção por qualquer candidato está na constatação de que o mesmo Henrique Meirelles ocupou o cargo de presidente do Banco Central de 2003 a 2011 durante o governo Lula. Reforçando que a independência do BC só foi aprovada agora em 2021.

Os mercados locais mostraram forte recuperação nas últimas semanas e nossas carteiras se aproveitaram deste movimento. As incertezas são muitas, mas mantemos nosso viés mais otimista.

Aproveitem o seu fim de semana!

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 11.12.2021

Tempo de Leitura: 4 mins
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Família Portofino,

Nesta semana, circulou em vários grupos de WhatsApp do mercado financeiro, uma tabela de projeções da SELIC para o fim de 2021, publicada em janeiro deste ano pelo jornal Valor Econômico. Na matéria, noventa instituições foram consultadas e várias projetaram a manutenção dos juros em 2%, duas casas mais pessimistas apostaram em 5% e a mediana dos palpites ficou em 3,25%. Na última quarta-feira, o Banco Central elevou a taxa de juros básica para 9,25%. Todos erraram e de longe.

É verdade que esse ano tem sido particularmente complicado, dado que fomos forçados a lidar com inéditas consequências do processo de retomada pós pico da pandemia. Mas, é necessário também reconhecer que o mercado tem enfrentado tremenda dificuldade em projetar acertadamente dados macroeconômicos e os preços futuros dos ativos financeiros. Estamos cuidando para não nos apegarmos em projeções eventualmente falaciosas.

Hoje, a mais corriqueira delas, é a afirmação de que o próximo ano será difícil para ativos de risco em função das eleições presidenciais. Não é raro escutar a afirmação que teremos um ano de grande volatilidade, por exemplo, na bolsa. A intuição de que anos eleitorais são obrigatoriamente mais voláteis não para de pé após uma simples análise do comportamento do Ibovespa, nas nossas seis últimas eleições presidenciais.

Em 2018, a oscilação do Ibovespa se manteve no nível do ano anterior. Em 2014, tivemos um aumento um pouco mais significativo, mas em compensação, em 2010 observamos uma redução considerável quando comparada aos níveis de 2009. Por último, em 1998 e 2002, também não se verificou mudança importante da intensidade da volatilidade. Dado isso, pode-se assegurar que também não existe um padrão necessariamente negativo para a rentabilidade nos anos eleitorais. No período analisado observamos três anos positivos e três negativos. Na maioria das vezes, o mercado antecipa e já precifica as incertezas e acreditamos que muito do risco eleitoral já foi incorporado aos preços dos ativos.

Essa tendência de se associar aumento de risco às eleições presidenciais não é um privilégio tupiniquim. Analistas de instituições tradicionais previram um ano complicado para o S&P500 caso os Democratas vencessem as eleições americanas do ano passado. Os Democratas não só retomaram a cadeira presidencial, como mantiveram a liderança na Câmara e, depois de seis anos de comando Republicano, assumiram também o Senado. As bolsas americanas caminham para fechar mais um ano com resultados excepcionais.

Não queremos aqui pregar a favor de alocações maiores em renda variável. Os juros caminham para dois dígitos até março do ano que vem. Além disso, já observamos uma migração de fundos de renda variável para ativos de renda fixa o que, a depender do perfil, pode sim, fazer sentido do ponto de vista do retorno ajustado ao risco. Contudo, alertamos para evitarmos as análises rasas que sugerem relações de causalidade não necessariamente apropriadas.

O próximo ano exigirá ainda mais dos gestores de patrimônio, pois o ano eleitoral agregará um nível a mais de complexidade a um cenário já bastante complicado. O aparecimento de novas cepas do coronavírus, mantendo os gargalos nas cadeias de produção e ameaçando a reabertura das economias, aliados à retirada atabalhoada dos estímulos nas economias desenvolvidas com o aumento da inflação mundial e potencialmente dos juros, as alterações climáticas no mundo e a restrição hídrica no Brasil, bem como a desaceleração da economia chinesa, derrubando preço de commodities, os ataques cibernéticos e a competição pela hegemonia mundial entre a China e os Estados Unidos, são alguns dos riscos que já estamos monitorando.

A eleição presidencial será mais um fato a ser minuciosamente acompanhado, porém, neste caso não descartamos uma externalidade positiva apesar de pouco provável agora.
E que venham as projeções para 2022, muitas delas provavelmente equivocadas.

Aproveitem o fim de semana!

