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(Tempo de leitura: 7 mins)

Por Mário Kepler, sócio e Portfolio Manager – Portofino Multi Family Office.

Iniciamos o ano de 2023 com a continuação da batalha dos Bancos Centrais ao redor do mundo contra a inflação. Alguns indicadores mostravam certa estabilidade, embora em níveis elevados, o que manteve o mercado bastante atento aos dados. O discurso dos Bancos Centrais era firme, até mais do que o dos operadores do mercado, sugerindo uma manutenção das taxas por um período mais longo.

Estados Unidos

Em fevereiro, após dados muito positivos da economia americana, superando as projeções, o mercado começou a questionar se o nível de juros atual era realmente suficiente para reduzir a inflação. Isso resultou em uma importante piora do cenário e em uma maior indefinição em relação às futuras medidas do Banco Central Americano em relação às taxas de juros. No entanto, após o anúncio da falência de alguns bancos regionais, o FED enfrentou uma crise de liquidez. O próprio aumento das taxas de juros provocou retiradas de dinheiro dos bancos regionais. Como resultado, o mercado começou a reduzir suas expectativas em relação às taxas de juros novamente. O quadrimestre foi caracterizado por muita volatilidade, poucas respostas e ainda muitas dúvidas, seja em relação à duração dos juros mais altos, seja em relação ao tamanho da recessão global iminente.

Antes disso, um dos períodos com a maior inflação nos Estados Unidos foi durante a década de 1970, especialmente entre os anos de 1973 e 1982. Essa época ficou conhecida como a “década da inflação” ou “estagflação”. Durante esse período, os Estados Unidos enfrentaram um aumento acentuado e persistente nos níveis de preços, resultando em uma alta inflação. 

Vários fatores contribuíram para a alta inflação nessa época. Alguns dos principais foram os choques do petróleo, com os aumentos significativos nos preços do petróleo e a crise do petróleo de 1973, que resultou em uma escassez do produto e um aumento nos custos de produção. Além disso, houve um aumento nos salários e nas expectativas de inflação, que se tornaram autossustentáveis e alimentaram o ciclo inflacionário.

Durante esse período, a taxa de inflação nos Estados Unidos atingiu níveis muito altos, chegando a picos anuais de dois dígitos. Em 1980, por exemplo, a inflação anual chegou a mais de 13,5%. O Federal Reserve, o banco central dos EUA, adotou uma série de medidas para combater a inflação, incluindo o aumento das taxas de juros e a adoção de políticas monetárias restritivas.

Foi apenas na década de 1980, com as políticas adotadas pelo então presidente Ronald Reagan e o presidente do Federal Reserve, Paul Volcker, que a inflação começou a diminuir e a economia se recuperou. Desde então, os Estados Unidos vinha conseguindo manter um controle relativamente estável sobre a inflação.

Brasil

No cenário doméstico, uma economia ainda frágil e suscetível a sofrer com os impactos das economias do primeiro mundo, houve muito ruído, mas pouca mudança na prática. Podemos dizer que saímos na frente no combate à inflação, se nos compararmos com outros países de economias mais fortes, mas tudo permaneceu o mesmo por aqui, com uma leve melhora na inflação e as taxas de juros mantendo-se estáveis.

A discussão sobre um possível aumento adicional ocorreu durante o primeiro quadrimestre do ano, mas não se concretizou, assim como a proposta de manter as taxas em 13,75% para todo o ano de 2023, que também foi discutida. No entanto, as projeções atuais apontam para um início de redução das taxas a partir do segundo semestre, chegando a cerca de 12% de taxa Selic no final do ano.

O maior período de inflação registrado na economia brasileira ocorreu durante a década de 1980 e início da década de 1990, em um período conhecido como “hiperinflação”. Nesse período, o Brasil enfrentou taxas de inflação extremamente altas, com aumentos de preços que ocorriam diariamente.

A hiperinflação no Brasil teve início nos anos 1980, mas se intensificou na década de 1990. O país passou por diferentes planos econômicos e tentativas de estabilização, mas nenhum deles conseguiu resolver de forma efetiva o problema inflacionário.

O ápice da hiperinflação brasileira ocorreu no período entre 1989 e 1994. Em 1993, por exemplo, a inflação anual atingiu uma taxa de aproximadamente 2.477%, ou seja, os preços dos bens e serviços aumentavam mais de 20 vezes ao mês.

Somente em 1994, com a implantação do Plano Real, o Brasil conseguiu controlar a inflação e estabilizar sua economia. O Plano Real introduziu uma nova moeda, o Real, e adotou medidas de combate à inflação, como a âncora cambial e a política de metas de inflação. Desde então, o país tem mantido a inflação sob controle, embora com variações ao longo dos anos.

Voltando para dias mais atuais, a divulgação do arcabouço fiscal foi o tema principal (e esperado) do cenário local, gerando uma mistura de sensações. Por um lado, ter algum tipo de regra acalma o mercado; por outro lado, a proposta ficou longe de ser brilhante ou animadora. Como um alento, o Congresso surpreendeu e endureceu a proposta final, o que foi um ponto positivo. Os ativos brasileiros foram influenciados pelo ambiente global desafiador, mas depois da percepção de um Congresso mais atuante como mediador e superada a briga entre o presidente e o Banco Central, houve uma leve melhora, ratificando a tese de que o Brasil sempre vive próximo do precipício, mas nunca cai.

Essa história continua…

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