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Federal Reserve eleva taxa de juros pela oitava vez consecutiva

Federal Reserve eleva taxa de juros pela oitava vez consecutiva

Em linha com o esperado, o Federal Reserve elevou a taxa de juros básica em 0,25 ponto percentual, para o patamar de 4,5% a 4,75%, o oitavo aumento consecutivo. A reação do mercado foi positiva com a divulgação de mais uma alta, mas o tom por parte dos americanos ainda foi de cautela.

A decisão unânime do comitê reforça a preocupação com o descontrole da inflação, mesmo com a desaceleração apresentada nas recentes leituras. O Banco Central americano seguirá aumentando as taxas até ver sinais mais fortes do controle inflacionário. 

No comunicado, o Fed atribuiu à guerra na Ucrânia como um dos principais fatores do aumento de preços, já que o confronto segue “provocando dificuldades humanas e econômicas, contribuindo com o aumento de incertezas”. Apesar da sinalização de mais altas futuramente, o comitê afirmou que irá basear as próximas decisões conforme os indicadores econômicos, dando flexibilidade para ajustar sua estratégia e atingir suas metas.

Causa e Efeito | Às vezes, sorte pode ser melhor que ter juízo. Juízo Fiscal

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Pragmatismo: são variadas as definições. Mas, doutrinas filosóficas à parte, ser pragmático significa ter seus objetivos muito claros e basear suas atitudes na direção de ter estes alcançados, independentemente de dogmas ou ideologias. Nosso presidente Lula, que caminha para completar o primeiro mês do seu terceiro mandato, sempre foi, por muitos, estereotipado como exemplo de pragmatismo, animal político. A despeito das convicções partidárias, ele sempre foi percebido como aquele que pôs o propósito à frente das demandas da base mais ortodoxa do seu partido.

Banco Central independente e congresso nacional com maioria de centro-direita têm sido as salvaguardas do chamado “mercado”, contrapontos a um possível governo potencialmente mais populista. Todavia, desde a posse, os sinais emitidos pelo atual governo têm sido, no mínimo, surpreendentes. O “nós contra eles” tomou novas proporções no discurso recorrente do presidente eleito.  Uma falsa dicotomia entre a responsabilidade para com os gastos públicos e a necessidade de se atender a urgente agenda social, foi criada. E mais que isso, incentivada em sua percepção nas falas do presidente.

A “vilanização” do teto de gastos criado no governo Temer, foi o mantra repetido por interlocutores do novo governo. O ex-presidente foi explicitamente acusado de ter promovido um golpe, que se golpe fosse, não teria sido aprovado pela maioria qualificada dos parlamentares que hoje negociam a governabilidade diretamente com o presidente Lula. Tudo isso referendado pelo pleno do Supremo Tribunal Federal. 

E por falar em “vilanização”, o malvado favorito da vez se materializou na figura etérea do mercado financeiro. “Desumanos”, “sem coração”, “desprovidos de sensibilidade e humanismo”, foram alguns dos adjetivos proferidos pelo presidente eleito enquanto se referindo aos agentes econômicos. “Banco Central independente? Para quê?” “Juros a 13,75% enquanto a inflação está 6,5%-7,5%, por quê?” “O empresário ganha dinheiro não porque trabalhou, mas sim porque os trabalhadores dele trabalharam”. No mínimo nos causa estranheza um comentário nessa direção, uma vez que, segundo o SEBRAE, a população beneficiada por empreendedores que conduzem pequenos negócios no Brasil, supera a população da França, Reino Unido, África do Sul e Argentina. Faz tempo que o Brasil se tornou um país de pequenos empresários e empreendedores, responsáveis estes pela geração da maioria das vagas formais de emprego nos últimos meses.

Poderíamos nos estender mais aqui: BNDES voltando a financiar “investimentos” em países vizinhos, revisão da TLP com juros subsidiados, a volta do parafiscal. Essas atitudes e discurso nos parecem pragmáticos? Depende do que imaginamos ser, segundo a definição de pragmatismo, os objetivos do presidente eleito. Diferentemente do que se poderia esperar, atender as expectativas do mercado parece não ser o objetivo primeiro do presidente nesse momento. Responsabilidade fiscal, sim. Agora, talvez não. E é aqui que está o risco.