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 04.12.2021

Família Portofino,

Precisávamos de boas notícias e elas vieram. Finalmente a PEC dos Precatórios foi aprovada em duas votações na Câmara de Deputados e no Senado. Nunca o ditado “melhor um fim horroroso do que um horror sem fim” se mostrou tão apropriado. Os mercados comemoram. É verdade que ainda faltam algumas arestas a serem aparadas dado que houve alterações no texto e isso implicará em nova votação na Câmara.

Sempre existirão riscos, mas nos parece que essa página foi finalmente virada e daqui para frente poderemos nos concentrar mais nos fundamentos e menos nos sentimentos.

E por falar em fundamentos, nossa percepção de que o aperto monetário em curso impactaria a atividade em 2022 acabou por se mostrar otimista demais. O PIB do 3º trimestre veio ligeiramente negativo e o do 2º trimestre também foi revisado para baixo. Após dois trimestres negativos consecutivos, estamos em recessão técnica. E para reforçar esse cenário de desaceleração, a produção industrial de outubro, divulgada hoje, veio em -0,6% contra as expectativas do mercado de crescimento de 0,8%.

Essa combinação de uma solução ao imbróglio fiscal com dados bem piores na economia pesou sobre a nossa curva de juros. O banco central se encontrava sob enorme pressão para aumentar o ritmo de aumento da SELIC para passos de 2%. Economistas de renome ecoavam aos quatro ventos o risco de desancoragem da nossa inflação. Renderam-se aos fatos. A estratégia do Banco Central de esperar para agir, pelo menos por enquanto, se mostra acertada. Foi sepultada a possibilidade de aumento de 2% na reunião do COPOM da próxima semana e será certamente mantida a estratégia de aumento em passos de 1,5%. A curva de juros desabou reforçando o acerto na nossa recomendação de posicionamento prefixado em ativos isentos de imposto de renda.

Lá fora, a mudança do discurso do FED para uma postura mais preocupada com uma inflação potencialmente mais estrutural nos Estados Unidos preocupou os mercados. Isso foi particularmente incômodo por acontecer no ápice da incerteza quanto à ameaça da nova variante ao processo de reabertura da economia. Por outro lado, os dados de emprego divulgados hoje se mostraram mais fracos do que o esperado, o que poderá abalar a certeza do FED a respeito da necessidade de se acelerar a retirada de estímulos.

E por falar em pandemia, é verdade que a base de dados de infectados pela variante Ômicron é ainda estatisticamente pouco significativa, mas os dados observados até agora se mostram menos preocupantes.  Tudo leva a crer que a nova cepa tem uma maior transmissibilidade. Entretanto, os casos têm se mostrado mais brandos que, no final das contas, pode ser uma boa notícia. Na próxima semana teremos certamente dados mais robustos, mas esta combinação de uma transmissão maior de uma variante que provoque casos mais amenos da doença sem impacto importante em hospitalizações e com a alguma eficácia das vacinas atuais, poderá vir a ser uma boa notícia para os mercados.

Por fim, foi dada a largada oficial das eleições com a definição da candidatura à presidência do governador de SP, João Dória. Em paralelo, novas pesquisas eleitorais mostram uma surpreendente competitividade do ex-ministro Sérgio Moro. Sem qualquer juízo de valor quanto a qualidade do candidato, foi positivo observar um potencial candidato da terceira via com surpreendentes dois dígitos nas pesquisas. Os mercados ainda não tiveram tempo para digerir esta informação, mas certamente deverão incorporar essa ao rol de boas notícias do fim do ano.

É cedo para comemorar, mas não dá para descartar pelo menos uma redução da volatilidade dos mercados nas próximas semanas.

Em pouco tempo, o Congresso Nacional entra em recesso. A ausência de notícias poderá se mostrar como uma boa notícia.

Tenham todos um excelente fim de semana.

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo para clientes Portofino que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

 

Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 27.11.2021

(Tempo de leitura: 4 mins)

Família Portofino,

Até ontem, a pandemia vinha sendo tratada pelos mercados como algo sob relativo controle. Apesar do recente aumento de casos, principalmente na Europa, crescia o percentual da população mundial vacinada e as vacinas mostraram-se eficazes em evitar aumento significativo de casos graves e consequentemente hospitalizações.
Esse cenário fez com que se minimizassem as hipóteses de interrupção do processo em curso de retomada da economia mundial.

Essa maior tranquilidade foi abalada hoje com o aparecimento de uma nova variante do Coronavírus. A variante Ômicron, como será aparentemente apelidada, foi primeiramente detectada em Botsuana, depois na África do Sul e por último em Hong Kong em um viajante que retornou da África.

