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Macroview | Resultado das Eleições Presidenciais.

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A eleição presidencial entre Lula e Jair Bolsonaro foi o foco do mercado ao longo do mês de outubro. A eleição mais disputada e polarizada de todos os tempos terminou com a vitória do candidato do PT, Luíz Inácio Lula da Silva, com 50,9% dos votos, enquanto o atual presidente, Jair Bolsonaro, com 49,1%. Este resultado decretou a vitória de Lula, numericamente, com a maior votação desde a redemocratização, com 60.345.999 votos.

E escancara um país completamente dividido politicamente. Foi a primeira vez em que um candidato foi eleito pela terceira vez à presidência da República na história, a primeira em que um presidente não consegue a reeleição, além da quinta eleição vencida pelo PT para comandar o Brasil.

Fonte: globo.com

O petista chegou ao segundo turno como o favorito a assumir o Executivo, após vencer o primeiro turno. Mais apertada do que as pesquisas previam, a diferença entre os dois candidatos foi a menor entre todas as corridas presidenciais da nossa história e manteve a escrita de que nunca um candidato que chegou ao segundo turno na segunda posição, conseguiu reverter o resultado. Apesar de levantar certa apreensão devido à Bolsonaro se manter em silêncio desde a formalização de sua derrota nas urnas (até o momento desta edição 17h50 de 31.10.2022), aliados do presidente, como a senadora Damares Alves (Republicanos), o senador Sérgio Moro (União Brasil), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o governador de MG Romeu Zema (Novo), já se manifestaram reconhecendo a vitória de Lula, reduzindo o temor de uma contestação dos resultados. O que se viu, no entanto, foram bloqueios nas estradas no Brasil realizados por caminhoneiros bolsonaristas contrários ao resultado das urnas.

Ao analisar a votação nos estados, num comparativo entre o segundo turno de 2018 e de 2022, os estados nordestinos se mantiveram como as principais forças do PT e as maiores vantagens sobre Bolsonaro. Também na comparação entre as duas últimas campanhas, Jair Bolsonaro perdeu força em alguns estados importantes, como Minas Gerais, onde, em 2022, Lula também venceu. A região em questão tem uma importância histórica, já que é o segundo maior colégio eleitoral e nunca um candidato que perdeu no estado ganhou as eleições. Neste ano, não foi diferente. Já no maior colégio eleitoral do Brasil, o estado de São Paulo, Bolsonaro, apesar de vencer, teve um desempenho pior que na eleição anterior, um reflexo da perda de popularidade do atual presidente.

Mercado

O que se viu na abertura dos mercados passou a impressão de que muito desse cenário já havia sido precificado. Do ponto de vista da Bolsa de Valores, os ajustes estão mais ligados às empresas que são mais influenciadas pelo governo Lula, como as estatais. 

As votações e as novas composições da Câmara dos Deputados e do Senado Federal trouxeram tranquilidade ao blindar o país em eventuais aventuras mais populistas de um governo da esquerda, que precisará fazer um aceno maior para o centrão e trabalhar com uma agenda mais ortodoxa, com mais dificuldade para aprovar projetos que deseja.

O Partido Liberal, ao qual Bolsonaro é filiado, conta com uma bancada ampla na Câmara dos Deputados e no Senado. Dos 27 senadores eleitos, 14 pertencem a partidos pró-Bolsonaro, 8 pró-Lula e 5 independentes. A eleição elegeu vários nomes do centro-direita e extrema-direita, como Hamilton Mourão (senador pelo Rio Grande do Sul), Damares Alves (senadora pelo Distrito Federal), Marcos Pontes (senador por São Paulo) e Tereza Cristina (senadora pelo Mato Grosso do Sul). Na Câmara, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles vitoriosos em São Paulo, são alguns dos nomes que farão oposição ao governo Lula.

