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Carta às famílias investidoras

Carta às famílias investidoras

(Tempo de leitura: 6 min)

*Por Carolina Giovanella

Em 2012, quando eu já atuava no mercado financeiro, no single family office de uma importante família do Sul do País, percebi que, além de oferecer inúmeras possibilidades para uma família investir, o mercado também era implacável com ofertas, às vezes repletas de armadilhas e conflitos de interesses provenientes de comissões e taxas, se apoiando na falta de conhecimento das pessoas para lucrar.

Decidi que precisava encontrar um bom provedor para cuidar do patrimônio da minha família e que nos apoiasse na construção de um melhor posicionamento, principalmente no que dizia respeito à nossa liquidez. Na época, essa procura foi em vão. Não encontrei ninguém que pudesse nos atender da forma que eu idealizava, o que me fez refletir e tomar a decisão mais importante da minha vida: criar a minha própria empresa de gestão de patrimônios, a Portofino Multi Family Office.

Hoje, dez anos depois, toda semana converso com pessoas, integrantes de importantes famílias brasileiras, que se esforçaram muito na construção dos seus patrimônios e se desdobram para superar o incômodo desafio de administrá-los.

Uma tarefa que nunca foi fácil devido à complexidade dos mercados financeiros, mas que nos últimos anos se agravou bastante com a pandemia, guerra, inflação e indefinições políticas, fatos de proporções gigantes que colocaram as principais economias mundiais de cabeça para baixo.

Se analisássemos apenas os mercados, já seria complicado. Mas, considerando que estamos vivendo um momento atípico e sem precedentes, é muito pior. Sem falar nas questões emocionais e comportamentais que influenciam muito nas decisões financeiras.

Por exemplo: você sabia que países desenvolvidos estão enfrentando a pior crise inflacionária em mais de 40 anos? Nos Estados Unidos, a inflação no meio do ano passado atingiu o pico de 9,1%, e nos países da Zona do Euro foi registrado alta anual de 10,6% nos preços, uma máxima histórica. No Brasil, a batalha contra a inflação continua, mas com o agravante da instabilidade política ocasionada pela troca de governo.

Nesses mares turbulentos de crises como a atual que estamos vivendo, ter um gestor profissional pode ser uma questão de “vida ou morte” para um patrimônio. A busca por esse serviço vem se acentuando. Muitas famílias se viram obrigadas a buscar outras alternativas e soluções, diferentes das oferecidas pelos tradicionais players do mercado, como bancos private e corretoras de investimentos, dado que as antigas fórmulas já não funcionam mais.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a indústria de family offices, no Brasil, cresceu mais de 20% em 2021, assim como o volume administrado por gestores de patrimônio, que teve aumento de 21,2% em 2022 em relação ao ano anterior. Apesar da evolução, são números ainda pequenos quando analisamos o tamanho do segmento das grandes fortunas, um mercado de aproximadamente R$ 1,8 trilhão.

Dado tudo isso, em um mercado financeiro tão complexo e ainda carente de transparência, será nos family offices que as famílias encontrarão uma estratégia eficiente para o seu patrimônio. E, mais que isso, soluções personalizadas, alinhadas exclusivamente às suas necessidades

Sob uma óptica multidisciplinar de profissionais especializados, seja no planejamento patrimonial e sucessório, participações societárias, gestão dos investimentos líquidos no Brasil e no exterior ou no que tange a parcela de investimentos imobiliários (real estate), a premissa de um family office é o total alinhamento de interesses, eliminando qualquer possibilidade de conflitos.

Com um modelo de remuneração baseado no crescimento do patrimônio do cliente, e não em comissões provenientes da venda de produtos, as palavras de ordem são cashback e eficiência, não mais o spread e as taxas ocultas.

Somos parceiros da Esfera Brasil e, em todos os encontros, ao nos aprofundarmos um pouco sobre o tema de gestão patrimonial com os empresários e lideranças presentes, verificamos que cada família tem a sua história única e necessidades específicas, mas desafios e dores muito parecidos.

Mais importante que o momento do mercado, importa ter um gestor profissional ao lado, alinhado aos seus objetivos, que te ajude a navegar por diferentes cenários. Esse é o caminho para surfar boas ondas ou converter as crises em grandes oportunidades.

