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Família Portofino,

O domingo mais esperado do ano finalmente chegou. A festa da democracia foi marcada pela confirmação de segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Apesar de algumas pesquisas apontarem que o candidato do PT pudesse levar a disputa já no fim de semana, nosso cenário base apontava para a decisão em segundo turno. A apuração das urnas confirmou nossas expectativas, mas temos que reconhecer que a votação efetiva para Bolsonaro e o crescimento de sua base no Congresso e nos governos estaduais também nos surpreenderam.

Ao longo dos últimos meses, principalmente quando o dia de votação se aproximava, grande parte das pesquisas colocavam Lula com uma vantagem considerável em relação a seu opositor. A realidade foi completamente diferente. O ex-presidente, que venceu em 14 estados, com destaque para a região Nordeste, teve 48,43% dos votos, enquanto Bolsonaro, o qual obteve vantagem em 12 estados e no Distrito Federal, com maior adesão nos estados do Sul e Centro-Oeste, teve 43,20% de votos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Simone Tebet ficou como a terceira mais bem votada, com 4,2%, e Ciro Gomes na sequência, com 3%.

Mapa eleições - Portofino
Elaboração: Portofino MFO/Fonte: TSE

Governadores

O domingo também marcou a votação para os cargos de governadores dos estados da União. Com algumas reeleições e outros indo para segundo turno, veja como ficaram as votações em cada estado.

Eleitos em primeiro turno:

Acre – Gladson Cameli (PP) – 56,75%

Roraima – Antônio Denarium (PP) – 56,47%

Amapá – Clécio (SD) – 53,69%

Pará – Hélder (MDB) – 70,41%

Mato Grosso – Mauro Mendes (União) – 68,45%

Maranhão – Carlos Brandão (PSB) – 51,29%

Tocantins – Wanderlei Barbosa (REP) – 58,14%

Goiás – Ronaldo Caiado (União) – 51,81%

Distrito Federal – Ibaneis Rocha (MDB) – 50,30%

Piauí – Rafael Fonteles (PT) – 57,17%

Ceará – Elmano De Freitas (PT) – 54,02%

Rio Grande do Norte – Fátima Bezerra (PT) – 58,31%

Minas Gerais – Zema (Novo) – 56,18%

Rio de Janeiro – Cláudio Castro (PL) – 58,67%

Paraná – Carlos Massa Junior (PSD) – 69,64%

Segundo turno:

Alagoas – Paulo Dantas (MDB – 46,64%) x Rodrigo Cunha (União – 26,79%)

Amazonas – Wilson Lima (União – 42,80%) x Eduardo Braga (MDB – 21,00%)

Bahia – Jerônimo (PT – 49,45%) x ACM Neto (União – 40,80%)

Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB – 46,94%) x Manato (PL – 38,48%)

Mato Grosso do Sul – Capitão Contar (PRTB – 26,71%) x Eduardo Riedel (PSDB – 25,16%)

Paraíba – João (PSB – 39,65%) x Pedro Cunha Lima (PSDB – 23,90%)

Pernambuco – Marília Arraes (SD – 23,97%) x Raquel Lyra (PSDB – 20,58%)

Rio Grande do Sul – Onyx Lorenzoni (PL – 37,50%) x Eduardo Leite (PSDB – 26,81%)

Rondônia – Marcos Rocha (União – 38,88%) x Marcos Rogério (PL – 37,05%)

Santa Catarina – Jorginho Mello (PL – 38,61%) x Décio Lima (PT – 17,42%)

São Paulo – Tarcísio de Freitas (REP – 42,32%) x Fernando Haddad (PT – 35,70%)

Sergipe – Rogério Carvalho (PT – 44,70%) x Fábio (PSD – 38,91%)

Bolsonarismo consolida força

Além da arrancada de Bolsonaro na corrida presidencial, as votações para o Congresso e aos governos dos estados expuseram a força dos aliados do presidente. Como diz aquele ditado “treino é treino, jogo é jogo”, a equipe treinada por Lula chegou à final acreditando que sairia vitorioso com alguma tranquilidade, porém sofreu um empate no último lance da partida e agora encara um adversário ainda mais motivado para a prorrogação. Inclusive, foi dessa forma que Lula se referiu ao segundo turno, como “apenas uma prorrogação”.

