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Tempo de leitura – Overview do dia em 12 minutos.

Nesta quarta-feira (15), tivemos o último dia do CEO Conference Brasil 2023, evento promovido pelo BTG Pactual. Desta vez, Fernando Haddad, Arthur Lira e os governadores dos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul foram algumas das figuras importantes do cenário político e econômico brasileiro que marcaram presença.

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Clique aqui e saiba como foi o primeiro dia do evento: CEO Conference | BTG Pactual – Dia 1

Resumo

  • Fernando Haddad anunciou que antecipou a proposta de uma nova âncora fiscal para março;
  • Haddad falou sobre boa relação com o Banco Central;
  • Ratinho Jr. destacou a importância da nova geração na política;
  • André Jakurski, Luis Stuhlberger e Rogério Xavier falaram sobre mexer ou não na meta da inflação;
  • Flávio Dino comentou sobre uma possível CPI acerca dos atos do dia 8 de janeiro;
  • Arthur Lira descartou qualquer possibilidade de mudança na independência do Banco Central;
  • Mansueto Almeida criticou o debate sobre a meta da inflação.

Leia abaixo, com maiores detalhes, como foi o segundo dia do CEO Conference.

Top Gestoras do Mercado

Estava programado para o ministro Fernando Haddad ser o primeiro entrevistado do dia, mas os painéis foram invertidos e André Jakurski, sócio-fundador da JGP, Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, e Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, abriram o evento.

Os três convidados passaram por uma análise macroeconômica, debatendo sobre como enxergam o momento atual e as perspectivas no cenário internacional até chegar ao Brasil. O tema principal, como em vários painéis do primeiro dia, se deu sobre a discussão entre Banco Central e governo.

O assunto gerou certo consenso entre os entrevistados. Xavier foi o primeiro a falar, e de forma contundente criticou a não revisão da meta de inflação e os juros. Ele disse que não entende quais os motivos que travam uma possível revisão. 

O gestor destacou em sua participação que, desde 1999, o Brasil só conseguiu atingir a inflação de 3% ao ano, dentro da meta, uma única vez e ressaltou que na gestão de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a inflação ficou em média a 6%.

“Aquele cenário de 2020, quando definimos a meta de hoje, não se realizou. Se a gente tem uma reunião todo ano para reavaliar, não entendo a razão disto ser um dogma tão grande de corrigir. Por que estamos perseguindo um objetivo que está inalcançável? A meta definida há dois anos está errada”, opinou. Jakurski seguiu na mesma linha de Xavier e complementou sobre a importância de definir uma regra fiscal.

Stuhlberger, por sua vez, explorou sobre as decisões políticas e falta de visão de longo prazo destes, que adotam medidas visando apenas seus próprios interesses, aspas que foram aplaudidas ao fim. “Nos dois últimos anos do governo Bolsonaro, acho que houve uma involução, com políticas que servem para o curto prazo, usadas para interesses políticos, como a PEC Kamikaze. Isso vale para o Bolsonaro e Lula. Que a gente tenha presidentes e ministros que sejam estadistas e pensem no Brasil no longo prazo. O estrago de políticas erradas no longo prazo é muito grande”.

Perspectiva Econômica Brasileira

No painel mais aguardado do segundo dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi questionado sobre diversos assuntos que mexem com os ânimos das pessoas, como o novo arcabouço fiscal, caso Americanas e até mesmo sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Haddad declarou que depois de uma conversa com Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, decidiu antecipar a proposta de uma nova âncora fiscal para março. 

“Nós vamos em março, provavelmente, anunciar o que entendemos que seja a regra fiscal adequada para o país. O Congresso estabeleceu agosto, tínhamos puxado para abril devido à LDO, mas a Simone ponderou, com razão, e Alckmin também, que para mandar para o Congresso junto com a LDO era bom a gente ter um período de discussão, porque não tenho a pretensão de ser o dono da verdade.”.

Durante o evento, o ministro teceu críticas ao ex-presidente sobre não saber perder e fazer oposição sem risco. “É muito fácil pensar nas grandes personalidades do Brasil e saber quem se portou de maneira adequada e quem não”. Além disso, também comentou sobre a herança fiscal deixada pelo antigo governo, relatando as medidas consideradas por ele eleitoreiras e com custo expressivo às contas públicas.

O ministro falou sobre as polêmicas acerca da meta da inflação e o “braço de ferro” do governo com o Banco Central. Ele afirmou que todo dia a Fazenda conversa com o Banco Central e a “comunicação nunca deixou de existir e nunca deixará”. Haddad expôs sua opinião em relação ao caso das Americanas, o qual ele disse que gerou “um estresse”. “Um cara que dá um tombo de 0,5% do PIB, com 16 mil credores. E nós estamos aguardando um pronunciamento até agora”, finalizou.