Sabemos que patrimônios não nascem da noite para o dia e que são necessários vários ciclos e muito trabalho para construi-los e consolidá-los. Falar sobre a gestão profissional de um patrimônio é falar sobre números, mercados e performance, mas, ao mesmo tempo, falar também sobre valores inegociáveis.

*CGA-CFP® e fundadora da Portofino Multi Family Office

Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.

Fonte: Esfera Brasil

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PEC 45 e os impactos sobre o patrimônio das pessoas físicas

PEC 45 e os impactos sobre o patrimônio das pessoas físicas

(Tempo de leitura: 6 mins)

Na madrugada da sexta-feira (7), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da 1ª Etapa da Reforma Tributária, a qual busca melhorar e simplificar o sistema tributário brasileiro, com enfoque na tributação sobre o consumo.

De forma resumida, o texto mais recente da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 45/19 unifica o ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins e cria o IVA (Imposto Sobre Valor Agregado), que será dividido em dois tributos: um federal (a Contribuição sobre Bens e Serviços – CBS) e outro dos estados e municípios (o Imposto sobre Bens e Serviços – IBS).

Além dos impostos sobre o consumo, o texto que agora segue para votação do Senado, também inclui outros temas, sobre tributação do patrimônio, que impactam diretamente as pessoas físicas:

  • ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação)

Deverá ser progressivo, em razão do valor da doação ou herança. Segundo o relator do projeto, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o objetivo é “tributar as heranças e doações de alto valor de modo mais justo”.

Alguns estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro já possuem alíquotas estaduais progressivas. Outros estados como São Paulo e Minas Gerais, que possuem alíquota fixa, precisarão ajustar as leis estaduais, se a reforma for aprovada no Senado Federal.

A alíquota máxima atual de 8% permanece a mesma e não é objeto de alteração na PEC nº 45/19. Em outras propostas paralelas, existe a possibilidade de o “teto” de 8% ser majorado.

  • ITCMD – Heranças no exterior e doações feitas por não-residentes

Enquanto não houver lei complementar específica regulamentando esse assunto, o texto da reforma prevê que os Estados poderão exigir ITCMD no estado de domicílio do herdeiro ou donatário. Na prática, essas duas hipóteses que hoje não são tributadas por ausência de previsão legal, passarão a ficar sujeitas ao recolhimento de ITCMD.

Vale lembrar que a entrada em vigor de qualquer alteração nas regras de imposto sobre doações e herança, que resulte em aumento da carga tributária, deve observar 02 condições: as novas regras só podem ser aplicadas no ano seguinte à mudança de lei e após 90 dias da data de sua publicação.

  • Isenção de ITCMD nas doações para instituições sem fins lucrativos

O ITCMD não incidirá sobre as doações destinadas a entidades e organizações que atenderem determinados requisitos e condições, que serão estabelecidos em lei complementar posteriormente.

  • IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para aeronaves e embarcações

O texto da PEC nº 45/2019 prevê que o IPVA passará a incidir sobre a propriedade de aeronaves e embarcações particulares.

  • IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)

A proposta aprovada pela Câmara prevê a possibilidade de atualização da base de cálculo do imposto pelo Município. Atualmente, não existe nenhuma permissão expressa nesse sentido.

A PEC nº 45/2019 estabelece que, após sua aprovação no Senado e promulgação, o Poder Executivo, em até 180 dias, deverá encaminhar ao Congresso Nacional projeto de lei com propostas de alteração na tributação da renda.

A expectativa do mercado, com base em sinalizações do governo ao longo do primeiro semestre, é que as propostas de alterações no imposto de renda sejam endereçadas no segundo semestre, incluindo pautas como tributação de dividendos, fundos fechados e de investimentos e estruturas no exterior.

Estamos atentos e acompanhando esse assunto de perto. As mudanças na tributação do consumo são bastante relevantes e vão demandar uma reorganização geral das empresas. A boa notícia é que a PEC prevê um período de transição, o que permite que os contribuintes se reorganizem com antecedência em relação ao IVA.

