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Ação e Reação | Rússia x Ucrânia

Ação e Reação | Rússia x Ucrânia

Tempo de Leitura: 10 minutos.

Família Portofino,

Na madrugada do Brasil, desta quinta-feira (24), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma “ação militar especial” na Ucrânia, visando “desmilitarizar o país” vizinho, ordenando um “baixar armas” aos militares ucranianos. A tensão entre os dois países começou com a aproximação entre a Ucrânia e a Otan (aliança militar intergovernamental formada por 30 países, criada em meio a Guerra Fria, e existente até hoje). Desde então, as manchetes dos jornais repercutem o tema bem de perto. 

Este movimento fez com que Vladimir Putin enviasse tropas rumo à fronteira da Rússia com a Ucrânia, posicionando soldados e equipamentos militares. A todo momento, Putin se posicionou afirmando que se tratava somente de “exercícios militares”, contudo países do Ocidente, especialmente os Estados Unidos, afirmavam que o presidente pretendia atacar o país ucraniano.

Ao longo das últimas semanas, diversos diplomatas de países europeus se reuniram com o presidente russo para tentar achar uma saída diplomática para o impasse no leste europeu. As exigências russas para o fim do conflito incluíam uma declaração de que a Ucrânia nunca se aliaria à Otan e o recuo das tropas da aliança militar.

Nesta semana, o que já era tenso ficou ainda mais, após a Rússia reconhecer a independência de Donetsk e Luhansk, áreas separatistas da Ucrânia, e enviar tropas em “missão de paz” para garantir a segurança das duas áreas. O movimento foi visto como uma violação flagrante do direito internacional.

Foi a partir disso que ocorreram as primeiras sanções ao governo russo, o que fez Putin afirmar que uma resposta “forte e dolorosa” seria dada. Foi então que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia.

Confira: Conheça os Fundos de Investimento Exclusivos: Veja como funcionam e para quem são indicados

O que se sabe até agora sobre o combate militar?

  • Dezesseis regiões da Ucrânia estão sob ataques, incluindo a capital Kiev, onde explosões e mísseis já foram registrados;
  • Ucrânia informou que mais de 50 pessoas foram mortas durante os primeiros ataques, incluindo civis;
  • Kiev tem estradas congestionadas com cidadãos tentando fugir, falta de combustíveis, mercados lotados e estações de trens cheias. A estimativa é que cerca de 1 milhão de refugiados busquem asilo nos países vizinhos como Polônia, Romênia e Hungria;
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu que os cidadãos ajudem a defender a Ucrânia e permitiu que, quem tiver arma, utilize para ajudar no confronto;
  • Governo da Ucrânia informou que seis aviões russos foram abatidos;
  • Espaço aéreo ucraniano fica vazio após início de confronto;
  • Vladimir Putin afirmou que quem interferir no confronto entre os países terá consequências como nunca vistas.
  • De acordo com Anton Gerashchenko, conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia, “invasores” acessaram a zona fechada de Chernobyl;
  • A Rússia afirmou ter destruído 74 instalações militares ucranianas.

Os EUA e a Otan já haviam dado a entender que medidas serão tomadas. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, comunicou que o país americano e seus aliados responderão de forma unida e decisiva.

Confira algumas das sanções que já foram tomadas contra o país do leste europeu.

  • O impedimento da negociação de novos papéis da dívida pública russa em mercados ocidentais imposto pelos Estados Unidos;
  • A interrupção, por parte da Alemanha, do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, ligando o país à Rússia;
  • Sanções econômicas direcionadas a cinco bancos e a elite russa, entre eles três bilionários russos pelo Reino Unido, impedindo estes últimos de viajar para o país e congelando seus respectivos ativos congelados;
  • A proibição de todos os integrantes da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, que aprovaram a independência dos territórios ucranianos de Donetsk e Luhansk, de viajar pela União Europeia e o congelamento de quaisquer investimentos financeiros destes indivíduos no bloco, sanção esta aplicada conjuntamente pelos países membros;
  • Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, declarou que os países devem cancelar a dependência de petróleo e gás natural da Rússia, além de dizer convocará amanhã uma reunião da Otan;
  • O ministro disse após os ataques que o Reino Unido criará lei para banir exportações à Rússia e congelará ativos de mais de 100 entidades, além de outras medidas que serão anunciadas;
  • A União Europeia anunciará um pacote para bloquear o acesso dos russos a tecnologias e setores econômicos estratégicos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou, na tarde desta quinta-feira (24), sobre os conflitos no leste europeu e anunciou algumas das sanções que serão impostas contra a Rússia.

