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A diversificação e a internacionalização dos investimentos são duas tarefas muito importantes para quem busca proteger e ampliar seu patrimônio ao longo dos anos. O investidor que fica restrito somente aos ativos e produtos que o mercado brasileiro oferece está perdendo inúmeras oportunidades em mercados maduros e economias fortes. 

Relembrando como a “bola rolou” em 2022, o mercado global foi marcado pelos recordes de inflação nas principais economias do mundo, com destaque para os Estados Unidos e a Europa, e a corrida dos bancos centrais em elevar as taxas de juros para tentar controlar a rápida alta dos preços.

Nos Estados Unidos, o pico da inflação aconteceu em julho, quando subiu a 9,1% em 12 meses, nível mais alto em 40 anos. Correndo atrás do prejuízo, o Federal Reserve, banco central americano, aumentou a taxa de juros básica do intervalo de 0% a 0,25% para 4,5% a 4,75%. Neste período, foram oito altas consecutivas, sendo 4 delas de 0,75 ponto percentual, o aperto monetário mais rápido desde a década de 1980.

A decisão desta quarta-feira (1) elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para o atual patamar de 4,5% a 4,75% . A reação do mercado foi positiva com a divulgação de mais uma alta, mas o tom por parte dos americanos ainda foi de cautela.

A decisão unânime do comitê reforça a preocupação com o descontrole da inflação, mesmo com a desaceleração apresentada nas recentes leituras. O Banco Central americano seguirá aumentando as taxas até ver sinais mais fortes do controle inflacionário. 

No comunicado, o Fed atribuiu à guerra na Ucrânia como um dos principais fatores do aumento de preços, já que o confronto segue “provocando dificuldades humanas e econômicas, contribuindo com o aumento de incertezas”. Apesar da sinalização de mais altas futuramente, o comitê afirmou que irá basear as próximas decisões conforme os indicadores econômicos, dando flexibilidade para ajustar sua estratégia e atingir suas metas.

Resumidamente, na Europa, o cenário não foi tão diferente. Por lá, a Zona do Euro também atingiu picos históricos de inflação ao longo do ano e a taxa de juros ainda tem perspectivas de subir.

Entrando em 2023, a inflação continua sendo assunto de atenção e vai ter participação significativa no rumo dos mercados globais ao longo deste ano. Simultaneamente, o mercado fica de olho em uma possível recessão comprada ao elevar as taxas de juros e, se ocorrer, o quão forte ela será? 

Em meio a toda essa conjuntura, a autoridade monetária americana precisa lidar com o risco de “pesar a mão” no aperto monetário e desencadear uma recessão desnecessária para a maior economia do mundo. Há duas semanas, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou que as perspectivas de um “pouso suave” (desaceleração do crescimento sem provocar uma recessão) melhoraram acentuadamente na economia americana. 

Ele ainda ressaltou que o Fed precisa agir de maneira forte, pois há possibilidades da inflação voltar, e, neste cenário, medidas mais fortes teriam que ser tomadas. Os agentes econômicos se manterão atentos quanto ao rumo da taxa de juros neste ano, principalmente nos Estados Unidos. 

Além disso, a China vai consolidando seu movimento de volta. O crescimento da economia chinesa, entre outros fatores, ficou em xeque com a rígida política de controle contra o coronavírus que restringiu a locomoção de inúmeras pessoas e famílias e impôs lockdown em importantes cidades do país. 

A política de Covid-zero foi abandonada abruptamente no fim de 2022 após manifestações da população eclodirem pela China. Com a flexibilização das medidas, o número de casos cresceu e acendeu o alerta das autoridades de saúde. Segundo dados divulgados pela Comissão Nacional de Saúde, houve uma queda de 44,3% no número de pacientes graves com Covid e diminuição de 72% das mortes diárias em relação à primeira semana do ano. O temor agora fica com a proliferação de uma nova onda nas áreas rurais, onde as condições sanitárias, como falta de médicos e infraestrutura hospitalar, dificultam o combate à doença.

Por outro lado, do ponto de vista econômico, a medida é um alívio e, mesmo com o aumento no número de casos da doença, a perspectiva é de continuidade da reabertura da economia. E a retomada da China é um bom sinal para o Brasil, dado o aumento na procura por commodities.

O governo chinês entrou em 2023 aparentemente mais tolerante com as contaminações de coronavírus e inclinado em voltar a fazer a máquina girar em um ritmo econômico mais acelerado após o Escritório Nacional de Estatística divulgar que o PIB do país asiático cresceu 3% em 2022, abaixo da meta estipulada pelo governo em 5,5%, e apresentou uma forte desaceleração em relação a 2021, quando cresceu 8,4%.

A China ainda enfrenta como desafio a turbulenta relação com Washington, com a tentativa americana de barrar gigantes de tecnologia chinesas para dificultar e obstruir o desenvolvimento do país em diversos âmbitos – incluindo o militar -, passando pela “guerra dos chips”, que teve momentos de maior apreensão após a visita de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan. 

Enquanto no Brasil acompanhamos as incertezas advindas de um novo governo, lá fora seguem as expectativas para saber se o processo de desaceleração da inflação irá se concretizar e quais serão os resultados dos rigorosos apertos monetários nas principais economias do mundo. Por fim, a retomada chinesa e o acompanhamento das contaminações de coronavírus também estão no radar.

(Conteúdo atualizado em 01/02/2023)

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