Sobre as alterações na tributação do patrimônio e futuramente para as propostas que serão apresentadas sobre o imposto de renda, que impactam diretamente as pessoas físicas, a atenção será redobrada. Nesses casos, as novas regras podem valer já no início do ano seguinte à aprovação, sendo que para alguns impostos temos também o prazo de 90 dias. Em qualquer cenário, o tempo de reorganização e aproveitamento das regras antigas será mais curto, o que demandará mais agilidade dos contribuintes e advogados. Como family office, nós estamos preparados para auxiliar as famílias no que for necessário para garantir a readequação ágil dos planejamentos.

Victória Siqueira é Head de Wealth Planning na Portofino MFO, formada em Direito pela FGV, com extensão em General Business with Concentration in International Trade and Commerce pela UCLA.

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Portofino Real Estate – Explorando oportunidades exclusivas de investimentos imobiliários internacionais.

Portofino Real Estate – Explorando oportunidades exclusivas de investimentos imobiliários internacionais.

(Tempo de leitura: 3 mins)

O nosso sócio, Lucas Reis, um dos responsáveis pela área de Real Estate, recentemente esteve em Miami, a convite da Leste Group, dando sequência na iniciativa de diligenciar e identificar novas oportunidades de investimentos fora do Brasil. Durante a visita, conheceu e avaliou diversos projetos internacionais, entre eles o Sunny Isles St. Regis Residences, localizado em Sunny Isles Beach, área nobre no condado Miami.

Sobre o projeto: Sunny Isles St. Regis Residences

O projeto está sendo desenvolvido pela Château e Fortune, incorporadores com profunda experiência no mercado local e importantes realizações num passado recente. Um projeto similar, entregue anteriormente, em 2020, o Sunny Isles Ritz Residences, teve uma média de vendas de aproximadamente US$2.000 por pé quadrado (1 metro quadrado equivale a 10,76 pés quadrados). Além do Sunny Isles Ritz Residences, a Château e a Fortune, realizaram muitos projetos em Miami, e possuem fortes relações locais, além de uma ampla experiência em desenvolvimento.

Dado o sucesso dos empreendimentos anteriores, a parceria das incorporadoras lança agora o Sunny Isles St Regis Residences, avaliado em 2 bilhões de dólares, projetado pelo renomado escritório de arquitetura Arquitectonica.

Com torres residenciais ultra luxuosas de frente para a praia e uma vista privilegiada do Oceano Atlântico, o empreendimento oferece uma ampla gama de comodidades luxuosas, incluindo beach club, restaurantes, bares, spa, academia, suíte para convidados, espaço para crianças e centro de negócios.

A construção está programada para iniciar no segundo semestre deste ano, com previsão de conclusão total em um período de 5 a 7 anos.

Confira abaixo as fotos reais do local, tiradas por drones, refletindo a vista da cobertura:

Clique aqui para ver o material completo do empreendimento.

O mercado de Miami

O mercado imobiliário em Miami há muito tempo tem sido influenciado pelos fluxos de capital latino-americanos, além das flutuações cambiais. Nos últimos anos, observou-se uma mudança estrutural neste cenário, com a migração de americanos de outras partes do país, influenciados pelos benefícios fiscais disponíveis no estado da Flórida, melhores níveis de qualidade de vida e temperaturas mais agradáveis. Esse movimento vem resultando em uma valorização dos preços dos projetos imobiliários da região.

“Estamos em contato constante com diversos parceiros no Brasil e no mundo, analisando novos projetos para identificar as melhores oportunidades para nossos clientes, seguindo os padrões e propósito Portofino, ou seja, sem intermediação ou qualquer conflito de interesse, bem como, investimentos onde o risco condiz com o retorno. Essa iniciativa é ampla e não se resume somente ao mercado de Miami”, explica Lucas Reis.

Aqui, na Portofino Multi Family Office, fornecemos uma visão holística e estratégica para otimizar o patrimônio dos nossos clientes. Entendemos que o patrimônio vai além dos ativos financeiros líquidos e compreende também, resumidamente, propriedades imobiliárias, suas empresas e participações societárias em negócios.