Neste sentido, é importante ficar atento a como será tratada a questão do orçamento secreto, pois estará muito relacionada com a governabilidade do próximo presidente. Em seu discurso após a vitória, Lula fez algumas sinalizações ao dizer que irá governar para todos, e não somente para aqueles que votaram nele.

Com o próximo presidente definido, questões como o valor do Auxílio Brasil, a desoneração dos combustíveis e as indicações de diretoria do Banco Central são algumas das questões relevantes a serem solucionadas. A transição traz um cuidado maior ao mercado, que ficará de olho em qual será a composição da equipe econômica de Lula.

Governadores

O último domingo também definiu as eleições para governadores. 15 estados já haviam definido seus representantes em primeiro turno, mas outros 12 foram encaminhados para o segundo turno. Confira como ficou cada região:

Eleitos em primeiro turno:

Acre – Gladson Cameli (PP) – 56,75%

Roraima – Antônio Denarium (PP) – 56,47%

Amapá – Clécio (SD) – 53,69%

Pará – Hélder (MDB) – 70,41%

Mato Grosso – Mauro Mendes (União) – 68,45%

Maranhão – Carlos Brandão (PSB) – 51,29%

Tocantins – Wanderlei Barbosa (REP) – 58,14%

Goiás – Ronaldo Caiado (União) – 51,81%

Distrito Federal – Ibaneis Rocha (MDB) – 50,30%

Piauí – Rafael Fonteles (PT) – 57,17%

Ceará – Elmano De Freitas (PT) – 54,02%

Rio Grande do Norte – Fátima Bezerra (PT) – 58,31%

Minas Gerais – Romeu Zema (Novo) – 56,18%

Rio de Janeiro – Cláudio Castro (PL) – 58,67%

Paraná – Carlos Massa Junior (PSD) – 69,64%

Eleitos em segundo turno:

Alagoas – Paulo Dantas (MDB) – 52,33% 

Amazonas – Wilson Lima (União) – 56,65%

Bahia – Jerônimo (PT) – 52,79%

Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB) – 53,80%

Mato Grosso do Sul – Eduardo Riedel (PSDB) – 56,90%

Paraíba – João Azevêdo (PSB) – 52,51%

Pernambuco – Raquel Lyra (PSDB) – 58,70%

Rio Grande do Sul – Eduardo Leite (PSDB) – 57,12%

Rondônia – Coronel Marcos Rocha (União) – 52,59%

Santa Catarina – Jorginho Mello (PL) – 70,69%

São Paulo – Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 55,27%

Sergipe – Fábio Mitidieri (PSD) – 51,70%

Ouça o call estratégico de nosso CIO, Eduardo Castro, e nossa equipe de gestão sobre o resultado das eleições.

No terceiro mandato do petista há alguns pontos importantes que devemos esperar, como mais gastos públicos, Reforma Tributária, a realocação do Brasil na política internacional – Lula é mais bem-visto no exterior do que Bolsonaro – e maior intervenção em setores regulados. Ainda sem a definição de quem serão seus ministros, principalmente no caso da Economia, essa questão será monitorada de perto por agentes econômicos, assim como alguma sinalização quanto à responsabilidade fiscal, já que ele afirmou ser contra o teto de gastos.

O mercado em sua abertura sinalizou uma relativa calma. Olhando para frente, muitos pontos que estão em questionamento também seriam discutidos independentemente de quem fosse o vencedor, como, por exemplo, as eleições para presidentes da Câmara e do Senado. Portanto, trabalhamos com um cenário relativamente positivo do ponto de vista econômico. No campo doméstico, a nossa análise é de estabilidade e de manutenção de posições, ressaltando que não deixamos de olhar o internacional, o qual estamos gradualmente começando a ficar mais otimistas, como parte muito importante das nossas decisões.

De forma geral, as carteiras estão preparadas para se manterem conservadoras, em caso de deterioração do cenário interno e externo, ou aumentar os riscos, se tivermos sinalizações positivas lá de fora e no Brasil. E sempre ter em mente a importância do planejamento de longo prazo, apesar das notícias e ações de impacto no dia a dia.

