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A eleição presidencial entre Lula e Jair Bolsonaro foi o foco do mercado ao longo do mês de outubro. A eleição mais disputada e polarizada de todos os tempos terminou com a vitória do candidato do PT, Luíz Inácio Lula da Silva, com 50,9% dos votos, enquanto o atual presidente, Jair Bolsonaro, com 49,1%. Este resultado decretou a vitória de Lula, numericamente, com a maior votação desde a redemocratização, com 60.345.999 votos.

E escancara um país completamente dividido politicamente. Foi a primeira vez em que um candidato foi eleito pela terceira vez à presidência da República na história, a primeira em que um presidente não consegue a reeleição, além da quinta eleição vencida pelo PT para comandar o Brasil.

Fonte: globo.com

O petista chegou ao segundo turno como o favorito a assumir o Executivo, após vencer o primeiro turno. Mais apertada do que as pesquisas previam, a diferença entre os dois candidatos foi a menor entre todas as corridas presidenciais da nossa história e manteve a escrita de que nunca um candidato que chegou ao segundo turno na segunda posição, conseguiu reverter o resultado. Apesar de levantar certa apreensão devido à Bolsonaro se manter em silêncio desde a formalização de sua derrota nas urnas (até o momento desta edição 17h50 de 31.10.2022), aliados do presidente, como a senadora Damares Alves (Republicanos), o senador Sérgio Moro (União Brasil), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o governador de MG Romeu Zema (Novo), já se manifestaram reconhecendo a vitória de Lula, reduzindo o temor de uma contestação dos resultados. O que se viu, no entanto, foram bloqueios nas estradas no Brasil realizados por caminhoneiros bolsonaristas contrários ao resultado das urnas.

Ao analisar a votação nos estados, num comparativo entre o segundo turno de 2018 e de 2022, os estados nordestinos se mantiveram como as principais forças do PT e as maiores vantagens sobre Bolsonaro. Também na comparação entre as duas últimas campanhas, Jair Bolsonaro perdeu força em alguns estados importantes, como Minas Gerais, onde, em 2022, Lula também venceu. A região em questão tem uma importância histórica, já que é o segundo maior colégio eleitoral e nunca um candidato que perdeu no estado ganhou as eleições. Neste ano, não foi diferente. Já no maior colégio eleitoral do Brasil, o estado de São Paulo, Bolsonaro, apesar de vencer, teve um desempenho pior que na eleição anterior, um reflexo da perda de popularidade do atual presidente.

Mercado

O que se viu na abertura dos mercados passou a impressão de que muito desse cenário já havia sido precificado. Do ponto de vista da Bolsa de Valores, os ajustes estão mais ligados às empresas que são mais influenciadas pelo governo Lula, como as estatais. 

As votações e as novas composições da Câmara dos Deputados e do Senado Federal trouxeram tranquilidade ao blindar o país em eventuais aventuras mais populistas de um governo da esquerda, que precisará fazer um aceno maior para o centrão e trabalhar com uma agenda mais ortodoxa, com mais dificuldade para aprovar projetos que deseja.

O Partido Liberal, ao qual Bolsonaro é filiado, conta com uma bancada ampla na Câmara dos Deputados e no Senado. Dos 27 senadores eleitos, 14 pertencem a partidos pró-Bolsonaro, 8 pró-Lula e 5 independentes. A eleição elegeu vários nomes do centro-direita e extrema-direita, como Hamilton Mourão (senador pelo Rio Grande do Sul), Damares Alves (senadora pelo Distrito Federal), Marcos Pontes (senador por São Paulo) e Tereza Cristina (senadora pelo Mato Grosso do Sul). Na Câmara, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles vitoriosos em São Paulo, são alguns dos nomes que farão oposição ao governo Lula.

Neste sentido, é importante ficar atento a como será tratada a questão do orçamento secreto, pois estará muito relacionada com a governabilidade do próximo presidente. Em seu discurso após a vitória, Lula fez algumas sinalizações ao dizer que irá governar para todos, e não somente para aqueles que votaram nele.

