fbpx

(Tempo de Leitura: 4 mins)

 

Família Portofino,

 

Permanece a dinâmica de cenários doméstico e externo quase que antagônicos. Do lado doméstico, tivemos nessa semana, a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados da PEC dos Precatórios por placar apertado de 312 votos a favor. Lembrando que para a aprovação de proposta de emenda constitucional são necessários no mínimo 308 votos favoráveis ao pleito.

A solução de todo esse imbróglio via a PEC dos Precatórios está longe de ser uma solução que não impacte a credibilidade da nossa política fiscal e tranquilize por completo os mercados. Permanecerá a percepção do início de um novo regime, digamos, menos responsável. E, por outro lado, até mesmo uma solução ruim, será entendida como melhor que nenhuma solução. Para estancar a crise de confiança instaurada, o mercado demanda alguma visibilidade dos futuros gastos com o novo Bolsa Família e com a solução para o parcelamento dos pagamentos dos precatórios.

O reflexo de toda essa confusão nos ativos brasileiros é enorme. Pode passar despercebido, por exemplo, o aumento das taxas futuras de juros e seu impacto negativo sobre as condições financeiras, custo do crédito e o aumento do serviço da dívida pública. No mês de outubro, nossa curva de juros, a depender do vencimento, subiu até 2,7% ao ano. Movimento equivalente a esse, foi por último observado no primeiro trimestre de 2001.

As votações continuam na semana que vem. De um lado, com um possível maior quórum facilitando a cooptação de novos votos favoráveis  e do outro, possíveis reversões de votos vindos de deputados principalmente do PDT e PSB.

A aprovação em segundo turno na Câmara e posteriormente em dois turnos no Senado pode ser o gatilho para uma certa descompressão dos preços dos ativos brasileiros, principalmente juros e bolsa.

Parece existir uma certa assimetria nos preços favorecendo a melhora. Entretanto, a imprevisibilidade política desse processo faz com que aguardemos um pouco mais para só então, rebalancearmos os portfólios, mesmo que a preços menos atrativos.

Nossa decisão de diversificarmos o risco em renda variável no S&P500 vem se comprovando acertada. Cerca de 90% das 500 empresas que compõem o índice já tiveram seus resultados do terceiro trimestre divulgados e desses, mais de 81% superaram as expectativas dos analistas.

Decidimos também implementar nossa decisão pelo instrumento mais eficiente do ponto de vista de custos, fundo passivo. É antiga a discussão acadêmica entre vantagens e desvantagens da gestão ativa e passiva de carteiras de empresas americanas. Um estudo da Morningstar, divulgado agora em outubro, demonstrou que entre julho de 2020 e junho de 2021, de um universo de 3.500 fundos de gestão ativa analisados, apenas 49% performaram melhor que suas versões indexadas. Estendendo a análise para 10 anos, o percentual de fundos ativos que superam o índice cai para apenas 25%.

Daí a importância de uma curadoria profissional na seleção principalmente dos fundos locais. No Brasil, a maior concentração de setores e empresas no índice Bovespa e menor eficiência do mercado possibilitam que uma carteira bem selecionada de fundos ativos tenha maior probabilidade de superar fundos indexados. O resultado favorável do nosso FoF de ações tem comprovado essa observação.

Como o banco central americano reiterou essa semana se manter paciente em relação à retirada de estímulos da economia, voltamos nossa atenção para dentro de casa. Torcemos para que o desenrolar da votação da PEC na Câmara e Senado se dê sem sustos ou surpresas. É o que o mercado precisa para, pelo menos, interromper esse processo de realização. Estamos cautelosamente mais otimistas.

Tenham um ótimo fim de semana!

Edu Castro
Chief Investment Office
Portofino Multi Family Office

 

______________________________________________

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Office) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo para clientes Portofino que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.