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Inflação ou Deflação?

Investimentos Internacionais: é o momento certo para investir lá fora?

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Investimentos Internacionais: é o momento certo para investir lá fora?

Com a definição das eleições aqui no Brasil e a baixa dos mercados no cenário externo, abre-se uma nova janela de oportunidade para a construção ou revisão da sua estratégia, visando os mercados de investimentos internacionais.

Dado isso, separamos 7 motivos para apoiá-lo nesta reflexão sobre internacionalizar parte do seu patrimônio:

  1. Alinhamento:
    Antes de tudo, é importante você saber que nosso objetivo não é convencê-lo a investir internacionalmente sem antes entendermos os seus objetivos ou realizarmos uma avaliação, revisão do seu perfil e horizonte de investimentos.
  2. Diversificação internacional e proteção do patrimônio com a dolarização:
    Aplicar seus recursos em investimentos internacionais é uma ótima maneira de diversificar seus ativos e possivelmente obter um retorno ainda maior com aplicações financeiras e ganhos excedentes com o câmbio. Afinal, os ganhos são em dólar, uma das moedas mais fortes do mundo. Além de proteger parte do seu patrimônio em economias mais resilientes, ou seja, menos sensíveis que a brasileira.
  3. Mercados maduros e economias fortes:
    O mercado brasileiro representa aproximadamente apenas 3% dos mercados financeiros globais, ou seja, outros 97% em oportunidades lá fora estão disponíveis para você. Ao investir de maneira internacional, você acessa mercados mais maduros que o brasileiro, outros mercados emergentes e também ações e índices compostos por grandes empresas (gigantes multinacionais) dos mais diversos setores como tecnologia, healthcare, consumo, bancário, entre outros. Enquanto no mercado brasileiro é possível investir em ações de apenas 400 empresas, nos Estados Unidos esse número ultrapassa 6 mil.
  4. Acesso aos melhores ativos:
    Nossa rede de relacionamentos alcança diversos parceiros também no exterior. Seja com os mais qualificados gestores de fundos, assets e grandes custodiantes, iremos estruturar a sua carteira com o que existe de melhor em ativos e oportunidades na Ásia, América, Europa, Oriente médio, no mundo todo. Lembre-se que, somos independentes, agnósticos na seleção de ativos e totalmente dedicados a você.
  5. Proteja-se de possíveis reveses na economia local:
    As incertezas político-econômicas do nosso país tornam esse risco ainda maior e a alternativa de enviar recursos para fora é um meio de descorrelacionar os seus recursos financeiros do que acontece aqui no Brasil.
  6. Investir no exterior não é crime.
    Devido à presença constante da palavra offshore na mídia, como protagonista em notícias sobre ocultação de patrimônios provenientes de ações criminosas, muita gente acabou criando uma visão negativa sobre investir no exterior. O que é um mito. Aqui na Portofino Multi Family Office você investirá dentro dos mais altos padrões, considerando as premissas regulatórias nacionais e internacionais, além de um trabalho de wealth planning para apoiá-lo na performance fiscal, tributária e até sucessória dos seus investimentos lá fora.
  7. Experiência e estrutura:
    Adriano Cantreva, sócio Portofino, nasceu no Brasil, mas, já viveu muito mais tempo no exterior, onde dirigiu empresas como JP Morgan, XP Inc. e Itaú. Por isso, conhece como ninguém os mercados financeiros globais e seus atalhos. Além de toda experiência, você contará com total suporte estratégico, relatórios unificados com as suas posições locais e internacionais bilingue, acesso a plataformas com os menores custos transacionais.

Vamos agendar uma conversa e revisar o seu planejamento?
Fale com o seu executivo de relacionamento ou entre em contato com a gente.

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Macroview – Resultado das Eleições Presidenciais no Brasil.

Inflação ou Deflação?