Dado isso, seja para investir ou estruturar soluções no setor imobiliário, através da nossa vertical de Real Estate oferecemos expertise em investimentos imobiliários, realizando análises detalhadas, due diligence minuciosa, construção de fundos exclusivos e gestão ativa desses ativos.

Nossa equipe está preparada para identificar oportunidades imobiliárias no Brasil e no exterior, seja em propriedades residenciais, comerciais ou industriais, buscando o máximo retorno para nossos clientes.

Para saber mais sobre os nossos serviços, fale com seu Executivo de Relacionamento.

Finanças Comportamentais: o impacto das emoções na gestão financeira

Finanças Comportamentais: o impacto das emoções na gestão financeira

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O momento econômico vivido nos últimos anos tem sido bastante estressante, tanto no cenário local quanto internacional, com altas taxas de juros, dados inflacionários, pandemia, guerras, crises bancárias e perspectivas de desaceleração econômica à frente. Nesses momentos, é normal surgir dúvidas e inseguranças sobre como investir e proteger o próprio patrimônio.

As Finanças Comportamentais combinam conceitos da Psicologia e da Economia para entender como os fatores comportamentais e socioculturais influenciam nas decisões financeiras, revelando que as nossas escolhas são muito mais influenciadas pela emoção do que imaginamos.

Estudos e pesquisadores

Daniel Kahneman e Amos Tversky são dois dos mais conceituados pesquisadores da área. Seus estudos refutaram a consolidada Teoria da Utilidade Esperada, em que as pessoas agiam de forma racional antes de uma decisão, escolhendo o caminho mais seguro e fugindo do risco.

Contudo, o trabalho dos psicólogos mostrou que o comportamento financeiro não é baseado somente em decisões racionais. O medo da perda afeta o modo como as decisões são tomadas, indicando que as pessoas estão dispostas a correr risco, desde que o objetivo seja evitar perdas. Essa descoberta ganhou o nome de Teoria do Prospecto. O reconhecimento e importância dos estudos foram destaques no meio econômico, tanto que, em 2002, Kahneman, mesmo não sendo economista, conquistou o Prêmio Nobel de Economia.

Além deles, Richard Thaler, considerado por muitos como o “papa da economia comportamental”, também fez contribuições importantes para a área, incluindo parceria com Kahneman e Tversky, na década de 70.

Em 2017, Thaler também foi premiado com o Prêmio Nobel de Economia pelas suas contribuições sobre economia e psicologia, sendo o responsável pela tese da “contabilidade mental”, processo cognitivo em que as pessoas fazem separações mentais de suas finanças ou recursos em diferentes categorias, sem considerar a conexão real entre eles.

Finanças Comportamentais no dia a dia

Entender como funciona o comportamento humano em meio a importantes escolhas financeiras ajuda a equilibrar as decisões da vida. Os efeitos dos vieses cognitivos no dia a dia distorcem a percepção da realidade e levam a conclusões incorretas ou irracionais.

Apesar das finanças comportamentais mostrarem que nem tudo é tão preto no branco como se imagina, existem atitudes que podem ajudar a evitar que as emoções atrapalhem e conduzam a movimentos equivocados na hora das decisões: 

  • Evitar o “efeito manada”: fazer algo porque todos estão fazendo é uma tendência do comportamento humano e um dos principais erros no mercado financeiro. 
  • Gestão profissional: o suporte de especialistas é fundamental para maximizar os investimentos. Além da expertise de um profissional, ele irá te auxiliar a ver as decisões de uma forma mais racional.
  • Saber lidar com os resultados: em investimentos nem sempre é possível só ganhar, sendo preciso aprender a lidar com as perdas.
  • Saber seu perfil e entender no que está investindo: se conhecer como investidor e estudar, de forma detalhada, os ativos que está investindo.

Esse campo possui muitas vertentes que podem ser exploradas para o entendimento das escolhas no mercado financeiro e nas finanças pessoais. O apoio de um gestor profissional é parte importante na perspectiva comportamental, gerindo o patrimônio sem interferência emocional e racionalmente fazendo as escolhas com maior potencial de gerar resultados positivos para os investidores.