Biden disse que a Rússia não poderá negociar em dólares, euro e iene, terão medidas sobre o rublo (moeda do país), limitará as transações em dólar das empresas russas, entre outras. Em outras palavras, o pacote de medidas visa sufocar a indústria e os bancos russos.

O democrata afirmou em seu pronunciamento que Putin não quer apenas anexar a Ucrânia, mas, sim, a antiga União Soviética. Em suma, no seu discurso, ele afirmou que “esta será a maior sanção econômica da história […] Os EUA vão defender todos seus aliados da região. A Otan está mais unida e determinada do que nunca”.

Agora, partindo para o cenário econômico, o desenrolar deste conflito e as possíveis sanções que serão impostas aos russos podem gerar impactos econômicos graves para diferentes países, incluindo o Brasil.

A seguir, veja uma lista de como o mercado reagiu com os primeiros passos da  guerra e o que pode ocorrer nos próximos dias, a depender de como o conflito se desenrole.

  • O índice de medo subiu mais de 20%, maior nível de tensão desde setembro de 2020;
  • As bolsas de valores caíram ao redor do mundo. A bolsa de valores russa chegou a despencar 50%, com a moeda do país atingindo a mínima histórica. Em Nova Iorque, as bolsas de valores se recuperaram após as falas de Joe Biden;
  • Como era de se esperar, as commodities dispararam. O petróleo chegou a atingir US$ 105, maior patamar nos últimos sete anos;
  • No cenário europeu, uma guerra pode aumentar ainda mais a crise energética no continente, visto que a Rússia é responsável por distribuir cerca de ⅓ de todo o gás natural consumido no continente;
  • No Brasil, o impacto seria representado em um aumento da pressão inflacionária, principalmente nos preços dos combustíveis e da alimentação. A Rússia é uma das principais produtoras e exportadoras de petróleo do mundo. Desta forma, uma redução na oferta aumentaria os preços. No caso da alimentação, Rússia e Ucrânia são produtores estratégicos de milho e trigo, e possíveis sanções podem elevar os já elevados preços ainda mais no mercado internacional. Quando se trata especificamente do trigo, a Rússia se apresenta como a maior exportadora da “commodity” no mundo, com quase 20% do volume total em bilhões de dólares;
  • O Brasil importa muitos insumos usados na fabricação de fertilizantes advindos da Rússia. Uma sanção econômica no país europeu pode ser prejudicial para o agronegócio;
  • No mercado financeiro, a aversão ao risco dos investidores pode fazer com que recursos sejam direcionados para economias mais seguras, extraindo recursos dos emergentes, como o Brasil;
  • A bolsa de valores brasileira pode apresentar queda, mesmo sendo composta por ativos de commodities, mas que podem não sustentar a alta, sozinhos, e o dólar pode voltar a se valorizar;
  • O maior aperto inflacionário, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo, fará com que os bancos centrais elevem os juros, dificultando, ou retardando, um possível crescimento econômico;
  • A redução da oferta de metais preciosos no mercado global, a exemplo da platina, matéria-prima utilizada em inúmeras indústrias, englobando desde a produção de automóveis até a fabricação de fios dentais, e consequente aumento do preço do material.

Apesar dos últimos acontecimentos, ainda não se sabe o que pode realmente acontecer. Neste sentido, podemos dizer que o avanço do conflito armado pode desencadear diferentes níveis de sanções à Rússia. Alguns economistas do mercado avaliam que os movimentos russos foram bem pensados, dizendo que os mesmos agiram para proteger a economia e poder continuar o avanço militar mesmo com sanções. O respaldo chinês é um fator muito importante neste caso.

A resposta dos mercados acabou por surpreender visto que, depois de uma abertura bastante pressionada, as bolsas de valores, por exemplo, apresentaram forte recuperação ao longo do dia. De certa forma, parte do risco da efetivação do conflito já estava precificada nos ativos e do ponto de vista das carteiras, já vínhamos com posições neutras  privilegiando ativos de renda fixa com bom carregamento. 

Ainda é muito cedo para dizer, mas já é razoável inferir que alguma pressão sobre a inflação no mundo via preços de energia e alguma desaceleração na atividade econômica poderão ser verificadas. Crise humanitária à parte, vamos observar se o conflito se mantém circunscrito à  região o que poderá a vir ser absorvido pelos mercados sem maiores impactos sobre os preços de ativos. A conferir.

Eduardo Castro

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Officer) na Portofino Multi Family Office. ”Ação e Reação” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO, que retrata fatos importantes, urgentes e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

Conteúdo produzido por Portofino Multi Family Office.