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IPO Porsche

IPO Porsche

Tempo de Leitura: 3 mins

A Oferta Pública Inicial (IPO) da Porsche foi lançada ontem (29.09.22) na Alemanha e, de acordo com o jornal The New York Times, está começando bem.
O IPO atingiu a Bolsa de Valores alemã e se tornou o maior da Europa em mais de uma década.

No lançamento, a Porsche AG teve uma valorização de US$ 72 milhões (R$ 388,8 milhões em conversão direta). A Reuters relata que as ações subiram durante o dia, atingindo um pico de US$ 84,85 antes de se estabelecerem a US$ 80,74. A venda das ações avaliou a montadora em 75 € bilhões. Quatro grandes investidores responderam por 40% da oferta, com 25% indo para as famílias Porsche e Piech. Não há nenhuma menção de quantas ações foram ofertadas no total; alguns veículos chegaram a cogitar que 911 milhões de ações poderiam compor a IPO, uma clara referência ao carro mais famoso da Porsche, o modelo 911.

Icônico modelo 911 da Porsche

A Porsche acelerou firme e cravou o maior IPO na Europa desde a suíça Glencore PLC – que levantou quase US$ 10 bilhões em 2011. O IPO da fabricante veio no momento em que o mercado europeu está muito estressado. Muitas empresas puxaram o freio de mão ao realizar novas ofertas em meio às incertezas que pairam sobre a economia europeia, com a guerra no leste do continente, a crise energética, inflação recorde e aumento da taxa de juros. Esse conjunto de fatores tem colocado muita pressão e elevado o receio de uma recessão no velho continente.

A Porsche, contudo, parece estar no caminho oposto dos dados negativos e do pessimismo que toma conta dos mercados. Em 2021, a fabricante bateu recordes com mais de 300 mil unidades vendidas e viu o crescimento na procura dos seus modelos 100% elétricos. E não parou por aí. Em 2022, no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, a marca superou os resultados, com lucro operacional de 3,48 €  bilhões e aumento no retorno sobre as vendas de 16,9% para 19,4%. O objetivo é investir o valor arrecadado para potencializar o desenvolvimento de seus carros elétricos e, consequentemente, rivalizar esse mercado com a Tesla.

Uma das marcas mais icônicas do mundo e objeto de desejo de muitas pessoas, a Volkswagen aproveitou esses argumentos para convencer potenciais investidores. O IPO da fabricante de carros vem em um momento bastante delicado da economia global. Motivada pelos números que apresentou no último ano, em plena recuperação de pandemia, e aos divulgados nos primeiros seis meses do ano, mesmo em um momento adversário, a Porsche mostra que confia na potência do seu motor.

Mais…

Um overview dos mercados, por nosso time de Gestão

Encontro com Lula e empresários em São Paulo

Nova área de Fusões e Aquisições Portofino MFO

Portofino MFO na mídia – as principais matérias com os nossos especialistas

Causa e Efeito | 23.09.22

Causa e Efeito | 23.09.22

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Família Portofino,

Vamos nos aproximando do fim de mais um mês e os principais assuntos continuam os mesmos, inflação e o ajuste necessário das taxas de juros ao redor do globo. Desta vez, a Super Quarta – decisão de juros no Brasil e nos Estados Unidos – agitou os mercados. Por aqui, Campos Neto e sua equipe decidiram pela manutenção da Selic em 13,75%. Algumas horas mais cedo, Jerome Powell informou mais um aumento de 0,75 ponto percentual – a terceira alta dessa magnitude e a quinta vez que os juros foram elevados por lá em 2022.

O combate à inflação continua, os bancos centrais seguem buscando controlar o processo inflacionário que afeta o mundo todo, sem exceção. Enquanto a alta de preços segue batendo recordes em muitas economias e as instituições se veem na obrigação de correr atrás do tempo perdido, o receio de uma recessão global segue fazendo barulho.

