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Família Portofino,

O mercado passou esta terça-feira (06) repercutindo as falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no evento “Prêmio Valor 1000”, promovido pelo Jornal Valor Econômico, em São Paulo. Campos Neto falou muito sobre inflação e como ele enxerga o ciclo de aperto monetário no Brasil e no mundo.

Dentre suas falas de maior destaque, o presidente afirmou que o Brasil passará por três meses de deflação, contudo deixou claro que ainda há muito jogo pela frente e que o Banco Central não pensa em queda de juros no momento. O objetivo dos membros do BC segue em trazer a inflação para a meta.

Mesmo com a melhora recente do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), para ele, não há motivos para comemorar e atribuiu as melhores expectativas no curto prazo às medidas de desoneração tributária do governo. “A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande e a mensagem é que a gente precisa combater este processo”, disse Campos Neto.

Dito isso, ele comentou que os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) irão avaliar, na próxima reunião, em setembro, “um possível ajuste final” na taxa básica de juros. Atualmente em 13,75% ao ano, na ata da última reunião, o comitê expôs que avaliaria “a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”. “No Brasil, como começamos o processo de aperto monetário mais cedo e de maneira rápida, existe a percepção de que estamos no fim do processo e um dos únicos países em que o mercado espera cortes de juros. A gente não pensa em corte de juros no momento. Pensamos em finalizar o trabalho. Isso significa a convergência da inflação”, afirmou o presidente do BC.

Panorama global da inflação

No Brasil, a inflação já dá alguns sinais de arrefecimento, mesmo que em grande parte devido às medidas do governo. Por outro lado, Campos Neto disse haver muito do processo já realizado de alta de juros que ainda não fez efeito. Nos EUA, o processo inflacionário também é a maior preocupação por parte do Banco Central de lá, com Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, afirmando que o combate à inflação é prioridade por lá e que o país precisará de uma política monetária apertada “por algum tempo”.

Na Europa, a situação não é fácil. Muito pelo contrário. A inflação anual ao consumidor na Zona do Euro atingiu a máxima histórica de 9,1% em agosto no acumulado de 12 meses, pressionada pela disparada dos preços de energia em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. O cenário ficou ainda mais delicado no início desta semana, com os russos interrompendo o fornecimento de gás natural para a Europa até que as sanções impostas contra o país sejam suspensas. A notícia é mais um agravante para a alta de preços no continente, pressionando os custos de energia e dando mais justificativas para um grande aumento dos juros pelo Banco Central Europeu em 8 de setembro.

PIB também foi pauta

Por fim, durante o evento, Campos Neto também falou sobre a recente divulgação da alta de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto). Ele disse que “acredita que vamos ter revisões para cima de crescimento” e ressaltou que somos exceções, pois os países estão revisando suas projeções de crescimento para baixo.