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Família Portofino,

Nessa última semana, tivemos o que se convencionou chamar “super quarta”. No mesmo momento, os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos deliberaram sobre suas respectivas decisões de política monetária. Por aqui, nosso banco central deu seguimento à sua estratégia de elevação de juros, adicionando mais 1% à taxa SELIC, hoje em 11,75%. Nos Estados Unidos, o FED finalmente iniciou o processo de ajuste dos juros básicos da economia americana promovendo a primeira elevação de 0,25%.

O ritual de divulgação das decisões de política monetária por parte dos bancos centrais habitualmente inclui um comunicado que qualifica a ação tomada. A decisão, é obviamente importante, mas também faz parte da estratégia, atuar sobre as expectativas e antecipar, quando necessário, o plano de voo das futuras ações (forward guidance). Em determinados momentos, essa comunicação pós-reunião se torna mais relevante quando comparada a decisão em si. E dessa vez, foi exatamente o que aconteceu em ambos os casos.

Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos)

A decisão de elevar os juros americanos em 0,25% era francamente esperada por parte do mercado. A surpresa veio no aviso de que o FED, mantido o atual ambiente inflacionário, pretende elevar os juros nas próximas 6 reuniões deste ano e em pelo menos 3 em 2023. Mantendo o passo de 0,25%, estima-se que a taxa de juros no final do ciclo esteja em pelo menos 2,80%.

Nesse ambiente de preços de commodities sob pressão e, no caso dos Estados Unidos, de um mercado de trabalho extremamente apertado, há incertezas que certamente manterão a volatilidade dos mercados em um nível elevado. Os riscos dos juros americanos ainda permanecem assimétricos para cima. Não há que se descartar a alteração da estratégia para um passo de aumentos maior, 0,50%, e a necessidade de se interromper o ciclo bem acima de 3%. A mensagem teve um tom mais preocupado com a clara intenção de deixar os agentes de mercado preparados para mais juros e não o contrário.

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Do lado de cá, a mensagem do nosso banco central foi percebida como mais otimista. Ratificada a esperada decisão de se elevar a SELIC em adicional 1%, o comunicado introduziu um cenário alternativo de que, mantido o preço do petróleo em torno dos US$ 100 ao longo desse ano, a estimativa da inflação para 2023 ficaria próxima de 3,1%, abaixo, portanto da meta de 3,5%. Isto posto, a elevação da SELIC para 12,75% seria suficiente para se concluir o ciclo de altas.

Trabalhamos com a inflação doméstica permanecendo pressionada, mas não o suficiente para alterar significativamente o plano do Banco Central do Brasil. Independentemente da necessidade de mais um aumento de 1%, é razoável inferir que o ciclo de altas de juros no Brasil se encerre, no máximo, nas próximas duas reuniões. Por aqui a mensagem surpreendeu positivamente os mercados.

Como se não bastasse o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e todas suas consequências econômicas que discorremos em edições anteriores desta carta, temos hoje o principal banco central do mundo ajustando as expectativas do mercado para um ambiente ainda bastante desafiador. Concomitantemente, o Banco Central do Brasil se mostra mais positivo com o trabalho feito até agora, introduzindo um risco de cauda mais positivo para o cenário na totalidade.

E é nessa complexidade que navegamos e ajustamos as posições das nossas carteiras. Há algumas semanas, tomamos a decisão de aumentar nossa exposição na classe de multimercados.  Essa decisão tem se mostrado acertada, dado que, até o dia 17/03, o nosso veículo exclusivo de alocação sobe 4,72% no ano contra um CDI de 1,98%.  Essa decisão se pautou na observação de que alguns gestores se destacam justamente em anos de maiores incertezas políticas ou econômicas. Em outras palavras, tiram proveito justamente do aumento da volatilidade dos mercados.

Adicionalmente, o nosso veículo de alocação em fundos multimercados investe em vários produtos de distribuição restrita, produtos estes que não estão disponíveis nas plataformas de varejo. Como exemplo podemos citar o SPX RAPTOR, CAPSTONE e KAPITALO ZETA. Nessa linha de exclusividade, mais recentemente conseguimos espaço no fundo alavancado da Ace Capital. Pouquíssimos players de mercado têm acesso a este fundo. Aqui combinamos a decisão correta de mercado com a implementação mais eficiente, exclusiva e de menor custo.

Cada detalhe importa.

Um ótimo final de semana para você e sua família.

Eduardo Castro

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Officer) na Portofino Multi Family Office.

 ”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.