Este ano, mais uma vez, foi um tanto desafiador para os mercados e seus agentes. Nos primeiros meses a preocupação em relação a como os Bancos Centrais de países desenvolvidos agiriam para solucionar as altas da inflação elevadíssima era a pauta, além da absurda Guerra Russia x Ucrânia e todas as sanções econômicas impostas pela Otan e aliados. O que se concretizou foi uma alta bastante expressiva nas taxas de juros em virtude do cenário de forte inflação. Neste sentido, o movimento resultou em quedas tanto em Renda Fixa quanto em Renda Variável, afetando até a “tradicional” carteira do investidor americano, de 60% em Renda Variável e 40% Renda Fixa.
A partir da metade do ano, os preços, principalmente no mercado internacional, se ajustaram ao processo de aumento de juros no mundo e o foco então se voltou para o mercado doméstico, ao passo que nos aproximávamos das eleições presidenciais. Do lado econômico, até vivíamos uma expectativa positiva, principalmente quando olhávamos para o mundo. O processo de ajuste da taxa de juros havia sido feito desde o começo de 2021 e discutíamos o momento de corte dos juros em 2023, na contramão dos países do primeiro mundo que sofriam com questões inflacionárias. Os dados de inflação surpreendiam para baixo e os de crescimento para cima, desenhando uma combinação perfeita.
Entretanto, a corrida eleitoral era um fator importante e que impossibilitava a definição de um cenário mais claro. Com uma disputa muito polarizada e acirrada, era difícil a leitura de um cenário futuro. Até certo ponto, antes da definição nas urnas, o mercado previa a vitória de Bolsonaro, o que acabou não se confirmando. Em momentos assim, a nossa cultura é a de sermos mais cautelosos, priorizando a proteção das carteiras.
Confira abaixo a relação dos Ministros selecionados pelo novo Governo:





“Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”.
Essa é uma frase cunhada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e ela pode ser muito bem encaixada ao longo do ano para o Brasil.
Explicamos.
O resultado das eleições trouxe um compasso de espera, dado que viria um novo governo, e precisaríamos de algum sinal para começar a planejar nossas decisões. Os sinais vieram, mas, infelizmente, no aspecto negativo, e, como consequência, conforme as decisões do governo de transição iam sendo tomadas, foi necessário mais um ajuste no nível de risco. E aqui podemos entender como a frase de Campos Neto passa a ter sentido. Isso, pois, por estar em um estágio mais avançado do ciclo de alta de juros, com sinais de desaceleração da atividade – e, em menor grau, mas também da inflação – se acumulando, era possível vislumbrar um início de ciclo de queda de juros relativamente cedo, já no início de 2023.
Essa hipótese, em um momento em que o mundo desenvolvido ainda estará em modo de aperto monetário, traria uma diferenciação positiva e bastante significativa para a economia brasileira, diminuindo sobremaneira o provável impacto negativo de um mundo em desaceleração. Porém, as desnecessárias e custosas incertezas fiscais tornaram esse cenário pouco provável. Por fim, o ano de 2022 foi um ano muito desafiador, entre escapar de armadilhas, euforias pontuais e pessimismo exagerado. As manobras estratégias para atravessarmos as inúmeras turbulência ao longo do ano foram importantes para não ter danos estruturais nas carteiras.
Ano novo, novas perspectivas?
O ano será novo, mas 2023 ainda deve trazer importantes temas iniciados em 2022. A iniciar pelo cenário de inflação nos Estados Unidos que, apesar dos dados mais recentes apresentarem surpresas timidamente positivas, o cenário-base ainda corrobora com o processo de aperto monetário. Um outro tema é a “recessão econômica”, expressão trending topics nos buscadores quando o assunto é economia. O mercado acompanhará de perto o tamanho e a intensidade dessa recessão, com impactos principalmente para a Renda Variável, mais um motivo para cautela máxima.
No Brasil, a postura orientada para um governo com perfil de maiores gastos e concessões de linhas de crédito deterioraram consideravelmente os fundamentos do país, consolidando a possibilidade de manutenção – ou até elevação – da taxa de juros para o cenário à frente.
Visão Estratégica PMFO

A estratégia de diversificação de portfólio sofreu bastante neste ano, dado que apenas estratégias que acompanham a taxa Selic – os chamados Pós-Fixado – principalmente por Crédito Privado, onde existe um spread adicional à Selic ou investimentos em teses Alternativas, dentre elas Multimercado e Distressed, tiveram sucesso frente ao CDI.
Diante de um ano como esse, se mostrou essencial a capacidade de acesso a uma gama completa de ativos para conseguirmos extrair o máximo de retorno num cenário tão incerto. As nossas decisões dentro das classes de ativos, diante dos cenários que se desenharam neste ano conturbado, também foram importantes, exemplo feito a Renda Variável, na qual a diminuição relevante de bolsa americana se mostrou acertada, visto que o índice das maiores empresas dos Estados Unidos apresenta queda de quase 20%. Trazendo o olhar para o campo doméstico, a PEC da Transição representa fator determinante na preocupação com a saúde fiscal no longo prazo. Dito isso, entraremos em 2023 mais pessimistas e iniciaremos o ano com nível de risco mais baixo que o habitual.
No mercado internacional, iremos privilegiar a estratégia de Renda Fixa, principalmente dívida de empresas de melhor qualidade de crédito, com uma menor exposição em Renda Variável Global.
Já no mercado local, preferimos ativos indexados ao CDI que contenham também spread de crédito via alguns instrumentos: I) ativos Isentos bancários, II) Debêntures, III) Fundos de Crédito Estruturado. Ainda em Renda Fixa, estratégias com componente prefixado serão em proporções menores e com prazos mais curtos, enquanto na Renda Variável, navegaremos com exposição mais baixa. Para finalizar, teses alternativas com componente de Equity (empresas privadas) ou a classe Imobiliária trataremos apenas de forma oportunística. Lembrando que passaremos ainda por um momento de maior volatilidade, sugerindo muito estudo para caso haja uma mudança desse cenário.
Por fim, continuaremos com nossa metodologia de gestão ativa e profissional na estratégia de investimentos, em busca de proteger e ampliar o patrimônio dos nossos clientes de forma sustentável e multigeracional.
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Desejamos a todos boas festas e um feliz ano novo, de muitas conquistas e prosperidade. Obrigado pela confiança em nosso trabalho!
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