Os mercados tiveram forte reação. As bolsas despencaram. As europeias caíram por volta 4%, Estados Unidos e Brasil, -2,3% e -3,4% respectivamente. O petróleo caiu mais de 13% precificando o risco de potencial desaceleração da atividade. A reação mais exacerbada dos mercados pode em parte ser explicada pela menor liquidez gerada pelo feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, mas não se pode negar o processo de redução de risco que essa incerteza disparou.

De maneira quase esquizofrênica, após semanas de discussão sobre a necessidade de se acelerar a retirada de estímulos dada a percepção de uma inflação mundial aparentemente mais estrutural, os preços dos ativos passaram a considerar a possibilidade de um cenário alternativo de redução forçada de mobilidade interrompendo o processo de retomada em andamento.

Por que a descoberta da nova variante Ômicron provocou reação tão intensa nos mercados? O sequenciamento genético dessa nova variante detectou um número sensivelmente maior de mutações quando comparada às anteriores. Muito pouco se sabe sobre a transmissibilidade e letalidade da Ômicron, mas suas características pós mutações podem implicar em uma maior capacidade de contaminação e eventual resistência às vacinas disponíveis.

A boa notícia é que os atuais testes do tipo PCR se mostraram eficazes na detecção da nova cepa. Isso faz com que políticas de contenção da transmissão possam ser mais facilmente implementadas. Todavia, muitas perguntas permanecem sem respostas, o que fará com que os mercados permaneçam apreensivos por algumas semanas. Determinar sua letalidade e consequente aumento de hospitalizações será crucial. Não mais que 10 casos foram oficialmente detectados. Determinar o quão contido ou espalhado está esse novo surto também será necessário.

Já em resposta a essa nova crise, vários países impuseram restrições de viagens à África do Sul. E por fim, o mais importante será determinar a resposta das atuais vacinas a uma variante com tantas mutações, não só no tocante à imunização, mas também quanto às suas capacidades prevenir casos mais graves da COVID-19. Segundo a Pfizer, uma vacina específica demoraria pelo menos 100 dias para ser criada.

Há duas semanas estamos dando ênfase à discussão mais doméstica relacionada à aprovação da PEC dos Precatórios. Esse assunto teve alguma evolução durante a semana e com os percalços naturais desses processos de negociação, deve caminhar para aprovação nas próximas semanas. Esse é ainda o cenário com que trabalhamos. 

A volatilidade deve permanecer alta, porém, pelo menos por enquanto, não avaliamos ser prudente fazer qualquer alteração significativa nos nossos portfólios.

Fiquem todos bem e aproveitem o fim de semana com suas famílias!

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

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Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 20.11.2021

(Tempo de leitura: 3 mins)

Família Portofino,

Vocês estão gostando das cartas semanais? Por favor, nos enviem opiniões nos comentários ao final da página.

Temos sido repetitivos no alerta para a importância da aprovação da PEC dos Precatórios. Temos reforçado que uma solução, mesmo que ruim, que equacione o aumento dos gastos com o novo benefício social e parcelamento do pagamento dos precatórios em 2022, será infinitamente melhor que a completa indefinição. Para que o mercado passe a operar mais pautado aos fundamentos de fato, é absolutamente necessário virarmos essa página.

Já era sabido que a tramitação no Senado imporia uma negociação mais complexa. A semana terminou com algum avanço nas discussões e parece surgir um caminho de consenso entre as duas casas. Entretanto, esse avanço marginal não foi suficiente para reverter por completo a piora dos ativos domésticos. Pesam sobre os preços, principalmente da bolsa, a constatação da já presente desaceleração atividade. Observa-se a redução da produção industrial e, mais recentemente, temos evidências de redução da demanda por bens, o que corrobora com a queda de vendas no varejo constatada em agosto e setembro.

E por falar em varejo, a divulgação dos resultados das empresas do Bovespa continuou nessa semana e esse setor em particular parece já estar sendo impactado pelas condições financeiras mais apertadas da economia. Inflação mais alta e projeção de Selic ainda mais elevadas parecem pressionar o consumo. Isso reforça ainda mais a importância da responsabilidade fiscal. O banco central precisa da ajuda do governo na busca de uma solução rápida e minimamente aceitável para a crise de confiança gerada pela decisão de se desrespeitar o teto de gastos. Pisar no acelerador dos gastos implica em forçar a autoridade monetária a pisar ainda mais forte no freio, subindo os juros mais do que seria necessário, caso os gastos futuros permaneçam contidos.

Além de continuarmos a acompanhar de perto as discussões para a aprovação da PEC, na próxima semana teremos a divulgação de dados econômicos domésticos relevantes. Teremos ainda mais subsídios para avaliar o impacto na economia dessa crise recente. Devemos continuar a observar piora nas projeções de crescimento e inflação para 2022 na divulgação do Relatório Focus do Banco Central. Confiança do consumidor, contas externas e principalmente o IPCA-15 fecham a lista.

