fbpx

(Tempo de leitura: 12 minutos)

Família Portofino,

Nesta quinta-feira (17.08.23), aconteceu o AgroForum, evento realizado pelo BTG Pactual, que discutiu diversos assuntos relacionados ao agronegócio com a presença de importantes nomes da economia e política brasileira, como os governadores de São Paulo, Mato Grosso e Goiás, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, e outros diretores de grandes empresas do setor. 

Energia Verde: Investindo em Biometano e Biogás

Neste primeiro painel, o BTG Pactual recebeu Marcel Jorand, CEO da Gás Verde, Renato J.S. Pereira, VP da Adecoagro, e José Fernando Mazuca, CEO da UISA. Os três executivos debateram ao longo de 40 minutos sobre o investimento em Biometano e Biogás e como suas respectivas empresas têm atuado no mercado.

Jorand mostrou uma visão positiva para os próximos passos, afirmando que “a festa está só começando” Ele também aproveitou para ressaltar que eles não competem com o álcool ou a gasolina. Mazuca, por outro lado, apontou os desafios do setor, explicando que o maior deles é encontrar uma forma de linearizar a produção o ano todo.

Soluções em Biocombustíveis de Grãos

Na sequência, foi a vez de Luiz Dumoncel, CEO da 3Tentos, Erasmo C. Battistella, fundador da Be8, e Rafael Abud, CEO da FS Bio. Durante o painel, eles concordaram que o Brasil é uma vitrine e referência mundial quando o assunto é biocombustíveis de grãos. Eles atribuíram isso à grande frota flex e às políticas públicas que estão contribuindo para o país ser um exemplo no setor. 

A perspectiva para o futuro é boa também. O painel debateu que o país possui um grande potencial de exportação e que é importante olhar para esse mercado que está se desenvolvendo mundialmente. Por fim, o debate ficou em torno do que é necessário fazer daqui para frente, e foi abordado que é preciso cada vez mais alimentos, energia e se atentar às mudanças climáticas. No Brasil, temos boas condições de mostrar o potencial em bioenergia.

Os Caminhos para Transição Energética

O terceiro painel do dia teve como convidado o Ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, que explicou que não há como enxergar o desenvolvimento do setor de energia sem caminhar com a sustentabilidade. “Temos que criar o ambiente para que no médio prazo a gente esteja na nova economia, a economia verde”, disse ele.

O ministro analisou que o passo para o horizonte é a compatibilização da nova economia. Segundo a sua análise, o Brasil – e a Índia talvez -, pela pujança e posição geográfica, é o país que, se acertar nas políticas, pode aproveitar esse novo momento e sair na frente como protagonista político e econômico. “Estamos vivendo um ambiente de muitas oportunidades e com um desafio enorme”, afirmou.

Na sua participação, Silveira ainda falou sobre a importância do gás natural, citando a insegurança energética que a guerra no leste europeu despertou, e a necessidade de trabalhar em integração energética.

A Força da Indústria no Campo

Nicole Trennepohl, Diretora Executiva da Stara, George Vital, CEO da Fockink, Denis Alves, CEO da Grunner, e Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp, foram os convidados para debater neste painel.

Vital e Carvalho mostraram uma visão positiva para o agronegócio no resto deste ano e para 2024. O CEO da Fockink citou as políticas públicas e o avanço da reforma tributária, por exemplo, como aspectos que contribuem para essa perspectiva. Denis Alves pontuou que o agro está sempre olhando para o futuro e acredita que o Brasil continuará sendo uma potência agro energética nos próximos anos. 

Os integrantes do painel ainda falaram sobre inovação e sustentabilidade. Alves citou que a Grunner faz parte do programa Rota 2030, iniciativa do Governo Federal para estimular o investimento e o fortalecimento das empresas brasileiras do setor automotivo por meio do desenvolvimento e da aplicação de novas tecnologias. Sérgio Carvalho destacou que a Randocorp está investindo muito em tecnologias para reduzir os custos de transporte dos grãos brasileiros. Também afirmou que atuam no ESG de uma maneira muito ampla e arrojada, como reduzir a geração de gás estufa até 2030, o qual possuem a expectativa de atingir a meta.

O Momento do Setor de Proteínas

Seguindo o dia de debates no AgroForum, Ricardo Faria, Presidente do Conselho da Granja Faria, Eduardo Miron, CEO da Frigol, e Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, falaram sobre o setor de proteínas.

Na visão de Miron, o momento das proteínas no curto prazo é preocupante, onde algumas das variáveis que definem os resultados das empresas estão em um movimento contrário. Ele citou o câmbio e a dependência muito grande da China, como exemplos para a sua opinião. No entanto, sua visão para o longo prazo é de que “temos tudo para ter muito sucesso. Estruturalmente, o Brasil está super bem posicionado”.

Um assunto bastante debatido foi a respeito da China. Apesar de Miron colocar que hoje há um problema no país asiático, Tomazoni se disse otimista com o país. “Mesmo durante a crise que teve com o suíno, o consumo bovino não teve nenhuma mudança. No longo prazo, a carne bovina vai continuar crescendo na China”, afirmou. Ele complementou analisando que o sudeste asiático como um todo tem perspectiva de crescimento e o Brasil está em uma posição privilegiada para se aproveitar.