Causa e Efeito | 19.02.2022

Causa e Efeito | 19.02.2022

Tempo de leitura: 5 mins

Família Portofino,

Tempos estranhos esses…

Lá fora, os bancos centrais dos países desenvolvidos exercitam sua criatividade e tentam desarmar a bomba do chamado “quantitative easing”. Tudo isso sem sermos empurrados para uma recessão global ou ser deflagrada uma expressiva correção dos preços dos ativos. Na verdade, essa estratégia de injeção massiva de liquidez começou a ser testada a partir de 2008. Naquela época, os bancos centrais se viram obrigados a navegar por mares nunca antes navegados implementando uma estratégia de política monetária pouquíssimo convencional e de certa forma inédita.  

Com objetivo de evitar que o colapso do mercado financeiro, pós crise das hipotecas americanas (Crise do Subprime), conduzisse a economia mundial na direção de algo semelhante ao que se viveu em 1929, os bancos centrais decidiram basicamente imprimir dinheiro, expandir seus balanços para, então, usar essa liquidez na compra de títulos de longo prazo. Desta forma, se garantiu que as taxas de juros se mantivessem baixas e em alguns momentos, negativas. Isso mesmo, por mais estranho que possa parecer, o investidor que desejasse investir seus recursos na segurança dos títulos soberanos de países desenvolvidos, teria que remunerar os tesouros destes países. A história nós conhecemos, recursos quase que inesgotáveis, migraram para ativos de maior risco.

Até 2019, os quatro maiores bancos centrais do mundo, Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Europa, cresceram seus balanços do nada para inimagináveis 15 trilhões de dólares. Não por coincidência, experienciamos um dos mais longos bull markets. Nesse período, o S&P 500 subiu inacreditáveis 160%, em outras palavras, 11% ao ano por pouco mais de 11 anos.

E aí, surgiu a Covid-19. O que esses bancos centrais fizeram? Praticamente dobraram a aposta em pouco mais de dois anos. Aumentaram sua munição em 11 trilhões de dólares, expandiram o universo de títulos de renda fixa elegíveis à compra e tudo isso em menos de 2 anos. Contudo, dessa vez a conta chegou. A combinação dos efeitos da pandemia sobre a regularidade das cadeias produtivas mundiais, com o aumento da demanda de bens, serviços, commodities, ativos reais e financeiros, deflagraram um dos maiores, se não o maior processo inflacionário globalizado da nossa história contemporânea.


Como se isso não fosse suficientemente complexo, do lado doméstico flertamos mais uma vez com o precipício da irresponsabilidade fiscal. Desde a implosão do teto dos gastos, no segundo semestre do ano passado, perdemos a garantia de que um autodenominado governo liberal jamais ameaçaria o arcabouço fiscal vigente. Do outro lado do espectro ideológico, a outra candidatura provável no segundo turno das eleições presidenciais, recentemente afirmou que o Brasil não necessitava da reforma da previdência e tampouco da trabalhista e que ambas aconteceram por pressão do setor empresarial. Independente se de direita ou de esquerda, populismo é populismo. E na ausência, pelo menos por enquanto, de uma terceira via competitiva e viável, este ambiente está longe de ser animador.


Dito isso, os ativos brasileiros deveriam estar sendo impactados, certo? Errado! O Real é hoje destaque de valorização no ano e nossa bolsa também se apresenta entre as que mais sobem. Óbvio que nossos fundamentos não explicam essa performance. A complexidade do cenário externo que discorremos acima forçaram os investidores globais a rebalancearem seus portfólios reduzindo suas exposições em mercados desenvolvidos, buscando alternativas que atendessem a algumas condições. Países que já se encontravam em estágio avançado no processo de aumento de juros proporcionando, portanto, um carregamento favorável, que tivessem sua moeda depreciada e seus mercados de ações apresentassem companhias com preços historicamente atrativos, preferencialmente nos setores de commodities, foram os escolhidos da vez. Brasil, Chile, Peru, Colômbia e África do Sul foram alguns dos beneficiados por essa rotação.

Isso tudo para colocar em perspectiva a enorme complexidade do atual momento que vivemos e da necessidade de nos mantermos cautelosos, porém atentos às oportunidades.

Nas nossas carteiras continuamos a privilegiar ativos de renda fixa de crédito privado, premiados de um lado, mas com sólida estrutura de garantias ou protegidos por robusta subordinação do outro. Continuamos com o nosso portfólio de ações mais defensivo. Recentemente, iniciamos a elevação da nossa exposição em fundos multimercados, pois estes têm se provado mais aparelhados para rapidamente adequar suas posições à volatilidade dos mercados que certamente permanecerá em níveis elevados.