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Retrospectiva Q1 2023 – Inflação ficou para trás?

Retrospectiva Q1 2023 – Inflação ficou para trás?

Retrospectiva Q1 2023 – Inflação ficou para trás?

(Tempo de leitura: 7 mins)

Por Mário Kepler, sócio e Portfolio Manager – Portofino Multi Family Office.

Iniciamos o ano de 2023 com a continuação da batalha dos Bancos Centrais ao redor do mundo contra a inflação. Alguns indicadores mostravam certa estabilidade, embora em níveis elevados, o que manteve o mercado bastante atento aos dados. O discurso dos Bancos Centrais era firme, até mais do que o dos operadores do mercado, sugerindo uma manutenção das taxas por um período mais longo.

Estados Unidos

Em fevereiro, após dados muito positivos da economia americana, superando as projeções, o mercado começou a questionar se o nível de juros atual era realmente suficiente para reduzir a inflação. Isso resultou em uma importante piora do cenário e em uma maior indefinição em relação às futuras medidas do Banco Central Americano em relação às taxas de juros. No entanto, após o anúncio da falência de alguns bancos regionais, o FED enfrentou uma crise de liquidez. O próprio aumento das taxas de juros provocou retiradas de dinheiro dos bancos regionais. Como resultado, o mercado começou a reduzir suas expectativas em relação às taxas de juros novamente. O quadrimestre foi caracterizado por muita volatilidade, poucas respostas e ainda muitas dúvidas, seja em relação à duração dos juros mais altos, seja em relação ao tamanho da recessão global iminente.

Antes disso, um dos períodos com a maior inflação nos Estados Unidos foi durante a década de 1970, especialmente entre os anos de 1973 e 1982. Essa época ficou conhecida como a “década da inflação” ou “estagflação”. Durante esse período, os Estados Unidos enfrentaram um aumento acentuado e persistente nos níveis de preços, resultando em uma alta inflação. 

Vários fatores contribuíram para a alta inflação nessa época. Alguns dos principais foram os choques do petróleo, com os aumentos significativos nos preços do petróleo e a crise do petróleo de 1973, que resultou em uma escassez do produto e um aumento nos custos de produção. Além disso, houve um aumento nos salários e nas expectativas de inflação, que se tornaram autossustentáveis e alimentaram o ciclo inflacionário.

Durante esse período, a taxa de inflação nos Estados Unidos atingiu níveis muito altos, chegando a picos anuais de dois dígitos. Em 1980, por exemplo, a inflação anual chegou a mais de 13,5%. O Federal Reserve, o banco central dos EUA, adotou uma série de medidas para combater a inflação, incluindo o aumento das taxas de juros e a adoção de políticas monetárias restritivas.

Foi apenas na década de 1980, com as políticas adotadas pelo então presidente Ronald Reagan e o presidente do Federal Reserve, Paul Volcker, que a inflação começou a diminuir e a economia se recuperou. Desde então, os Estados Unidos vinha conseguindo manter um controle relativamente estável sobre a inflação.

Brasil

No cenário doméstico, uma economia ainda frágil e suscetível a sofrer com os impactos das economias do primeiro mundo, houve muito ruído, mas pouca mudança na prática. Podemos dizer que saímos na frente no combate à inflação, se nos compararmos com outros países de economias mais fortes, mas tudo permaneceu o mesmo por aqui, com uma leve melhora na inflação e as taxas de juros mantendo-se estáveis.

A discussão sobre um possível aumento adicional ocorreu durante o primeiro quadrimestre do ano, mas não se concretizou, assim como a proposta de manter as taxas em 13,75% para todo o ano de 2023, que também foi discutida. No entanto, as projeções atuais apontam para um início de redução das taxas a partir do segundo semestre, chegando a cerca de 12% de taxa Selic no final do ano.

O maior período de inflação registrado na economia brasileira ocorreu durante a década de 1980 e início da década de 1990, em um período conhecido como “hiperinflação”. Nesse período, o Brasil enfrentou taxas de inflação extremamente altas, com aumentos de preços que ocorriam diariamente.

