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A agência de classificação de risco, Fitch Ratings, nas últimas semanas, tomou as manchetes de diversos portais com atualizações das notas de crédito soberano dos Estados Unidos e Brasil.
A decisão mais recente, e que pegou todo mundo de surpresa, foi o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos, de AAA para AA+, com perspectiva estável. Em nota, a agência disse que a decisão reflete a deterioração fiscal esperada para os próximos três anos, assim como a crescente dívida do governo geral.
“Na visão da Fitch, houve uma deterioração constante nos padrões de governança ao longo dos últimos 20 anos, incluindo questões fiscais e de dívida, não obstante o acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025”, apontou o comunicado.
Explicando, a nota anterior era a mais alta, que significava risco quase zero de um calote americano. Agora, o nível de confiança continua alto, porém um degrau abaixo.
Os impasses e deterioração constante nos padrões de governança ao longo dos últimos 20 anos, incluindo questões fiscais e de dívida, são motivos que levaram a essa decisão. Há dois meses os EUA passaram novamente por essa situação, que vem acontecendo recorrentemente desde 1960, com Washington negociando novas leis que permitam aumentar o teto. Por mais que a maioria dos agentes de mercado acreditassem que o governo chegaria a um acordo, a apreensão causou estresse.
A decisão foi criticada por muitos especialistas nos Estados Unidos, inclusive pela secretária do Tesouro, Janet Yellen, que, em comunicado, afirmou: o rebaixamento de rating “não mudou o que os americanos, investidores e pessoas de todo o mundo já sabem: que os títulos do Tesouro continuam sendo o ativo líquido e seguro preeminente do mundo”.
Apesar da repercussão, essa não é a primeira vez que uma agência rebaixa a nota dos EUA. Em 2011, a S&P Global Ratings fez o mesmo movimento. À época, no longo prazo, o movimento foi de pouco impacto no mercado, pois, mesmo com esse downgrade, a possibilidade dos Estados Unidos darem calote seguia baixíssima e os títulos públicos americanos continuaram com a reputação de serem os mais seguros do mundo.
O Brasil evolui
Por outro lado, enquanto os Estados Unidos caiu um degrau, o Brasil subiu. Em julho, a agência elevou a nota de crédito soberano do país de BB- para BB, com perspectiva estável. E a Fitch não foi a única a enxergar melhorias no Brasil. Em junho, a S&P Global Ratings elevou a perspectiva de crédito para “positiva”, apesar de não ter alterado a nota.
No relatório da Fitch, a agência disse que a decisão foi pautada após observar um desempenho melhor do que o esperado em termos macroeconômicos e fiscais. Além disso, a despeito das tensões políticas desde 2018, ano em que o país teve um downgrade no rating, segundo o comunicado, o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais.
Dentre outras coisas, a agência destacou que, apesar do governo Lula defender um afastamento da agenda econômica liberal de governos anteriores, ela espera que o pragmatismo e os freios e contrapesos institucionais mais amplos evitem desvios radicais de macro ou micropolítica, enquanto o governo também está buscando iniciativas para apoiar o setor privado, como o esforço para a aprovação da reforma tributária.
A tensão entre o chefe do Executivo e Roberto Campos Neto, presidente do BC, e as expectativas de inflação melhores, também foram questões que influenciaram na atualização do rating.


Quais os países que possuem as melhores notas?

O que essas mudanças significam?
As três principais agências de classificação de risco (Fitch Ratings, Moody’s e S&P) têm sistemas de notas similares. Quanto mais alta a nota, maior é a capacidade do país em honrar seus compromissos financeiros. Do outro lado, quanto menor a nota, menor é essa capacidade e maior a chance de dar calote.
No caso do Brasil, com o upgrade ele se aproxima do corte dos países que possuem o chamado “grau de investimento”, que no caso da Fitch é “BBB”. Chegar a esse grupo é importante para a atratividade do país para os investidores e para se colocar como alternativa a diversos veículos de investimentos internacionais.
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