E muitos diziam, no fim do ano passado, que o nosso grande desafio seria navegar um ano de eleições majoritárias.

Ainda nem mencionamos os impactos sobre a economia global, caso se chegasse às vias de fato, o conflito entre Rússia e Ucrânia. 

Tempos estranhos esses…

Aproveite seu fim de semana!

Eduardo Castro

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Officer) na Portofino Multi Family Office.

 ”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

O que são Fundos de Investimentos Exclusivos e como aplicar?

O que são Fundos de Investimentos Exclusivos e como aplicar?

Todo bom investidor deveria parar alguns minutinhos do seu dia para conhecer o fundo exclusivo. Afinal, a personalização desse investimento somado aos seus inúmeros privilégios pode fazer toda diferença na hora de o seu patrimônio se multiplicar.  

Não por acaso, esse fundo de investimento vem se consagrando e se tornando um dos preferidos entre os investidores espalhados por diversas partes do mundo e que possuem patrimônios elevados.

Então, para que você possa entender como funciona o fundo exclusivo, quais são os seus benefícios e se ele é realmente a melhor opção de investimento para você, preparamos este conteúdo! Continue a leitura e descubra como aumentar os seus bens!

O que são fundos exclusivos?

Os fundos de investimentos exclusivos, ou simplesmente fundos exclusivos, consistem em modalidades de investimento destinadas a um único cotista. Isso quer dizer que eles são exclusivos, como o próprio nome já diz.

Assim, em sua estrutura, eles são exatamente como os fundos tradicionais do mercado. No entanto, a sua diferença se pauta justamente no fato de eles terem apenas um investidor e, é claro, de contarem com uma personalização.

Nesse sentido, todas as características de um fundo exclusivo são personalizadas e estão alinhadas com o perfil e os objetivos de seu único investidor.

Convém mencionar que, nessa modalidade de investimento, é necessário ter uma reserva elevada de capital. Os fundos exclusivos são ideais para investidores com patrimônio superior a R$10 milhões, pois esse é o valor mínimo para aporte. 

Diferenças entre fundo restrito e fundo exclusivo

Em razão da semelhança entre ambos, muitos investidores confundem o fundo restrito com o fundo exclusivo. Entretanto, são modalidades que apresentam distinções referente à quantidade de cotistas suportada.

Enquanto o fundo exclusivo é direcionado para apenas um cotista, como já mencionado, o fundo restrito pode contar com mais de um, desde que essas pessoas possuam relações entre si, seja essa profissional, familiar ou afetiva.

Convém mencionar ainda que a modalidade de investimento restrito é indicada para um grupo empresarial ou familiar de até 20 pessoas, na qual uma delas deve ser escolhida para realizar a gestão do fundo.  

o que são fundos de investimentos exclusivos

Como funciona um fundo exclusivo?

O fundo exclusivo tem a mesma estrutura e funcionamento que um fundo tradicional. A única diferença é que não poderão entrar outros cotistas, obviamente.

Nesse sentido, esse fundo deve ser registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Ambas são instituições responsáveis por regular o mercado financeiro.

Além disso, para que o fundo exclusivo possa se constituir, é necessário que o cotista tenha qualificação, isto é, que seja um investidor profissional.

Outra importante premissa é que o cotista encontre profissionais/instituições capacitados para administrar e gerir os recursos do seu fundo e viabilizá-lo. Assim, são necessários:

  • Administrador: instituição financeira que organiza o fundo para que ele funcione em consonância com as normas necessárias.
  • Gestor de recursos: instituição que define onde os recursos serão aplicados e os movimenta, sempre de acordo com as estratégias adotadas junto ao investidor.
  • Custodiante: instituição que garante que os ativos do fundo estejam seguros.
  • Auditor independente: empresa ou profissional capacitado responsável por auditar as operações contábeis do fundo.

Quando o fundo exclusivo já estiver constituído, então o investidor poderá solicitar ao seu gestor que aplique o capital em qualquer ativo que seja de seu interesse. 

Custos para abertura

Para abrir um fundo exclusivo é necessário um aporte inicial de, no mínimo, R$10 milhões.  Por isso mesmo, essa é uma modalidade de investimento indicada para quem possui uma quantidade considerável e elevada de patrimônios.  

como funciona fundo exclusivo

Quais os tipos de fundos exclusivos?

Basicamente, os fundos exclusivos se dividem em dois principais modelos: abertos e fechados. Eles apresentam diferenças com relação à incidência no imposto de renda, prazos para resgate, entre outras questões que veremos adiante!

Abertos 

Nos fundos exclusivos abertos, tanto as aplicações quanto os resgates podem ser feitos em qualquer ocasião pelo cotista.