A hiperinflação no Brasil teve início nos anos 1980, mas se intensificou na década de 1990. O país passou por diferentes planos econômicos e tentativas de estabilização, mas nenhum deles conseguiu resolver de forma efetiva o problema inflacionário.

O ápice da hiperinflação brasileira ocorreu no período entre 1989 e 1994. Em 1993, por exemplo, a inflação anual atingiu uma taxa de aproximadamente 2.477%, ou seja, os preços dos bens e serviços aumentavam mais de 20 vezes ao mês.

Somente em 1994, com a implantação do Plano Real, o Brasil conseguiu controlar a inflação e estabilizar sua economia. O Plano Real introduziu uma nova moeda, o Real, e adotou medidas de combate à inflação, como a âncora cambial e a política de metas de inflação. Desde então, o país tem mantido a inflação sob controle, embora com variações ao longo dos anos.

Voltando para dias mais atuais, a divulgação do arcabouço fiscal foi o tema principal (e esperado) do cenário local, gerando uma mistura de sensações. Por um lado, ter algum tipo de regra acalma o mercado; por outro lado, a proposta ficou longe de ser brilhante ou animadora. Como um alento, o Congresso surpreendeu e endureceu a proposta final, o que foi um ponto positivo. Os ativos brasileiros foram influenciados pelo ambiente global desafiador, mas depois da percepção de um Congresso mais atuante como mediador e superada a briga entre o presidente e o Banco Central, houve uma leve melhora, ratificando a tese de que o Brasil sempre vive próximo do precipício, mas nunca cai.

Essa história continua…

Clique aqui para ler a carta Causa e Efeito do nosso CIO, Eduardo Castro, com suas visões estratégicas.

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(Tempo de leitura: 3 mins)

A gestão de portfólios e a diversificação de ativos são estratégias fundamentais para investidores que buscam resultados consistentes ao longo do tempo. Inspirado no conceito fundamentalista e nas ideias de Ray Dalio, é possível construir uma carteira bem estruturada capaz de enfrentar diferentes cenários econômicos e obter retornos sólidos.

O conceito fundamentalista baseia-se na análise criteriosa das empresas, avaliando seus fundamentos financeiros, perspectivas de crescimento e posicionamento no mercado. Essa abordagem enfatiza a importância de entender o valor intrínseco dos ativos em que se investe a fim de identificar oportunidades de longo prazo.

Uma carteira bem estruturada deve ser diversificada, ou seja, composta por diferentes classes de ativos, setores e regiões geográficas (considerando mercados local e internacional). A diversificação é essencial para mitigar o risco e evitar concentração excessiva em um único investimento. Ao distribuir os recursos em diferentes tipos de ativos, como ações, títulos de renda fixa, imobiliário e commodities, o investidor reduz a exposição a eventos específicos que podem afetar negativamente um setor ou empresa em particular.

Além disso, dentro de cada classe de ativos, é importante selecionar cuidadosamente os investimentos individuais. A análise fundamentalista auxilia na identificação de empresas sólidas, com vantagens competitivas duradouras e boas perspectivas de crescimento. Ray Dalio ressalta a importância de construir uma carteira equilibrada, onde cada ativo desempenhe um papel específico e contribua para o objetivo geral do portfólio.

A gestão de portfólio também é fundamental para o sucesso a longo prazo. Isso envolve monitorar regularmente os investimentos, reavaliar as premissas e realizar ajustes quando necessário. É importante estar atento aos eventos econômicos, políticos e sociais que possam afetar os mercados financeiros e reavaliar a alocação de ativos com base nessas informações.

Veja na imagem abaixo como um dos nossos perfis (Perfil 3 – Moderado) mantém um resultado médio constante, enquanto os demais ativos ano a ano sofrem com as mudanças de cenário.

Ao adotar uma abordagem fundamentalista para a diversificação de ativos e a gestão de portfólios, nos preparamos melhor para enfrentar diferentes cenários econômicos. Uma carteira bem estruturada é capaz de resistir a volatilidades de curto prazo e capturar oportunidades de longo prazo. Somado ao conhecimento, paciência e disciplina, estas são algumas características-chave para enfrentar qualquer cenário econômico com confiança e alcançar bons resultados ao longo do tempo.

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