A zero de jogo, o novo governo optou por despender de capital político, negociando a aprovação da PEC da Transição, proposta de emenda constitucional que, na verdade, oficializa um perdão para se gastar, de forma permanente, aproximadamente 2% do PIB. Política pública? Não, atendimento das promessas de campanha. 

Mas, o ponto essencial aqui nos parece ser a confirmação de pragmatismo por parte do novo presidente em, a despeito da saúde fiscal estrutural, atender às expectativas, não do mercado financeiro, mas daqueles que o elegeram. Na prática, a urgência de curto prazo será manter o nível de aprovação do governo em níveis aceitáveis para se garantir ao executivo federal o apoio popular mínimo necessário para governar com maior tranquilidade. Não podemos esquecer que o pleito foi vencido por magra maioria. Limitando a nossa análise ao que foi descrito até aqui, o cenário prospectivo para investimentos em ativos domésticos não poderia ser pior.

Às vezes, como dizem os americanos, “better be lucky than smart”. O mundo desenvolvido transita para um ambiente de desinflação, já é possível antever o fim do ciclo do aumento de juros nos Estados Unidos e na Europa, principalmente a Alemanha, equacionou as restrições energéticas impostas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. E para coroar esse cenário mais benigno, a China, a despeito do recente surto da Covid-19, fez a opção pela reabertura da sua economia com todas as externalidades positivas que essa decisão irá gerar sobre o crescimento mundial e preços de commodities.

Domesticamente o cenário não poderia ser mais incerto e temerário. Um cenário externo favorável, ilusoriamente, poderá passar a impressão ao governo, via o preço do câmbio, de que as escolhas econômicas adotadas parecem referendadas pelo mercado. E aqui mora o perigo. O discurso até agora é ruim e a sinalização de que a política econômica é decidida pelo presidente e executada pela Fazenda, é péssima.

Ter sorte é sempre bom, uma dádiva. Depender dela, depender do cenário externo benigno, é uma escolha. Às vezes, ter sorte pode ser melhor que ter juízo, juízo fiscal. Veremos.

Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office e escreve mensalmente esta Carta de Gestão, “Causa e Efeito”, que traz a sua visão estratégica sobre os principais fatos dos mercados e seus impactos.

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Importante: Este é um conteúdo Portofino Multi Family Office, não partidário, sem viés ou intenções políticas.

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Movimentações globais para 2023

#Portofinonamidia

Federal Reserve eleva taxa de juros pela oitava vez consecutiva

Linhas Globais: Movimentos para 2023

A diversificação e a internacionalização dos investimentos são duas tarefas muito importantes para quem busca proteger e ampliar seu patrimônio ao longo dos anos. O investidor que fica restrito somente aos ativos e produtos que o mercado brasileiro oferece está perdendo inúmeras oportunidades em mercados maduros e economias fortes. 

Relembrando como a “bola rolou” em 2022, o mercado global foi marcado pelos recordes de inflação nas principais economias do mundo, com destaque para os Estados Unidos e a Europa, e a corrida dos bancos centrais em elevar as taxas de juros para tentar controlar a rápida alta dos preços.

Nos Estados Unidos, o pico da inflação aconteceu em julho, quando subiu a 9,1% em 12 meses, nível mais alto em 40 anos. Correndo atrás do prejuízo, o Federal Reserve, banco central americano, aumentou a taxa de juros básica do intervalo de 0% a 0,25% para 4,5% a 4,75%. Neste período, foram oito altas consecutivas, sendo 4 delas de 0,75 ponto percentual, o aperto monetário mais rápido desde a década de 1980.

A decisão desta quarta-feira (1) elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para o atual patamar de 4,5% a 4,75% . A reação do mercado foi positiva com a divulgação de mais uma alta, mas o tom por parte dos americanos ainda foi de cautela.

A decisão unânime do comitê reforça a preocupação com o descontrole da inflação, mesmo com a desaceleração apresentada nas recentes leituras. O Banco Central americano seguirá aumentando as taxas até ver sinais mais fortes do controle inflacionário. 