Além disso, há o come-cotas semestralmente e alíquotas regressivas de imposto de renda, ambas com exceção para os fundos de ação. Vale dizer que o seu prazo de vigência é indeterminado e que não é permitida a transferência de cotas. 

Fechados 

Com a aprovação da Lei nº 14.754 de 2023, a partir de 2024, existe a incidência do come-cotas semestral de 15% IRPF, nos meses de maio e novembro de cada ano, para fundos de longo prazo. Em relação a resgates e aportes, há a limitação de dois resgates e aportes por ano.

Além disso, esse fundo possui um prazo determinado de encerramento, que pode, no entanto, ser prorrogado caso seja da vontade do investidor. Convém mencionar ainda que a transferência de cotas é permitida por meio de termo de cessão. 

Quais os principais benefícios?

Graças à exclusividade e personalização presentes no processo, o fundo exclusivo apresenta inúmeros benefícios para o investidor que decide apostar nessa modalidade de investimento.

Listamos todas essas vantagens abaixo para que se torne possível visualizá-las e descobrir se esse fundo atende às suas expectativas.  

Governança

A governança é um dos principais benefícios conferidos pelo fundo exclusivo. Afinal, o cotista tem completo controle quanto à operação do seu investimento. Inclusive, cabe destacar que é possível contar com relatórios individualizados.

Naturalmente, esse poder e controle do investidor sobre o fundo de investimento permite que ele participe ativamente da sua gestão e tenha total segurança quanto à transparência dos processos e trâmites envolvidos.  

Blindagem patrimonial

Uma outra vantagem que também vale ser destacada é a blindagem patrimonial, que está totalmente interligada à governança e à gestão individual do fundo.

Isso quer dizer que, como tudo no investimento será feito pensando apenas nos resultados do único acionista, é possível encontrar as melhores maneiras de proteger e ampliar o seu patrimônio.

E sabe-se que proteção e segurança são questões almejadas por todo investidor, não é verdade? 

Sucessão

O fundo exclusivo também pode ser uma excelente oportunidade de otimizar o planejamento sucessório. Isso porque esse investimento permite que o cotista faça transferências diretas para os seus herdeiros. Basta definir quantas cotas cada um herdará.

O interessante é que, enquanto estiver vivo, o investidor continua mantendo o direito de usufruto do seu fundo de investimento, mas com a tranquilidade de que a sua vontade será cumprida na sua ausência. 

Eficiência tributária

Com relação à tributação, o fundo exclusivo também se mostra consideravelmente vantajoso quando comparado a outros tipos de investimentos.

Em primeiro lugar, porque esse fundo é isento de imposto de renda nas movimentações internas. Ou seja, os recursos podem ser migrados de um ativo para o outro dentro do fundo sem que impostos ou custos adicionais incidam sobre o patrimônio.

Mas, além disso, outro grande benefício é que o fundo exclusivo gera um novo CNPJ. Dessa forma, o investidor consegue se aproveitar de outras vantagens tributárias oferecidas para pessoa jurídica. 

Gestão de Investimentos Integrada

Um último benefício que podemos citar sobre o fundo exclusivo, porém não menos importante, é a sua característica relacionada à gestão de investimentos integrada.

Afinal, como mencionamos, esse é um investimento gerido e administrado por uma equipe de profissionais qualificados e de sua confiança.

Dessa forma, como cada um dos integrantes da equipe é especialista em uma área, a gestão do seu fundo tende a ser integrada, multidisciplinar e muito mais assertiva. Logo, os resultados também se tornam mais promissores.

como investir em fundos exclusivos

Para quem são indicados?

Os fundos exclusivos são a estratégia ideal para quem busca expandir o seu patrimônio de forma segura e não está satisfeito com as soluções mais comuns do mercado.

Em resumo, esses fundos servem para investidores com patrimônio superior a R$10 milhões e que tenham horizontes de investimentos mais longos.

Portanto, essa categoria é ideal para quem já dispõe de altos valores para investir e busca algo privado, aderente unicamente aos seus objetivos.

Além disso, por desvincular o dinheiro da pessoa física para a jurídica, essa modalidade de investimento também se torna ideal para quem deseja proteger o seu patrimônio. 

Restrições de investimento em fundos exclusivos

Apesar de serem poucas, existem sim algumas restrições para o investimento em fundos exclusivos. Por isso, quem se interessou por essa modalidade, precisa ficar atento e conferir se está dentro dos pré-requisitos.

