Ao que tudo indica, o novo arranjo fiscal que se desenha para o Brasil reduz o espaço para cortes de juros no próximo ano. Hoje, seria necessária uma sinalização forte de austeridade para que esse quadro se revertesse. No curto prazo, entendemos que a decisão mais racional seja reduzir o risco das carteiras.
Ainda é possível corrigir o rumo. O novo governo pode anunciar um novo programa de austeridade fiscal, a própria PEC da Transição prevê o desenho de um novo arcabouço que substitua a regra do teto e um nome com credibilidade ainda pode ser apontado para o Ministério do Planejamento, o que melhoraria os preços de mercado rapidamente. Mas as ações mais recentes não estão apontando nessa direção.
Uma piora adicional dos preços talvez seja necessária para sensibilizar o novo governo e o próprio Congresso. Até lá, o mercado deverá esperar mais para se posicionar a favor de ativos de risco.
Na Portofino, deveremos optar, inicialmente, por um maior conservadorismo, deixando as carteiras mais leves, com um pouco mais de caixa e menor volatilidade…
A imprevisibilidade da estratégia fiscal e o risco de reversão de melhoras institucionais conquistadas em governos anteriores, nos fazem intensificar a postura mais conservadora adotada ao longo do ano.
Maiores alocações em ativos prefixados e de juro real continuarão a ser preteridos em função de uma maior alocação em ativos pós-fixados (CDI+). E, apesar de concordarmos com a atratividade dos atuais níveis de preço da bolsa brasileira, também manteremos posicionamentos mais conservadores nesta classe de ativos.
Importante deixar claro que esta é uma decisão temporária alinhada com a nossa avaliação conjuntural do cenário doméstico.
Estruturalmente e com um olhar de mais longo prazo, continuamos recomendando a disciplina de se manter a diversificação nas diversas classes de ativos em seus respectivos percentuais do patrimônio. Estes percentuais são determinados visando retorno e tolerância ao risco (perfil de investimentos) de cada carteira. Entre as diversas classes, mantêm-se necessárias aquelas que, a partir de hoje, taticamente faremos a redução do posicionamento.

Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office e escritor das cartas estratégicas, “Ação e Reação”, “Causa e Efeito” e “Gestão Dinâmica”, para os clientes Portofino MFO. Clique aqui para ler e ouvir outras cartas e conteúdos.
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