No comunicado, o Fed atribuiu à guerra na Ucrânia como um dos principais fatores do aumento de preços, já que o confronto segue “provocando dificuldades humanas e econômicas, contribuindo com o aumento de incertezas”. Apesar da sinalização de mais altas futuramente, o comitê afirmou que irá basear as próximas decisões conforme os indicadores econômicos, dando flexibilidade para ajustar sua estratégia e atingir suas metas.

Resumidamente, na Europa, o cenário não foi tão diferente. Por lá, a Zona do Euro também atingiu picos históricos de inflação ao longo do ano e a taxa de juros ainda tem perspectivas de subir.

Entrando em 2023, a inflação continua sendo assunto de atenção e vai ter participação significativa no rumo dos mercados globais ao longo deste ano. Simultaneamente, o mercado fica de olho em uma possível recessão comprada ao elevar as taxas de juros e, se ocorrer, o quão forte ela será? 

Em meio a toda essa conjuntura, a autoridade monetária americana precisa lidar com o risco de “pesar a mão” no aperto monetário e desencadear uma recessão desnecessária para a maior economia do mundo. Há duas semanas, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou que as perspectivas de um “pouso suave” (desaceleração do crescimento sem provocar uma recessão) melhoraram acentuadamente na economia americana. 

Ele ainda ressaltou que o Fed precisa agir de maneira forte, pois há possibilidades da inflação voltar, e, neste cenário, medidas mais fortes teriam que ser tomadas. Os agentes econômicos se manterão atentos quanto ao rumo da taxa de juros neste ano, principalmente nos Estados Unidos. 

Além disso, a China vai consolidando seu movimento de volta. O crescimento da economia chinesa, entre outros fatores, ficou em xeque com a rígida política de controle contra o coronavírus que restringiu a locomoção de inúmeras pessoas e famílias e impôs lockdown em importantes cidades do país. 

A política de Covid-zero foi abandonada abruptamente no fim de 2022 após manifestações da população eclodirem pela China. Com a flexibilização das medidas, o número de casos cresceu e acendeu o alerta das autoridades de saúde. Segundo dados divulgados pela Comissão Nacional de Saúde, houve uma queda de 44,3% no número de pacientes graves com Covid e diminuição de 72% das mortes diárias em relação à primeira semana do ano. O temor agora fica com a proliferação de uma nova onda nas áreas rurais, onde as condições sanitárias, como falta de médicos e infraestrutura hospitalar, dificultam o combate à doença.

Por outro lado, do ponto de vista econômico, a medida é um alívio e, mesmo com o aumento no número de casos da doença, a perspectiva é de continuidade da reabertura da economia. E a retomada da China é um bom sinal para o Brasil, dado o aumento na procura por commodities.

O governo chinês entrou em 2023 aparentemente mais tolerante com as contaminações de coronavírus e inclinado em voltar a fazer a máquina girar em um ritmo econômico mais acelerado após o Escritório Nacional de Estatística divulgar que o PIB do país asiático cresceu 3% em 2022, abaixo da meta estipulada pelo governo em 5,5%, e apresentou uma forte desaceleração em relação a 2021, quando cresceu 8,4%.

A China ainda enfrenta como desafio a turbulenta relação com Washington, com a tentativa americana de barrar gigantes de tecnologia chinesas para dificultar e obstruir o desenvolvimento do país em diversos âmbitos – incluindo o militar -, passando pela “guerra dos chips”, que teve momentos de maior apreensão após a visita de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan. 

Enquanto no Brasil acompanhamos as incertezas advindas de um novo governo, lá fora seguem as expectativas para saber se o processo de desaceleração da inflação irá se concretizar e quais serão os resultados dos rigorosos apertos monetários nas principais economias do mundo. Por fim, a retomada chinesa e o acompanhamento das contaminações de coronavírus também estão no radar.