No nosso quintal, chegou o momento de dar uma pausa no aumento da Selic. O Brasil interrompeu o maior ciclo de alta da taxa de juros em 23 anos, saindo dos 2% em março de 2021 para os atuais 13,75%. Essa decisão de interromper o ciclo de altas só foi possível devido à antecipação da nossa autoridade monetária em antever que a inflação, que muitos países consideravam até então transitória, era muito mais severa e disseminada do que se imaginava. Sabe aquela expressão “meu passado me condena”? Pois bem, quando se trata de inflação o brasileiro é escolado e talvez isso tenha ajudado o BC a não brincar com o fogo.

O comunicado do COPOM deu sinais do que podemos encontrar mais adiante. Primeiramente, a decisão não foi unânime, dois membros votaram para um aumento de 0,25 ponto percentual, enquanto os outros sete membros, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, votaram pela manutenção. Além disso, o comunicado apontou que a taxa pode estacionar neste patamar por um período suficientemente prolongado. Contudo, a autoridade estará vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta caso a desinflação não ocorra como o esperado. 

Nos Estados Unidos, Jerome Powell teve a árdua missão de realizar mais um aumento de 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 3% a 3,25%. Antecipando seus próximos movimentos, o Fed já anunciou que novos ajustes serão necessários, reforçando o compromisso da autoridade em trazer a inflação de volta à meta de 2%. “Nós não podemos falhar em relação a isso [reduzir os índices de inflação]”, declarou Powell. Olhando o copo meio cheio, pelo menos a guerra está sendo travada: o banco central americano não vai descansar enquanto não observar sinais de desinflação. No lado do copo meio vazio, essa já foi a quinta alta neste ano e os índices seguem decepcionando. Principalmente a inflação de serviços ainda se mostra desancorada.

De volta à recessão, o presidente do Fed não mediu palavras ao dizer que um “pouso suave” é desafiador, “mas não trazer a inflação para baixo traria dores maiores mais adiante”. Como resposta, o mercado não digeriu bem os remédios prescritos pela autoridade monetária americana e segue amargando quedas desde ontem.

“Opositores, sim. Inimigos, nunca”

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva tem se posicionado desta forma ao ser questionado sobre a sua aliança com políticos, adversários em outras eleições do passado recente, com visões diferentes das suas. Nesta semana, oito ex-presidenciáveis se reuniram para demonstrar apoio a Lula. Dentre os políticos ligados mais à esquerda, como Luciana Genro e Guilherme Boulos, os de centro-direita, como Henrique Meirelles e Geraldo Alckmin, o partido de Lula segue apostando na “frente ampla pela democracia”.

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central / Foto: Valor Econômico

Apesar de ter sido apenas uma sinalização de apoio, o mercado não deixou de imaginar que o movimento possa ser uma abertura para que Meirelles venha a integrar a equipe ministerial de Lula. Nome respeitado e de credibilidade no cenário econômico global e importante na história econômica do nosso país, o ex-ministro foi o criador do teto de gastos, por exemplo. Esta aproximação do petista com Meirelles, neste momento bastante próximo das eleições, demonstra uma certa insegurança do PT e do seu candidato, mesmo com a diferença atual superior a 10 pontos percentuais, segundo o Datafolha.

Diferentemente do consenso de mercado, trabalhamos com uma certa assimetria positiva na definição das eleições. Apesar do favoritismo do ex-presidente Lula, estudos recentes mostram a candidatura de Bolsonaro em mais competitiva do que sinalizam a média das pesquisas eleitorais. Um posicionamento do PT mais ao centro amparado por figuras de histórico mais liberal como, por exemplo, o ex-ministro Henrique Meirelles ou uma possível reeleição do atual governo poderão destravar certo valor nos ativos brasileiros.