O Papel do Ministério da Justiça

O ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou sobre os atos do dia 8 de janeiro. Para ele, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre os acontecimentos poderia se tornar uma distração para o governo Lula e tirar as atenções da Reforma Tributária. 

“Talvez resultasse na perda de foco do principal que é a Reforma Tributária, estratégica para o momento que o Brasil vive”. O ministro ainda destacou que as condições institucionais estão melhores, mas deseja que melhorem ainda mais.

Dino também falou sobre o decreto de armas e pontuou que o armamentismo sustentou quadrilhas e organizações criminosas.

Agenda Política Brasileira

Outro nome importante do cenário político que marcou presença no evento foi o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Assim como grande parte das personalidades que passaram pelo palco, Lira foi mais indagado sobre Banco Central versus governo e afirmou que não vê nenhuma possibilidade de mudança na independência do Banco Central, ressaltando a importância da independência da autarquia e que Lula e Campos Neto são duas pessoas que vão saber dialogar.

Lira também não ficou de fora da pauta da Americanas e comentou o caso. “O que aconteceu foi muito grave. Esse assunto deve e será tratado tanto pelos órgãos de controle do sistema financeiro quanto do Congresso Nacional”.

O presidente da Câmara mencionou haver um acordo para que o novo arcabouço fiscal seja moderado e que o texto radical para um lado ou para outro não terá apoio”. 

Governos Estaduais: Desafios dos Novos Ciclos

Ratinho Jr, governador do Paraná, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, participaram do painel que debateu a relação com o governo Lula, polarização e reforma tributária.

O governador do Paraná se mostrou cético quanto à reforma, disse que não acredita que irá avançar. Dentre as justificativas para sua opinião, ele comentou que “não temos um ambiente econômico saudável”. Na sequência, ele afirmou que acha que é possível avançar com uma simplificação dos tributos federais, dando mais dinâmica para o setor privado. 

Tarcísio partiu para o campo das privatizações, explicou que esse será seu contraponto em relação ao governo federal e falou que a grande privatização é a da Sabesp, que deve seguir um modelo parecido com o da Eletrobras.

Governador reeleito do RS, Leite mencionou o fato do estado ser muito polarizado, as privatizações que realizou na sua primeira passagem e destacou a importância de um bom ambiente de diálogo, mas sem deixar que tenha divergências com o governo federal.

Por fim, Ratinho Jr. deu um breve discurso sobre o Brasil ser um país escasso de lideranças, não só na política. Destacou o fato do tempo que o Lula está como figura de destaque na política, relacionando com a necessidade de uma nova geração, “não de idade, mas de tese, projeto e de caráter”. “Essa nova geração tem a obrigação de assumir o Brasil. De estimular novas lideranças e apresentar novos caminhos para o país. Temos que inspirar novas lideranças a dar as caras. Não podemos ser um país dependente de uma ou duas figuras”, complementou.

Os Desafios do Ajuste Fiscal e da Redução da Inflação

Encerrando o CEO Conference de 2023, Eduardo Loyo, sócio BTG Pactual, Mansueto Almeida, economista-chefe BTG Pactual, e Tiago Berriel, estrategista-chefe BTG Pactual Asset Management, falaram dentre os assuntos sobre a mudança, ou não, da meta da inflação.

“O mero fato de afrouxar as metas é lido como uma revelação das suas preferências como Banco Central de tolerar inflações mais altas. Mostra que tem dificuldades de trazer a inflação para onde ela deveria estar”, explicou Loyo. 

Mansueto Almeida seguiu pelo mesmo caminho e, na opinião dele, “o grande debate no Brasil hoje não deveria ser a meta da inflação”. Ele explica que o preço dos ativos piorou muito desde o término das eleições, não pelo banco central, mas, sim, pelas mensagens sobre o ajuste fiscal. “Eventualmente, lá na frente, quando a inflação estiver convergindo para a meta, tivermos um plano fiscal que mostre que a trajetória da dívida não será explosiva, a gente pode debater a eficiência do sistema de metas. Agora não é o momento”.

Ele finalizou comentando que o mundo está querendo acreditar no Brasil, mas internamente não estamos dando a mensagem adequada com clareza. Olhando para frente, temos um cenário de incerteza agravado pela mudança de meta e discussão sobre a autonomia do Banco Central.

Este conteúdo é produzido pela PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE e fomenta o diálogo sobre a política e o empresariado brasileiro. A nossa opinião é neutra e não é partidária.