Neste sentido, o Partido Liberal, ao qual Bolsonaro é filiado, conta agora com uma bancada ampla na Câmara dos Deputados e no Senado, mais o “Centrão”, base aliada que apoia o governo, e outros partidos com viés inclinado ao presidente. Em discurso após a apuração dos votos, o presidente afirmou que a legenda deve angariar cadeiras na Mesa Diretora das casas e a disputa para a presidência do Senado será definitivamente colocada para avaliação. Dos 27 senadores eleitos, 14 pertencem a partidos pró-Bolsonaro, 8 pró-Lula e 5 independentes. A eleição de vários nomes apoiados por Bolsonaro, como Hamilton Mourão (senador pelo Rio Grande do Sul), Damares Alves (senadora pelo Distrito Federal), Marcos Pontes (senador por São Paulo) e Tereza Cristina (senadora pelo Mato Grosso do Sul), alguns deles como surpresa e desbancando nomes apoiados por Lula, também consolidam apoio ao presidente em caso de vitória. Na Câmara dos Deputados, o bolsonarismo também teve bom desempenho, com Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles vitoriosos em São Paulo, sem mencionar outros nomes que já integraram o atual governo.

A votação no governo estadual também trouxe vitórias para Bolsonaro. Em São Paulo, por exemplo, a surpresa foi Tarcísio de Freitas passar para o segundo turno à frente do candidato do PT Fernando Haddad. Em Minas Gerais, Romeu Zema foi reeleito em primeiro turno, mais um exemplo que, apesar do afastamento do presidente ao longo dos anos, pode ser um importante fator para Bolsonaro captar votos no estado em que foi derrotado por Lula. No Rio Grande Sul, a surpresa foi Onyx Lorenzoni que desbancou Eduardo Leite e passou para o segundo turno liderando as votações.

A caminho do 2º turno

De olho no dia 30 de outubro, a expectativa, por enquanto, fica no aguardo dos posicionamentos de Simone Tebet e Ciro Gomes. A terceira colocada geral afirmou que já tem um posicionamento e não irá se omitir, mas pediu uns dias para declarar seu apoio até falar com os líderes de partidos. Por outro lado, Ciro também pediu uns dias para pensar e se privou a dizer que o Brasil vive um momento complexo.

Lula, que manteve o discurso confiante de que sairá vitorioso dessas eleições, contudo, enfrentou ontem seu primeiro revés. Isso, pois terá mais dificuldade para governar caso ganhe, precisando fazer um aceno maior para o centrão e trabalhar com uma agenda mais ortodoxa, tendo mais dificuldade para aprovar projetos que deseja. Na outra ponta, Bolsonaro e seus aliados foram os vencedores do primeiro domingo de eleições. Apesar de estar atrás de Lula e ter muito chão para tirar a desvantagem, ele teve muito mais votos do que as projeções apontavam e viu seus aliados formar maioria no Congresso. Em caso de triunfo, por já ter relacionamento com o centrão e agora com o apoio de aliados, teria maior facilidade para fazer manobras e aprovar pautas, especialmente no campo econômico, que antes ficavam travadas.

Do lado de Lula, a campanha de segundo turno começa com o ex-presidente e seus eleitores absorvendo o impacto de compreender que a disputa será mais acirrada do que o esperado e como farão para puxar os votos que ficaram com a natimorta “terceira via”. Do outro lado, Bolsonaro terá que tirar a desvantagem de votos para o opositor, seja com o apoio da força de seus aliados nos governos estaduais e no Congresso Nacional, seja com a conversão de parte dos eleitores de Tebet e Ciro. Ele já afirmou que sua estratégia será, adicionalmente à pauta de costumes, tangibilizar os feitos nos campos econômico e social do seu primeiro mandato.  

O mercado, sempre pragmático, comemora a possibilidade da continuidade do atual governo em um ambiente de maior suporte às reformas vinda da nova composição do Congresso Nacional. Nossas posições se beneficiaram bastante do resultado, em particular nosso aumento tático da exposição à renda variável. Agora, a expectativa fica para o próximo domingo mais importante do ano, no dia 30 de outubro. Continuaremos atentos às oportunidades e riscos!

Até a próxima!

Eduardo Castro
CIO – Chief Investment Officer
PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE

“Ação e Reação” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO, que retrata fatos importantes, urgentes e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

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