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Tempo de leitura: 13 minutos que valem a pena.

Olá Família Portofino,

O CEO Conference Brasil 2022, evento promovido pelo BTG Pactual, chegou ao fim nesta quarta-feira (23). Após um primeiro dia em que contou com figuras importantes do cenário político-econômico do Brasil, o segundo dia de evento não ficou atrás e teve a presença de renomados profissionais do mercado, além de políticos. O atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, foi o convidado do último painel.

Perdeu o primeiro dia de CEO Conference Brasil 2022?  Clique aqui para  saber como foi.

A seguir, confira um overview dos painéis deste último dia de evento.

Cenário Econômico & Político Brasileiro

O dia começou com André Esteves, Sócio Sênior do BTG Pactual, sendo entrevistado pelo jornalista William Waack. O principal tema da conversa se manteve no âmbito da política, passando desde as eleições presidenciais no fim do ano até a divisão de equilíbrio dos poderes. A começar pelas eleições, o sócio do BTG foi enfático ao afirmar que “não devemos votar em quem não entende a evolução institucional do Brasil. Também não devemos votar em quem não entende o que deu certo e errado na economia”. Além disso, ele “prefere olhar o copo meio cheio em relação aos dois candidatos líderes”.

Esteves disse que há pontos positivos tanto para Jair Bolsonaro quanto Lula. Do lado de Bolsonaro, ele ponderou que há muitas confusões e declarações inapropriadas, porém é um governo que, na visão dele, vai andando. No caso de Lula, o empresário retornou às eleições de 2002 para explicar seu ponto de vista. “Quando você olha 2002, a perspectiva de mercado, do empresariado, do establishment, da mídia, era de um certo Lula. Quando se sentou na cadeira, tivemos um Lula totalmente palatável, que fez um ótimo primeiro governo”, afirmou Esteves no evento.

Quando perguntado sobre a participação do Centrão e o impacto que essa ala tem nas decisões e na forma que o governo é conduzido, Esteves relembrou que toda vez que o Brasil flertou com os extremos, foi essa ala que manteve o fio terra ligado e nos manteve republicanos. Outro assunto pautado no painel foi a respeito do reequilíbrio entre os Poderes. Sobre este tema, Esteves disse que esse movimento é saudável.

Na parte final do painel, o assunto debatido foi econômico, em especial o ingresso de capital estrangeiro na Bolsa de Valores e a queda do dólar ante o real. André Esteves explicou que há uma transição de ações de crescimento para as ações de valor. Como consequência, o Brasil se beneficia desta rotação. “O Brasil é ‘value’ nesse contexto global. Temos boas companhias, um ciclo de commodities, escala, múltiplos baixos. O Brasil entrou no radar”, disse o sócio sênior.

Ademais, sobre a situação inflacionária e de juros dos EUA, Esteves criticou ao dizer que parece que os agentes econômicos americanos desaprenderam a interpretar a inflação com a ausência dela e depois de 15 anos de taxa de juros zero.

Top Gestoras do Mercado

Ao lado de André Esteves, dois dos mais renomados gestores de recursos do Brasil, Rogério Xavier, da SPX Capital, e Luis Stuhlberger, da Verde Asset, falaram o que pensam sobre a inflação e o processo de elevação da taxa de juros nos Estados Unidos.

Assim como pensa Esteves, Xavier e Stuhlberger também entendem que os juros nos EUA deveriam subir mais. Os gestores pensam que os bancos centrais europeu e americano estão sendo complacentes com o processo inflacionário e, que para conter a alta de preços, será necessário aumentar os juros de curto prazo, como também deixar de atuar na compra de títulos de longo prazo.

Xavier analisou o desemprego baixo nos países desenvolvidos, acrescentando com uma poupança disponível para consumo também elevada. Este cenário favorece a demanda das famílias e a transformação de uma inflação originalmente estimulada por choques de oferta em algo mais duradouro.

Dentre as falas de Stuhlberger, podemos mencionar a análise que o mesmo fez sobre a política monetária expansionista dos últimos anos, caracterizada pelo juro de curto prazo zero e excessivas compras de títulos de longo prazo. O sócio da Verde Asset falou que o movimento terá consequências, expondo que os “banqueiros centrais” que compraram títulos públicos de 30 anos com taxas negativas de 1% a 2% terão seu trabalho questionado. Ainda sobre este tópico, o gestor comentou que a cura longa está “distorcida demais”. Desta forma, elas podem não mostrar o que realmente teremos de aumento de juros pelos bancos centrais.

Antes de entrar na questão política, Stuhlberger também mencionou a preocupação que o mundo tinha sobre a questão de não haver empregos para todos. Entretanto, nos EUA, é possível observar que as taxas de emprego estão voltando aos níveis próximos do pleno emprego. Sobre política, o gestor disse acreditar que os estrangeiros e o mercado não têm opinião negativa sobre Lula, o que é um dos motivos para a Bolsa subir e o dólar cair.

Daniel Goldberg, Managing Partner & CIO da Lumina Capital, também participou do painel.

Alta da Selic e o efeito na seleção de ações

O terceiro painel, que teve a presença de Maurício Bittencourt, Sócio-fundador da Velt, Guilherme Aché, Sócio-fundador e CEO da Squadra, e Florian Bartunek, Sócio-fundador da Constellation, discutiu bastante sobre a alta da taxa Selic e o impacto nas ações.

Neste sentido, Aché opinou que está olhando as empresas que caíram muito. Ele explicou que para ter retornos acima da média no longo prazo é preciso fazer investimentos “indigestos” no primeiro momento. Em suma, este movimento é observar as companhias que caíram muito agora com a alta de juros e explorar as quedas, pois há empresas muito boas nesta situação.