Movimentos táticos: Gestão Portofino MFO

O discurso de Powell foi mais “hawkish¹” do que o esperado,  e por ainda não saber quando os juros começarão a afetar a atividade ou qual será a taxa terminal, o mercado segue estressado e ainda observamos ajustes nos ativos internacionais. Com as projeções da taxa de juros da economia americana apontando para 4,4% ao final de 2022 e de 4,6% em 2023, o fim do ciclo de aumentos nos parece mais próximo. No atual nível de preços, principalmente a renda fixa começa a nos parecer atrativa.

No Brasil, mesmo com um comunicado mais duro vindo do presidente Roberto Campos Neto em relação ao combate contra a inflação, as discussões já migraram para a previsão do início do processo de redução de juros, provavelmente em meados do próximo ano. Desde que não haja nenhum novo fato global que provoque uma mudança brusca negativa no processo inflacionário externo, uma maior valorização do dólar ou que o cenário fiscal do país não se deteriore, o aumento das posições de risco nas carteiras começa a fazer sentido.

Por mais que tudo ainda pareça nebuloso quanto aos juros e à inflação, a nossa análise é que, por mais duras que tenham sido as duas autoridades monetárias, uma leitura mais analítica nos apresenta motivos para sermos otimistas, na margem. Já observamos uma luz no fim do túnel, nos resta saber se este túnel é de 1 ou 10 quilômetros.

Até a próxima!

Eduardo Castro
CIO – Chief Investment Officer
PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE

“Causa e Efeito” é um conteúdo exclusivo Portofino MFO.
Uma carta de gestão que traz uma visão técnica sobre o que acontece no mundo e os reflexos nos mercados financeiros globais.

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Legenda:
¹Hawkish
 e Dovish são condutas dos Bancos Centrais e governos em relação ao cenário econômico. Uma postura hawkish é caracterizada pela elevação de juros e contração monetária. Já a política dovish é marcada pela redução de juros e expansão da oferta de moeda. 

Roberto Campos Neto não descarta nova alta de juros

Roberto Campos Neto não descarta nova alta de juros

(Tempo de leitura: 4 mins)

Família Portofino,

O mercado passou esta terça-feira (06) repercutindo as falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no evento “Prêmio Valor 1000”, promovido pelo Jornal Valor Econômico, em São Paulo. Campos Neto falou muito sobre inflação e como ele enxerga o ciclo de aperto monetário no Brasil e no mundo.

Dentre suas falas de maior destaque, o presidente afirmou que o Brasil passará por três meses de deflação, contudo deixou claro que ainda há muito jogo pela frente e que o Banco Central não pensa em queda de juros no momento. O objetivo dos membros do BC segue em trazer a inflação para a meta.

Mesmo com a melhora recente do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), para ele, não há motivos para comemorar e atribuiu as melhores expectativas no curto prazo às medidas de desoneração tributária do governo. “A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande e a mensagem é que a gente precisa combater este processo”, disse Campos Neto.

Dito isso, ele comentou que os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) irão avaliar, na próxima reunião, em setembro, “um possível ajuste final” na taxa básica de juros. Atualmente em 13,75% ao ano, na ata da última reunião, o comitê expôs que avaliaria “a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”. “No Brasil, como começamos o processo de aperto monetário mais cedo e de maneira rápida, existe a percepção de que estamos no fim do processo e um dos únicos países em que o mercado espera cortes de juros. A gente não pensa em corte de juros no momento. Pensamos em finalizar o trabalho. Isso significa a convergência da inflação”, afirmou o presidente do BC.

Panorama global da inflação

No Brasil, a inflação já dá alguns sinais de arrefecimento, mesmo que em grande parte devido às medidas do governo. Por outro lado, Campos Neto disse haver muito do processo já realizado de alta de juros que ainda não fez efeito. Nos EUA, o processo inflacionário também é a maior preocupação por parte do Banco Central de lá, com Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, afirmando que o combate à inflação é prioridade por lá e que o país precisará de uma política monetária apertada “por algum tempo”.