Nesse sentido, as restrições de investimento são:

  • Valor de aporte inicial precisa ser superior a R$10 milhões: quem não tiver esse valor mínimo, não consegue realizar o investimento.
  • Obrigatoriedade de arcar com outros custos envolvidos, como auditoria, custódia, CVM etc.: quem não estiver disposto a ter essas e outras despesas, não deve investir nesse tipo de fundo.
  • Contraindicações de investimento: o fundo exclusivo não é indicado para produtos que são isentos de imposto de renda de pessoa física (IRRF).

Como investir com fundos de investimento exclusivos?

Antes de investir com fundos de investimento, é sempre importante realizar algumas simulações a fim de visualizar os seus ganhos com essa modalidade.

Nesse sentido, é ideal que você leve em consideração nessa simulação:

  • Valor aplicado
  • Prazo do investimento
  • CDI projetado
  • Rentabilidade CDI
  • Giro da carteira ao ano
  • Custo anual fixo

Convém saber que no custo anual fixo do seu fundo exclusivo estão incluídos:

  • SELIC – Sistema de Liquidação
  • Custódia
  • ANBIMA
  • CVM
  • KPMG
  • B3/CETIP

E, além desses valores, existem também os gastos que variam conforme o valor líquido mensal do patrimônio, que são: administrador e gestor de recursos.

Com relação aos ativos que podem compor o fundo, saiba que eles podem ser tanto de renda fixa quanto variável. É você quem decide! Obviamente, eles vão influenciar diretamente nos valores da sua simulação.

Alguns exemplos de investimento com o seu fundo exclusivo podem ser:

  • Ações: representam uma parte do capital social de uma empresa. Podem ser ordinárias, preferenciais ou units.
  • Câmbio: investimento em moedas estrangeiras, como o dólar.
  • Títulos públicos: emitidos pelo Tesouro Nacional, podem ser classificados em prefixado, Selic ou IPCA+.
  • Títulos privados: emitidos por instituições privadas, como os bancos. Alguns exemplos são o CDB, LCI, LCA, Debêntures e COE.
  • Multimercado: investimento composto por diferentes ativos, como ações e câmbio, ou títulos públicos e ações, entre outras combinações.

Esses são apenas alguns exemplos, existem muitos outros.

Além disso, convém mencionar que os melhores ativos para investir com o seu fundo exclusivo serão orientados pelo seu gestor de recursos. No entanto, você deve participar desse processo. Afinal, essa é uma gestão integrada e compartilhada!

vale a pena investir em fundos

Vale a pena constituir um fundo exclusivo?

Se você tem um patrimônio elevado e quer muito vê-lo se multiplicar, então é claro que essa opção de investimento vale a pena!

Afinal, o fundo exclusivo é um processo que te confere segurança, blindagem patrimonial, redução dos tributos e possibilita um planejamento sucessório impecável. Tudo isso sem falar da personalização e da própria exclusividade do investimento.

Portanto, para os investidores profissionais e que têm um bom aporte financeiro, essa é uma das melhores formas para investir e ter um bom e seguro retorno financeiro.

Mas por que só vale a pena se eu tiver uma alta quantia e for um profissional da área?

Porque essa é uma modalidade que demanda um investimento elevado. São muitos custos iniciais que podem pesar no bolso de quem não tem certo aporte e estrutura financeira.

Ademais, falando especificamente da questão profissional enquanto investidor, o fundo exclusivo demanda decisões importantes e pontuais por parte do cotista, principalmente por ele ser o único integrante do fundo.

Por todas essas questões, fica claro que sim, esse é um investimento que vale a pena, mas para pessoas que se enquadram no perfil e na proposta dessa modalidade. 

Como a Portofino Multi Family Office assessora a constituição de fundos exclusivos?

Cada cliente possui demandas que exigem uma estruturação específica de seus fundos exclusivos. Por isso, profissionais especializados devem ser procurados para melhor aconselhamento personalizado de investimento.

Pensando em garantir a segurança e uma maior rentabilidade do investidor, a Portofino Multi Family Office oferece aos seus clientes assessoria completa na gestão de recursos financeiros.

Para isso, a empresa estrutura seus processos em 5 principais etapas:

1. Levantamento de informações: nessa primeira etapa compreendemos as necessidades e objetivos do cliente. Ou seja, identificamos o perfil do investidor.

2. Elaboração da política de investimento: aqui, em conjunto com o investidor, definimos as melhores estratégias para a constituição do fundo e para a movimentação de sua carteira de ativos.

3. Alocação: os recursos do investidor são direcionados para o fundo exclusivo. Em outras palavras, é nessa etapa em que ocorre a aplicação na prática.