Ademais, os profissionais também comentaram brevemente sobre as tendências do mercado que vêm surgindo nos últimos tempos. Bittencourt analisou que estamos num momento empresarial com enormes espaços para ruptura. Ou seja, ele disse que negócios que, por exemplo, tem uma forma definida que levaram a um patamar de rentabilidade alta, mas as que não estão adaptadas a um mundo digital, podem apresentar queda.

No campo das tendências, Aché destacou que precisamos entender como a blockchain afeta positivamente e negativamente nossos investimentos. Por fim, Florian Bartunek destacou as criptomoedas, não somente elas, mas explicando que atualmente o cliente quer poder comprar as coisas a qualquer momento. Em outras palavras, os investidores não querem esperar a Bolsa abrir, por exemplo.

Presidenciáveis 2022: Ciro Gomes

Depois da passagem de Sérgio Moro e João Dória pelo palco do evento do BTG, foi a vez do outro pré-candidato à Presidência falar ao mercado financeiro. Ciro Gomes abordou durante o painel que participou que irá propor a tributação progressiva de heranças.

O pré-candidato do PDT também falou sobre reformas. Ao ser questionado sobre o tema, o presidenciável disse que trabalhará nas reformas que o Brasil realmente precisa, porém não as mencionou, e também criticou a reforma da previdência e o sistema de repartição. Além disso, o teto de gastos também foi tema das perguntas endereçadas ao candidato. Em resposta, ele apontou que o teto está levando o investimento do governo a zero.

Na parte final de sua participação, após ser perguntado sobre um possível cenário em que não chega ao segundo turno, Gomes enfatizou que “nunca mais fará campanha para bandido, preciso estar no segundo turno”.

Ascensão do 5G

O painel focado em discutir a implementação de 5G recebeu Fábio Faria, Ministro das Comunicações, Aílton Santos, CEO da Nokia Brasil, Marcelo Motta, Head Soluções e Cibersegurança da Huawei América Latina, e Alberto Griselli, CEO da Tim Brasil.

O ministro informou que todos os setores serão impactados pelo 5G e que nenhum ficará de fora. Ele disse que alguns terão mais destaque, como o agronegócio, que terá fazendas inteligentes, as quais permitirão o aumento da produtividade e diminuição do desperdício. O setor da infraestrutura e de saúde também foram destaques das falas do ministro. O primeiro deverá contar com portos e aeroportos autônomos. Já a implementação da tecnologia na saúde permitirá o avanço da telemedicina, como, por exemplo, a cirurgia robótica a distância.

Os participantes também explicaram as diferenças entre as tecnologias, desde a 2G até a 5G. Os principais diferenciais desta nova tecnologia será o mercado de sensores, o qual não pode ser acessado com as tecnologias anteriores. Segundo Griselli, o 5G irá permear o mundo em que vivemos. O 5G permite missões críticas móveis, características que permitem carros autônomos ou robôs.

Os Desafios do Brasil: Ajuste Fiscal, Reformas Estruturais e Crescimento

O penúltimo painel dos dois dias de evento contou com Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro, Eduardo Loyo, sócio do BTG Pactual, e Tiago Berriel, estrategista-chefe do banco, como convidados.

Em sua participação, Almeida destacou que o próximo governo precisa fazer um ajuste de R$ 250 bilhões. Ele ainda alertou que esse ajuste não se faz em um ano, portanto o próximo governo terá de estar ciente que os quatro anos serão de austeridade.

Sobre a projeção de crescimento para 2022, Almeida disse que o cenário-base é de um crescimento zero. O economista, porém, pondera que isso não significa que o Brasil perdeu a capacidade de crescer, “culpando” a taxa de juros como um dos principais motivos.

Presidente do Brasil Jair Bolsonaro

O painel mais esperado do evento em 2022 teve a participação de Jair Bolsonaro. O presidente iniciou com um discurso em que destacou o desempenho do país durante a pandemia, afirmando que somos uns dos que menos sofreu economicamente no período.

A todo momento, Bolsonaro fez questão de indagar quem assistia ao evento sobre como estaria a economia do Brasil caso o “outro lado” (referência aos partidos e políticas da esquerda) estivesse ocupando sua cadeira e perguntou se “vamos flertar novamente ficar ao lado do abismo”. “O que está em jogo é a nossa liberdade e a economia”, disse o presidente. Ainda como exercício de imaginação, Bolsonaro indagou como seria a situação de desemprego no país com o “outro lado” no poder. Ao lado de Paulo Guedes, os dois falaram sobre como o Brasil se portou no quesito de criação de empregos. Durante o primeiro ano de pandemia, de acordo com os dados apresentados, foram criados 1 milhão de empregos formais e 2,7 milhões em 2021. No total, foram criados 11 milhões de empregos formais e informais. Neste campo, Guedes informou que o desemprego no começo da pandemia era de 11,7%, foi para 14,5% e retornou para 11,6%.

Sobre a inflação, Bolsonaro afirmou que o controle passa pela criação de empregos e em mecanismos de produção. Em relação ao preço dos combustíveis, o discurso foi de que não interferirá na política de preço dos combustíveis. Ele também comentou que a queda do dólar compensa o preço do brent.

O ministro e o presidente comentaram sobre os projetos que, apesar de ser ano eleitoral, estão avançando. Dentre eles, Paulo Guedes falou sobre a privatização dos Correios, que está no Senado, e da Eletrobrás.

Por fim, em sua mensagem final, Bolsonaro disse: “o Brasil está rumando para o progresso e prosperidade. Acreditem na sua pátria”.

 

Este conteúdo é produzido pela PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE e fomenta o diálogo sobre a política e o empresariado brasileiro. A nossa opinião é neutra e não é partidária.