Não alteramos nossa estratégia. Permanecemos mais defensivos em nossa posição de renda variável e mais construtivos com posições prefixadas implementadas através de ativos isentos de imposto de renda. A volatilidade deverá se manter elevada, mas estamos certos que a promulgação da PEC dos Precatórios será suficiente para reduzir pelo menos parte do prêmio de risco exigido pelo mercado nos ativos brasileiros. E que viremos essa página logo.

Aproveitem o seu fim de semana!

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

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Causa e Efeito | 18.12.2021

Causa e Efeito | 13.11.2021

Tempo de Leitura (5 mins)

Família Portofino,

Terminamos a carta da semana passada nos colocando cautelosamente mais otimistas com o mercado local. Nossa expectativa se confirmou! Diferentemente do que observamos nos últimos meses, os ativos brasileiros se destacaram nesta semana. Depois de flertar com os 103 mil pontos, o Ibovespa termina a semana mais próximo dos 106 mil, com melhor desempenho comparado a outras bolsas pelo mundo. O real foi uma das moedas que mais se valorizou na semana contra o dólar, quando comparado às moedas dos países desenvolvidos e às dos nossos pares emergentes. As taxas dos títulos prefixados cederam por volta de 1% dos máximos observados no início do mês.

Não que tenhamos tido melhoras importantes do lado macroeconômico, pelo contrário. A inflação de outubro voltou a surpreender o mercado. Esperava-se 1,06%, veio 1,25%! Para termos a correta dimensão do tamanho do problema que nosso banco central está tendo que lidar, a inflação observada foi a mais alta para o mês de outubro desde 2002.

Do lado da atividade, as notícias também não têm sido positivas. O resultado do setor de serviços e vendas no varejo também decepcionaram e vieram bem piores do que os analistas projetaram. Tudo leva a crer que as condições financeiras mais apertadas já começam a afetar negativamente o crescimento do PIB.

O que explica então a melhora dos nossos ativos? A combinação de um cenário externo, onde a despeito de pressões inflacionárias, os bancos centrais ainda mantêm a estratégia de maior parcimônia na retirada dos estímulos monetários, com um ambiente político doméstico menos incerto quanto à condução da nossa política fiscal.

Tivemos essa semana a aprovação em segundo turno da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados. A partir de agora, o projeto passa a ser discutido no Senado Federal. O prognóstico é de aprovação, mas ainda não se tem a certeza se potenciais alterações no texto da emenda constitucional forçariam a recondução do projeto à Câmara. A conferir e acompanhar.

Os investidores institucionais ajustaram suas posições ao longo destas últimas semanas. Fundos multimercados e mesmo pessoas físicas se viram obrigados a reduzir os riscos de suas carteiras em ativos locais, juros e bolsa, principalmente. Mesmo aqueles que se posicionaram para ganhar com a piora também aliviaram suas posições. Hoje, podemos afirmar sem receio de errar que o risco da indústria de multimercados em ativos brasileiros é o menor dos últimos anos.

A participação do Brasil nos portfólios dos investidores internacionais também é a menor em décadas. Investidores não-residentes detêm por volta de 10% apenas da nossa dívida interna e essa participação vem diminuindo constantemente ao longo do tempo. Esses ajustes de posição tanto dos investidores locais quanto dos estrangeiros reduzem a pressão por mais vendas forçadas. No linguajar do mercado, o equilíbrio técnico do mercado melhorou significativamente.

Estamos longe de ficarmos otimistas o suficiente para, neste momento, recomendarmos um aumento generalizado do risco das nossas carteiras. Isso não significa que já não tenhamos começado a aproveitar dos excessos. Nossa recomendação de alocação em ativos prefixados, isentos de imposto de renda emitidos por bancos de primeira linha, se mostrou acertada.

A próxima semana vai ser menos intensa do ponto de vista da divulgação de dados econômicos domésticos. Nosso foco continuará no acompanhamento da aprovação da PEC. Temos sido vocais em afirmar que um acordo em bases ruins é melhor que a persistência da indefinição. Virada essa página, os mercados terão condições de precificar mais corretamente o risco de solvência da nossa dívida e alguns poderão retornar às compras. Nesse nível de juros e câmbio, institucionais estrangeiros pelo menos voltaram a cotar as tesourarias e corretoras para compra de títulos do Tesouro.   Ainda nos mantemos cautelosamente otimistas e continuamos atentos às oportunidades que o exagero porventura provoque.

Aproveitem o feriado com suas famílias.

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

 

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Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo para clientes Portofino que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.