Com o próximo presidente definido, questões como o valor do Auxílio Brasil, a desoneração dos combustíveis e as indicações de diretoria do Banco Central são algumas das questões relevantes a serem solucionadas. A transição traz um cuidado maior ao mercado, que ficará de olho em qual será a composição da equipe econômica de Lula.

Governadores

O último domingo também definiu as eleições para governadores. 15 estados já haviam definido seus representantes em primeiro turno, mas outros 12 foram encaminhados para o segundo turno. Confira como ficou cada região:

Eleitos em primeiro turno:

Acre – Gladson Cameli (PP) – 56,75%

Roraima – Antônio Denarium (PP) – 56,47%

Amapá – Clécio (SD) – 53,69%

Pará – Hélder (MDB) – 70,41%

Mato Grosso – Mauro Mendes (União) – 68,45%

Maranhão – Carlos Brandão (PSB) – 51,29%

Tocantins – Wanderlei Barbosa (REP) – 58,14%

Goiás – Ronaldo Caiado (União) – 51,81%

Distrito Federal – Ibaneis Rocha (MDB) – 50,30%

Piauí – Rafael Fonteles (PT) – 57,17%

Ceará – Elmano De Freitas (PT) – 54,02%

Rio Grande do Norte – Fátima Bezerra (PT) – 58,31%

Minas Gerais – Romeu Zema (Novo) – 56,18%

Rio de Janeiro – Cláudio Castro (PL) – 58,67%

Paraná – Carlos Massa Junior (PSD) – 69,64%

Eleitos em segundo turno:

Alagoas – Paulo Dantas (MDB) – 52,33% 

Amazonas – Wilson Lima (União) – 56,65%

Bahia – Jerônimo (PT) – 52,79%

Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB) – 53,80%

Mato Grosso do Sul – Eduardo Riedel (PSDB) – 56,90%

Paraíba – João Azevêdo (PSB) – 52,51%

Pernambuco – Raquel Lyra (PSDB) – 58,70%

Rio Grande do Sul – Eduardo Leite (PSDB) – 57,12%

Rondônia – Coronel Marcos Rocha (União) – 52,59%

Santa Catarina – Jorginho Mello (PL) – 70,69%

São Paulo – Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 55,27%

Sergipe – Fábio Mitidieri (PSD) – 51,70%

Ouça o call estratégico de nosso CIO, Eduardo Castro, e nossa equipe de gestão sobre o resultado das eleições.

No terceiro mandato do petista há alguns pontos importantes que devemos esperar, como mais gastos públicos, Reforma Tributária, a realocação do Brasil na política internacional – Lula é mais bem-visto no exterior do que Bolsonaro – e maior intervenção em setores regulados. Ainda sem a definição de quem serão seus ministros, principalmente no caso da Economia, essa questão será monitorada de perto por agentes econômicos, assim como alguma sinalização quanto à responsabilidade fiscal, já que ele afirmou ser contra o teto de gastos.

O mercado em sua abertura sinalizou uma relativa calma. Olhando para frente, muitos pontos que estão em questionamento também seriam discutidos independentemente de quem fosse o vencedor, como, por exemplo, as eleições para presidentes da Câmara e do Senado. Portanto, trabalhamos com um cenário relativamente positivo do ponto de vista econômico. No campo doméstico, a nossa análise é de estabilidade e de manutenção de posições, ressaltando que não deixamos de olhar o internacional, o qual estamos gradualmente começando a ficar mais otimistas, como parte muito importante das nossas decisões.

De forma geral, as carteiras estão preparadas para se manterem conservadoras, em caso de deterioração do cenário interno e externo, ou aumentar os riscos, se tivermos sinalizações positivas lá de fora e no Brasil. E sempre ter em mente a importância do planejamento de longo prazo, apesar das notícias e ações de impacto no dia a dia.

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