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Família Portofino,

O mercado reagiu muito mal à sinalização dada pelo próximo governo para a dinâmica dos gastos públicos. O discurso reforçado ontem (quinta-feira 10.11) pela manhã do novo governo, deu a impressão ao mercado de que estão caminhando para derrubar todo o arcabouço fiscal existente, como o teto de gastos, regra de ouro, metas de primário, antes mesmo de começar o mandato, indo na contramão de tudo que foi criado nos últimos anos.

As próximas perguntas que surgem, mais óbvias, são: mas o que aconteceu com os meus investimentos? Vocês estão olhando? Dúvida legítima e justíssima.

A nossa leitura sobre a situação:

Primeiramente, foi sim um dia ruim, mas vamos clarear um pouco a visão e dimensionar corretamente os impactos. Não temos grandes posições em risco de mercado, desta forma não vamos ter grandes quedas no valor das carteiras. Então, a preocupação aqui não é apenas explicar onde perdemos, mas sim testar se a carteira, desenhada para amortecer momentos como esses, respondeu como projetada.

Nossas posições em ativos Pós Fixados, em Crédito Privado e Fundos Multimercado, não tiveram impacto, destaque para Fundos Multimercados que, mesmo sendo uma classe de risco de mercado, conseguiu defender muito bem com retorno positivo no dia. Por outro lado, as estratégias em Ações (sempre sensíveis à volatilidade), Juro Real e Prefixado sofreram mais, dado que com uma dinâmica pior nas contas públicas, o Banco Central precisará manter os juros mais altos até ter um fiscal no mínimo neutro para a inflação. Para se ter ideia da magnitude do movimento, o mercado precificava cortes de juros para 2023, chegando ao redor de 10,5% no fim do próximo ano.
Hoje, a precificação infere que não haverá cortes em 2023 e que os juros serão mantidos próximos dos atuais 13,75%.

Se o cenário pré-eleições já era de cautela, com esse fato, a nossa cautela será triplicada. Estamos de maneira dinâmica analisando o “baixar da poeira” e estudando como reagir, sejam com alterações nos níveis de risco das carteiras ou, o mais importante, se iremos nos reposicionar em ativos caso se confirme essa dinâmica do governo relacionada ao ambiente fiscal. Todavia, mesmo em cenários como estes, existem, sim, classes de ativos que poderão nos trazer resultados. Por exemplo, o Pós Fixado esse ano teve um retorno acima de 11%, apesar do cenário turbulento.

Aqui na gestão, já mapeamos o histórico do comportamento das diversas classes de ativos durante os governos de esquerda, com menor comprometimento com o gasto público. Esta análise, somada ao estudo e acompanhamento do cenário atual, irá contribuir com as melhores decisões sobre as alocações de médio e longo prazo, ou seja, o nosso trabalho para encontrar a melhor forma de montar os quebra-cabeças dos novos cenários que se apresentam. Reforçamos que não manteremos posições em nenhuma estratégia nas quais as premissas originais se alteraram ou que não exista mais convicção. Somos contratados para defender, da melhor forma, o seu patrimônio, com muito estudo, disciplina e análise, aliados à experiência do time em gerir portfólios em um país tão cíclico nas esferas econômica e política.

“A regra nº 1 é nunca perder dinheiro. A regra nº 2 é nunca esquecer a regra nº 1” – Warren Buffett.

É muito importante reforçar o nosso compromisso com a preservação do seu patrimônio. E mesmo que o cenário seja de cautela triplicada, trabalharemos incansavelmente para encontrar as melhores oportunidades em investimentos, estruturas com bons preços, alinhados aos seus objetivos e planejamento, sem nenhum conflito e cientes do nosso dever fiduciário. É também em momentos de crise que os ótimos negócios aparecem.

Manteremos contato.

Mario Kepler é sócio e Portfólio Manager na Portofino MFO.

“Ação e Reação” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO, que retrata fatos importantes, urgentes e seus reflexos nos mercados financeiros globais. Clique aqui para ler e ouvir outras cartas e conteúdos.

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E mais…

Escute em nosso podcast os comentários do nosso sócio Adriano Cantreva sobre o assunto.