4. Gestão: essa etapa é contínua e permanente. Isso porque realizamos o balanceamento do investimento sempre que necessário, a fim de adequá-lo ao cenário do momento e impedir que o cliente tenha qualquer perda.

5. Prestação de contas: essa etapa deve ocorrer periodicamente para que o investidor tenha um conhecimento completo de toda a movimentação que foi realizada na sua carteira de ativos e visualize melhor os seus gastos e rendimentos.

Agora que você já sabe o que é, como funciona e os benefícios do fundo exclusivo, pode ter chegado à conclusão de que esse é o investimento ideal para o seu perfil.

Se esse for o caso, entre em contato conosco para te ajudarmos a planejar e a gerenciar da melhor forma o seu patrimônio.

E caso você considere que o fundo exclusivo não é o ideal para você, mas tem dúvidas de qual seria a melhor opção, saiba que a assessoria da Portofino também pode te ajudar nessa jornada de descobertas e de sucesso!

Conte com a assessoria da Portofino para auxiliá-lo na abertura e no gerenciamento do seu fundo exclusivo!

Causa e Efeito | 05.02.2022

Causa e Efeito | 05.02.2022

Tempo de Leitura: 4 minutos

Olá, Família Portofino.

Difícil fugir do assunto, visto que este tema vem ditando o comportamento dos mercados nas últimas semanas.

A mudança do tom dos bancos centrais quanto à dinâmica da inflação disseminada e a consequente necessidade de se acelerar e intensificar a retirada de estímulos vem causando extrema volatilidade. O último a capitular foi o Banco Central Europeu e sua presidente, Christine Lagarde, não descartou subir os juros ainda este ano.

A relevância do tema é tão grande que outras preocupações têm sido colocadas de lado. O reconhecimento da menor letalidade e baixa hospitalização dos infectados pela variante Ômicron, principalmente aqueles já vacinados, fez com que os mercados já atribuíssem um caráter endêmico para a pandemia. Para os mercados, é limitado o risco de impacto adicional ao processo de reabertura e a normalização da economia mundial. Isso sem falar do aumento significativo da tensão entre a Rússia e Ucrânia. Uma invasão russa ao território ucraniano teria impacto importante sobre os preços dos ativos. Espera-se consequentes sanções impostas pelos Estados Unidos e aliados à Rússia com reflexos sobre o preço do petróleo, agravando o problema da inflação.

A queda de braço entre as narrativas a respeito do impacto do aumento de juros sobre o crescimento continua. Ora o mercado embarca na tese de que a retirada dos estímulos apenas desacelerá a taxa de crescimento da economia global, ora o pêndulo se move para o temor de que a dose necessária para arrefecer o processo inflacionário terá um efeito recessivo sobre a atividade. Continuamos acreditando na redução do crescimento na margem, mas reconhecemos que essa incerteza continuará.

Esta última semana foi didática para descrever o momento em que vivemos. Nesse ambiente incerto quanto à condução da política monetária e com as empresas precificadas à perfeição, o escrutínio dos analistas nos resultados e no guidance de crescimento das mega techs americanas tem sido enorme. A constatação da queda de usuários ativos do Facebook fez com que o preço das ações da sua holding, Meta Plataforms, Inc., caísse incríveis 26%. Estamos falando de uma destruição de valor de mais de R$ 1,3 trilhões. Colocando em perspectiva, é como se o valor de mercado da Petrobras, Vale, Itaú e Bradesco somados, evaporasse em um único pregão.

Do outro lado da moeda, a Amazon foi reconhecida por diversificar suas receitas em outros negócios além do tradicional marketplace. Recuperando parte do impacto do Facebook do dia anterior e valorizando adicionalmente, a Amazon subiu 14% acrescentando cerca de 1 trilhão ao seu valor de mercado. E como se não fosse suficiente volatilidade para uma única semana, na sexta também foi divulgado o número de criação de empregos nos Estados Unidos, número esse que superou em mais de três vezes a projeção dos analistas. Os títulos americanos de 10 anos tiveram suas taxas superando os 1,92%, valor observado antes só no final de 2019 e hoje a curva precifica probabilidades iguais de um aumento de 0,25% ou 0,50% na próxima reunião de março. A despeito de toda essa volatilidade, o S&P 500 terminou a semana subindo 1,5%, ufa! 

A guerra de narrativas certamente continuará pelo menos até março, quando o banco central americano deverá iniciar o ciclo de elevação de juros. O comportamento da inflação será crucial para a definição de um cenário mais consensual. Enquanto isso, o pêndulo do mercado continuará a oscilar entre o otimismo e o desespero. Estamos do lado dos que acreditam na continuidade de um ambiente positivo para os ativos de risco, mas sem qualquer pudor em mudar de ideia e adaptar nossos portfólios para um cenário estruturalmente adverso. É como dizem popularmente: só não muda de ideias quem não as tem.