(Conteúdo atualizado em 01/02/2023)

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PIB chinês registra 2ª pior taxa desde 1976

PIB chinês registra 2ª pior taxa desde 1976

O PIB (Produto Interno Bruto) da China, divulgado pelo Escritório Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês), cresceu 3% em 2022, abaixo da meta estipulada pelo governo em 5,5%, e apresentou uma forte desaceleração em relação a 2021, quando cresceu 8,4%. O resultado de 2022 é o segundo pior em quase 50 anos, atrás apenas de 2020 – ano da pandemia -, no qual o crescimento foi de 2,2%.

No quarto trimestre do último ano, o PIB chinês cresceu 2,9% em relação ao mesmo período de 2021, mas inferior ao ritmo de 3,9% do terceiro trimestre de 2022.

O crescimento da economia chinesa, entre outros fatores, ficou em xeque com a rígida política de controle contra o coronavírus que restringiu a locomoção de inúmeras pessoas e famílias e impôs lockdown em importantes cidades do país. A política de Covid-zero foi abandonada abruptamente no fim de 2022 após manifestações da população eclodirem pela China. Com a flexibilização das medidas, o números de casos cresceu e acendeu o alerta das autoridades de saúde, por outro lado, do ponto de vista econômico, a medida é um alívio e, mesmo com o aumento no número de casos da doença, a perspectiva é de continuidade da reabertura da economia.

O governo chinês entrou em 2023 aparentemente mais tolerante com as contaminações de coronavírus e inclinado em voltar a fazer a máquina girar em um ritmo econômico mais acelerado.

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Portofino Insights | Inflação no Brasil e nos Estados Unidos

IPCA fecha 2022 com alta de 5,79%

O IBGE divulgou, nesta terça-feira (10), que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, avançou 0,62% em dezembro. Dessa forma, a inflação acumulada fechou 2022 em 5,79%, abaixo dos 10,06% acumulados em 2021, mas acima da meta estabelecida, a qual era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

De acordo com o IBGE, em dezembro, a maior variação (1,60%) e impacto (0,21 p.p.) foram de Saúde e cuidados pessoais. O resultado de 2022, por outro lado, foi impactado, principalmente, pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que, no acumulado do ano, teve o maior impacto (2,41 p.p.).

Na carta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dirigida a Fernando Haddad, ele listou que a inércia da inflação do ano anterior, elevação dos preços de commodities (em especial do petróleo), desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais, choques em preços de alimentação – resultantes de questões climáticas – e a retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo acentuado declínio da quantidade de casos de Covid-19 e consequente aumento da mobilidade, foram os fatores que contribuíram para que a inflação estourasse o teto da meta.

Por outro lado, Campos Neto também destacou que vários fatores, como redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, comportamento da bandeira de energia elétrica – que passou de escassez hídrica para bandeira verde – e melhora do câmbio, reduziram o desvio da inflação em relação à meta.

O presidente da autoridade monetária ainda destacou que a politica monetária “avançou substancialmente no terreno contracionista em 2022”.

As projeções condicionais do BC são de que a inflação acumulada em quatro trimestres prossiga a trajetória de queda ao longo de 2023, terminando o ano em patamar inferior ao de 2022. No Relatório de Inflação de dezembro de 2022, as projeções condicionais apontam para inflação de 5,0% em 2023 (queda de cerca de 0,8 p.p. em relação à inflação observada em 2022), 3,0% em 2024 e 2,8% em 2025, ante metas para a inflação de 3,25%, 3,00% e 3,00%, respectivamente.

Além disso, sobre o prazo para que a inflação termine dentro da meta, Campos Neto escreveu que “em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”.

De maneira geral, os dados divulgados acima do esperado somam-se a piora das expectativas do mercado acerca da trajetória do IPCA para os próximos anos. A apreensão advinda dos riscos fiscais trazidos pelo posicionamento do novo governo, vêm se materializando em uma desancoragem inflacionária que pode mudar o rumo da política monetária.

Diante desse ambiente macroeconômico de grande incerteza, reduzimos taticamente a exposição à essa classe de ativo, devido ao risco de mercado, vis a vis, o retorno esperado, não fazer jus à alocação estrutural nesta classe.