Na Europa, a situação não é fácil. Muito pelo contrário. A inflação anual ao consumidor na Zona do Euro atingiu a máxima histórica de 9,1% em agosto no acumulado de 12 meses, pressionada pela disparada dos preços de energia em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. O cenário ficou ainda mais delicado no início desta semana, com os russos interrompendo o fornecimento de gás natural para a Europa até que as sanções impostas contra o país sejam suspensas. A notícia é mais um agravante para a alta de preços no continente, pressionando os custos de energia e dando mais justificativas para um grande aumento dos juros pelo Banco Central Europeu em 8 de setembro.

PIB também foi pauta

Por fim, durante o evento, Campos Neto também falou sobre a recente divulgação da alta de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto). Ele disse que “acredita que vamos ter revisões para cima de crescimento” e ressaltou que somos exceções, pois os países estão revisando suas projeções de crescimento para baixo.

Causa e Efeito | 23.09.22

Causa e Efeito | 02.09.22

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Tempo do áudio e leitura: 4 mins

Família Portofino,

O mercado financeiro global passou por um choque de realidade na última semana, após o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), em Jackson Hole. A fala de Powell serviu como água no chopp dos agentes econômicos que apostavam que a batalha contra a inflação americana seria uma “mão na roda”. Em seu discurso, o presidente do Fed foi enfático sobre o combate à inflação e o aumento de juros, o que amenizou os ganhos do Ibovespa em agosto.

Neste sentido, o atual panorama mostra uma economia global que se aproxima de uma desaceleração e recessão, acompanhada do mais duro posicionamento do Federal Reserve dos últimos 15 anos. Contudo, o mercado ficou quase dois meses, até meados de agosto, com uma forte alta impulsionada pela temporada de resultados acima do esperado, um balanço de expectativas mais favoráveis e menor posicionamento em ativos de risco por parte dos gestores de hedge funds no mundo. Esse conjunto de fatores abriu espaço para a retomada do apetite a risco. Mesmo com forte alta, era perceptível uma grande apreensão  sobre a duração desse ciclo, até abrindo espaço para a busca de proteção e ativos seguros, dentre eles, o dólar.

O céu de brigadeiro ficou para trás

Como já é de praxe no mercado, devemos considerar a assimetria de riscos. Em outras palavras, ver o quanto podemos ganhar em relação ao tamanho do risco presente. Dado isso, alguns vetores que suportaram a forte alta já se esvaíram, tendo fim na fala de membros do Fed que se mostraram desconfortáveis com o recente afrouxamento das condições financeiras.

Daqui para frente tudo indica que teremos uma maior volatilidade e todas as coordenadas, sem um novo fato ou direcionamento, indicam que a curta e recente temporada de céu de brigadeiro já ficou para trás. As posições de maior risco enfrentarão piora na relação de risco-retorno no curto prazo. Além disso, no cenário local, as eleições “começaram para valer” e devemos observar de perto o barulho que elas farão nos próximos meses.

Os resultados da grande maioria dos nossos portfólios no mês de agosto foram positivos.
Mas, ao projetar setembro, prevemos que este mesmo cenário de alta pode não se repetir. Dado isso, o nosso objetivo é suavizar os ciclos de alta frequência em nossas posições aumentando a nossa exposição direcional em bolsa, e ao mesmo tempo, buscando uma operação para proteção em eventuais quedas.

De olho nas notícias

O IBGE divulgou, na quinta-feira (1), o PIB do Brasil no 2º trimestre de 2022. O resultado foi um crescimento de 1,2% no período na comparação com os três primeiros meses do ano. Na relação anual, a alta foi de 3,2%, ambos os resultados acima dos projetados pelo mercado. Desta forma, a atividade econômica brasileira encerrou o primeiro semestre com alta de 2,5%. Uma notícia que apesar da previsão nada otimista para Setembro, mostra que mesmo timidamente, o pulso de nossa economia ainda pulsa.

Até a próxima!

Eduardo Castro é CIO (Chief Investment Officer) na Portofino Multi Family Office.

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