Dentre os demais assuntos, a sustentabilidade surgiu à pauta. Miron explicou que a Frigol é uma das poucas empresas que fazem relatório de sustentabilidade. “As empresas que quiserem sobreviver terão que olhar para essas questões”, disse ele. Já Ricardo contou que a Granja Faria encara a sustentabilidade como obrigação, e não como retórica. “A gente acredita na diversidade, pontos de vista distintos. Não estamos fazendo sustentabilidade por moda”, disse Faria.

Brasil: Potência do Agronegócio

O segundo painel da tarde reuniu Tarcísio de Freitas, Mauro Mendes e Ronaldo Caiado, respectivos governadores de São Paulo, Mato Grosso e Goiás. 

Tarcísio destacou que o Brasil é uma potência agroambiental, que sobretudo é sustentável e referência para todo o mundo. “O agro vai nos dar muitas alegrias no ramo da transição energética”, afirmou. Mendes seguiu na mesma linha, com a explicação de que o agronegócio é desenvolvido no país inteiro. “Dentro do nosso país e no mundo, não tem nenhum setor tão representativo quanto”, disse.

Foto: Divulgação BTG Pactual

Os políticos também navegaram por outras questões, como infraestrutura. O governador de São Paulo disse que, embora o estado tenha uma infraestrutura de boa qualidade, o grande desafio é retomar as ferrovias. Ronaldo Caiado analisou que a logística é fundamental, e que “quando você pensa em logística no Brasil, a discussão é sempre Atlântico Norte e Sul. Eu entendo que para as regiões do Norte e Centro-Oeste, a grande saída é o Pacífico. Nós seríamos muito mais competitivos”.

Além disso, tecnologia também foi tema de debate, com o investimento nesse setor sendo fundamental, assim como segurança pública. Mauro Mendes falou sobre o futuro do agro: “O agro tem um futuro interessante, mas existem desafios, como as mudanças climáticas, que podem proporcionar uma grande oportunidade para o Brasil, mas também uma dificuldade”.

Bioinsumos: Sustentabilidade e Inovação

No penúltimo painel do dia, Fabrício Simões, CEO da Ubyfol, Jorge Almeida, Diretor Geral Brasil da Rovensa, e Antônio Gissi, CEO da Essere, comentaram sobre os avanços dos bioinsumos. 

Simões falou que o setor de insumos no Brasil está cada vez mais se reinventando. “Quando olhamos para o futuro vamos ter que produzir mais e melhor. O desafio é cada vez mais levar tecnologia, ainda mais com a necessidade de aumento de produtividade que vai ser exigido da agricultura brasileira”, analisou. 

Ao fazer uma “retrospectiva”, Gissi explica que, antigamente, os biológicos eram utilizados de forma muito errada, fazendo com que o produtor deixasse essa tecnologia adormecida. Ele ainda atribuiu a ascensão da sustentabilidade como um dos motivos para a volta do uso dos bioinsumos. “Os bioinsumos não vieram para substituir o defensivo químico. Eu acho que os químicos devem ceder espaço aos biológicos, mas eles vão sempre trabalhar juntos”, finalizou.

Cenário Econômico e Político Brasileiro

Para encerrar o evento, André Esteves, Chairman e Sócio Sênior do BTG Pactual, e Mansueto Almeida, Economista-chefe do BTG Pactual, analisaram o cenário econômico e político no Brasil e no mundo. 

O economista-chefe revelou que tem a impressão de que hoje o Brasil está em um momento bem melhor do que no início do ano. “No começo do ano, não sabíamos a posição e estratégia do governo em muitas questões”, afirmou Almeida. 

Ele comentou que ao longo do ano houveram algumas surpresas positivas que levaram o Brasil a estar em uma posição melhor, tal qual o novo plano fiscal que colocou um limite para o crescimento do gasto (com grande apoio da Câmara dos Deputados) e o crescimento da produção agrícola em 2023, sendo muito maior do que o dimensionado. O economista também destacou a mudança de comportamento em relação à independência do Banco Central. Ele explicou que atualmente, quando alguém critica a independência do BC, escutamos líderes políticos criticando, o que era diferente há anos atrás.

Esteves concordou que o Brasil melhorou muito, destacando também o arcabouço fiscal e os benefícios das reformas discutidas. O chairman analisou a situação na China e nos Estados Unidos. Em relação aos americanos, ele falou sobre a política monetária, que o Federal Reserve está próximo do fim de altas. Na China, ele comentou sobre o setor imobiliário, o qual está vivendo uma “crise clássica”. A China é o país do G20 mais dependente do setor imobiliário. “Me preocupa também o estilo da liderança chinesa, a qual se preocupa mais com a política do que com a economia”, comentou. Por fim, ele disse que está pessimista com o curto prazo chinês, apesar de ponderar que é difícil apostar contra.

Este é um conteúdo produzido por PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE e fomenta o diálogo sobre a política e o empresariado brasileiro. A nossa opinião é neutra e não é partidária. Quer acessar outros mais? Clique aqui.