Inflação americana recua em dezembro e fecha 2022 com alta de 6,5%

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, em inglês) dos Estados Unidos recuou 0,1% em dezembro, segundo os dados divulgados, nesta quinta-feira (12), pelo Departamento do Trabalho americano, em linha com o esperado. No acumulado do ano em 2022, a inflação americana fechou com alta de 6,5%, redução em relação a 2021, quando houve alta de 7%, se confirmando como o menor aumento em 12 meses desde o período encerrado em outubro de 2021.

Ao longo do ano, em junho, o CPI atingiu a máxima de 9,1%, patamar que não era registrado há 40 anos, na época do choque do petróleo nos anos 70 e 80. Entretanto, o recuo na taxa acumulada foi o sexto consecutivo.

Em 2022, o Federal Reserve (banco central americano) elevou os Fed Funds – similar à taxa Selic – para o patamar de 4,25% e 4,5% ao ano. Em 2023, a expectativa de agentes do mercado é de novas altas, mas em ritmo menor do que o último ano. A projeção da autoridade monetária para os juros em 2023 é de 5,1%.

Na ata da última reunião, realizada nos dias 13 e 14 de dezembro de 2022, os membros do comitê disseram que “manter a política monetária restritiva por um período sustentado até que a inflação esteja claramente em direção a 2% é apropriado do ponto de vista da gestão de risco”. 

Dentre os motivos que contribuíram para o aperto da pressão inflacionária, o Fed ressaltou as consequências dos desequilíbrios entre oferta e demanda decorridos da pandemia de Covid-19 e os impactos econômicos e humanitários da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Gestão Dinâmica | Inflação acima da meta com a nossa visão estratégica

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O IBGE divulgou, nesta terça-feira (10), que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, avançou 0,62% em dezembro. Dessa forma, a inflação acumulada fechou 2022 em 5,79%, abaixo dos 10,06% acumulados em 2021, mas acima da meta estabelecida, a qual era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

De acordo com o IBGE, em dezembro, a maior variação (1,60%) e impacto (0,21 p.p.) foram de Saúde e cuidados pessoais. O resultado de 2022, por outro lado, foi impactado, principalmente, pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que, no acumulado do ano, teve o maior impacto (2,41 p.p.).

Na carta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dirigida a Fernando Haddad, ele listou que a inércia da inflação do ano anterior, elevação dos preços de commodities (em especial do petróleo), desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais, choques em preços de alimentação – resultantes de questões climáticas – e a retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo acentuado declínio da quantidade de casos de Covid-19 e consequente aumento da mobilidade, foram os fatores que contribuíram para que a inflação estourasse o teto da meta.

Por outro lado, Campos Neto também destacou que vários fatores, como redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, comportamento da bandeira de energia elétrica – que passou de escassez hídrica para bandeira verde – e melhora do câmbio, reduziram o desvio da inflação em relação à meta.

O presidente da autoridade monetária ainda destacou que a politica monetária “avançou substancialmente no terreno contracionista em 2022”.

As projeções condicionais do BC são de que a inflação acumulada em quatro trimestres prossiga a trajetória de queda ao longo de 2023, terminando o ano em patamar inferior ao de 2022. No Relatório de Inflação de dezembro de 2022, as projeções condicionais apontam para inflação de 5,0% em 2023 (queda de cerca de 0,8 p.p. em relação à inflação observada em 2022), 3,0% em 2024 e 2,8% em 2025, ante metas para a inflação de 3,25%, 3,00% e 3,00%, respectivamente.

Além disso, sobre o prazo para que a inflação termine dentro da meta, Campos Neto escreveu que “em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”.

De maneira geral, os dados divulgados acima do esperado somam-se a piora das expectativas do mercado acerca da trajetória do IPCA para os próximos anos. A apreensão advinda dos riscos fiscais trazidos pelo posicionamento do novo governo, vêm se materializando em uma desancoragem inflacionária que pode mudar o rumo da política monetária.

Diante desse ambiente macroeconômico de grande incerteza, reduzimos taticamente a exposição à essa classe de ativo, devido ao risco de mercado, vis a vis, o retorno esperado, não fazer jus à alocação estrutural nesta classe.