Um ótimo final de semana para você e sua família.

Eduardo Castro

“Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo para clientes Portofino, que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.

Por Eduardo Castro, CIO (Chief Investment Officer) Portofino Multi Family Office ®.

Acesse as cartas anteriores clicando aqui.

Causa e Efeito | 05.02.2022

Causa e Efeito | 22.01.2022

Tempo de Leitura: 4 mins.

Família Portofino,

Muitos de vocês já devem ter escutado ou lido em algum lugar a seguinte frase: “O câmbio foi criado por Deus para humilhar os economistas. Nunca se sabe para onde ele vai.” Essa pérola que parece ter sido cunhada pelo renomado economista, Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real, não poderia ser mais verdade nos dias de hoje.

Conversamos com todos os principais gestores do mercado brasileiro avaliando seus resultados do ano passado e discutindo as perspectivas e estratégias para 2022. Quando analisamos as principais explicações para os resultados mais recentes, chega-se fácil à conclusão de que a estratégia de moedas foi detratora de resultado para a grande maioria. E essa tem sida a realidade dos últimos anos, de todas as estratégias, essa é de fato a mais difícil de se operar e de se gerar resultados consistentes no longo prazo.

Em uma análise simplificada, três grandes pilares explicam o comportamento da taxa de câmbio: os fundamentos econômicos, o posicionamento dos agentes e as expectativas. Do lado dos fundamentos, analisa-se a relação entre muitas variáveis, entre elas o valor do que exportamos contra o que importamos (termos de troca), as contas externas, diferencial das taxas de juros dos países (carry), o diferencial de crescimento prospectivo, etc.

Do lado do posicionamento, temos todo o fluxo entre compradores e vendedores, sejam empresas exportadoras, investidores institucionais, indivíduos e o próprio banco central, além da sazonalidade desses fluxos. E quanto às expectativas, também simplificando, observa-se a variação de preços de ativos que expressam o risco de crédito do país. O mais comum deles é Credit Default Swap – CDS.

Reconheçamos que é de fato muitíssimo complexo e, tem sido particularmente complicado para a definição do comportamento do Real. Essa “criação divina”, faz alguns meses, vem humilhando de forma especial os economistas. Seus modelos estatísticos projetam um câmbio “justo” muito mais para US$/R$4,80, muito abaixo, portanto, do que se observa na média recente, valor esse que orbita os US$/R$ 5,60 nos últimos meses.

Na contramão dos mercados internacionais e despeito de todas as incertezas políticas, o Real foi recentemente uma das moedas que mais se valorizou frente ao dólar. De forma geral, todas as moedas de países exportadores de commodities em função da decisão do governo chinês de estimular o crescimento, vêm tendo performance diferenciada desde o início do ano. Beneficiando nossas exportações, o preço do minério de ferro subiu acima de 50% do mínimo atingido em meados de novembro passado e encontra-se hoje acima dos US$ 120 por tonelada.

Como gestores de carteiras, advogamos a favor da diversificação dos portfólios por isso recomendamos a dolarização de parte do patrimônio. Acreditamos que os níveis atuais, abaixo dos US$/R$ 5,40, são um bom ponto de entrada para parte da estratégia em dólar. É sempre difícil prever até quando os fundamentos, que corroboram de fato para continuidade do movimento de valorização do real, prevalecerão sobre as expectativas. Entretanto, nos preocupa as sinalizações recentes dadas pelo governo na direção de continuar a fragilizar as contas públicas, agora, por uma possível renúncia fiscal que poderá montar por volta de R$ 50 bilhões. O anúncio por parte do presidente de que se negocia uma nova PEC com o Congresso visando zerar o PIS/Cofins dos combustíveis, além de ter sido percebido como uma medida eleitoreira, já pressionou nossa curva de juros. Caso impacte o Real, a medida pode vir a se tornar contraproducente no intuito de se reduzir o preço dos combustíveis e impactar positivamente a inflação, isso tudo à custa de perdas importantes na arrecadação.

E como diz a música Engenho de Dentro do Jorge Ben Jor; “prudência, dinheiro no bolso e canja de galinha não faz mal a ninguém”!

Aproveitem o fim de semana.

Edu Castro
Chief Investment Officer
Portofino Multi Family Office

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Officer) na Portofino Multi Family Office.

”Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO que traz uma visão técnica sobre o que aconteceu no mundo, na semana e seus reflexos nos mercados financeiros globais.